Embora tenha mudado, o ex-rebelde de 64 anos defendeu � AFP que continua "sendo um revolucion�rio", e expressou seu desejo de vencer as elei��es locais de domingo e se tornar prefeito de Puerto Berr�o, no centro-norte.
Ele abandonou o cabelo escuro, tirou o bon� estilo Che Guevara, perdeu sua figura atl�tica e deixou a ambi��o de tomar o poder � for�a no passado, quando alcan�ou o topo do maior grupo insurgente da Am�rica.
"Estamos tentando (...) fazer transforma��es a partir do compromisso que assumimos ao assinar o acordo de paz" em 2016, defendeu.
Devido ao acordo, as Farc garantiram 10 cadeiras no Congresso por duas legislaturas - de 2018 at� 2026 -, sem a necessidade de voto popular, e nenhum ex-chefe havia se candidatado a nenhum cargo eletivo.
Hoje, Alape aspira ao cargo de prefeito em sua cidade natal no departamento de Antioquia, uma regi�o ao longo do rio Magdalena que foi palco de conflitos entre rebeldes e paramilitares de extrema direita nas d�cadas de 1980 e 2000.
Ele retorna com uma apar�ncia mais amig�vel, fazendo o gesto da vit�ria em dezenas de cartazes pol�ticos, e como o primeiro membro do Secretariado - antiga lideran�a das Farc - a se candidatar.
Com o apoio da esquerda no poder, Alape se apresenta nas elei��es de domingo, onde tamb�m ser�o escolhidos governadores, deputados regionais e outras autoridades locais.
Cr�ticos do acordo veem sua candidatura com desconfian�a e argumentam que o tribunal de paz ainda n�o definiu sua responsabilidade pelos mais de 21.000 sequestros imputados em 2022 ao Secretariado. Alape pediu desculpas, entre l�grimas, na �poca.
"Isso � um processo, (sab�amos) que n�o era s� chegar e imediatamente as pessoas nos receberiam, dada toda a realidade de um longo conflito. Estamos avan�ando (...), o fato de estar assim em minha cidade j� � um progresso", diz Alape em seu encerramento de campanha.
- Retornar -
Andando lentamente e cercado por seguran�as, Alape percorre as ruas e ouve as pessoas sob o lema "O povo manda e deve ser obedecido". Ele � apoiado pelo Pacto Hist�rico, uma coaliz�o liderada pelo tamb�m ex-guerrilheiro e presidente Gustavo Petro, e pelo partido Comunes, que surgiu a partir do acordo que desarmou cerca de 8.000 combatentes.
As elei��es de 29 de outubro ser�o cruciais para os ex-guerrilheiros, que lutam para conquistar a confian�a do eleitorado e s�o alvo de viol�ncia. Nas duas �ltimas elei��es legislativas, o Comunes obteve menos de 1% dos votos.
Desta vez, 144 candidatos do partido se apresentar�o, sete deles para cargos de prefeito, mas alguns simpatizantes preferem evitar seu apoio para evitar estigmatiza��o ou ataques.
Dos que assinaram o acordo, mais de 350 foram mortos por dissidentes das Farc, que retomaram as armas, o narcotr�fico e at� membros das for�as de seguran�a, de acordo com o Minist�rio P�blico.
Aos 20 anos, assustado com o assassinato de pol�ticos e camponeses de esquerda, ele deixou Puerto Berr�o e juntou-se �s Farc - quando o rio Magdalena j� era um cemit�rio de paramilitares, �s vezes aliados das for�as do estado. V�rios de seus parentes foram assassinados.
Na passeata, Alape pedala com jovens e antigos amigos - ex-companheiros de armas, hoje l�deres do partido que come�ou como Farc e depois abandonou as siglas de guerra.
- Futuro incerto -
Embora a maioria das Farc tenha entregado suas armas, alguns rejeitaram o acordo e formaram grupos dissidentes com mais de 5.200 combatentes. O governo de Petro est� em negocia��o com eles e outros grupos armados.
Enquanto isso, o futuro do Comunes � incerto, sete anos ap�s sua cria��o.
Alape, que recusou ser congressista para fazer "pol�tica desde a base", deseja quebrar a sequ�ncia de fracassos eleitorais, mas n�o tem sido f�cil.
Durante a campanha, seus jovens colaboradores foram amea�ados. "Disseram a eles 'vamos destru�-los, se esse senhor ganhar, n�s nos armaremos'", relata. Pessoas pr�ximas afirmam que, �s vezes, o chamam de "guerrilheiro" e "assassino".
Para Rafael Quishpe, pesquisador do conflito colombiano, o Comunes "n�o est� fadado a desaparecer".
Eles "come�aram a criar um espa�o para novas milit�ncias, jovens, que podem capitalizar votos em futuras elei��es" para competir com os partidos tradicionais, acrescenta.
Em 2019, um ex-Farc conhecido como Juli�n Conrado foi eleito prefeito de Turbaco, no norte, embora tenha se candidatado por outro movimento pol�tico.
O senador do Comunes, �mar Restrepo, destaca que o fato de Pastor ser o primeiro do Secretariado a buscar o poder local "� significativo para n�s... N�o � f�cil, porque viemos de uma forma diferente de luta, mas estamos nos adaptando".
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BOGOT�
Pastor Alape, de ex-comandante das Farc a pol�tico na Col�mbia
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