Netanyahu descarta cessar-fogo com Hamas em Gaza, onde combates se intensificam

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descartou, nesta segunda-feira (30), qualquer cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde o Ex�rcito avan�a "metodicamente" e os combates terrestres se intensificam em resposta ao ataque do movimento islamista Hamas contra Israel h� tr�s semanas.

Os ataques a�reos e as opera��es terrestres israelenses se intensificaram desde sexta-feira, com o objetivo de "aniquilar" esse movimento islamista palestino e resgatar os 239 ref�ns capturados durante o ataques de 7 de outubro, que deixou cerca de 1.400 mortos em Israel.

Os bombardeios de repres�lia de Israel provocaram mais de 8.300 mortos em Gaza, incluindo 3.457 crian�as, segundo o �ltimo balan�o das autoridades de Sa�de do territ�rio palestino governado pelo Hamas desde 2007.

As for�as armadas "ampliaram sua entrada terrestre na Faixa de Gaza. Est�o fazendo isso por etapas moderadas e muito potentes, avan�ando metodicamente passo a passo", declarou o dirigente israelense ap�s uma reuni�o de seu gabinete de guerra.

"Os chamados para um cessar-fogo s�o chamados para Israel se render ao Hamas. Isso n�o vai acontecer", afirmou Netanyahu.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, concordaram que um cessar-fogo n�o era "a resposta adequada no momento", mas propuseram "pausas humanit�rias", disse o porta-voz do Conselho de Seguran�a Nacional, John Kirby.

- "Necessidades humanit�rias in�ditas" -

Na Faixa de Gaza, 2,4 milh�es de palestinos vivem sob "ass�dio total" desde 9 de outubro. H� escassez de �gua, comida, medicamentos e combust�vel.

O aumento dos bombardeios na sexta-feira coincidiu com um corte das telecomunica��es, mas a rede foi gradualmente restabelecida ao longo do fim de semana.

Desde 21 de outubro, Gaza recebeu 117 caminh�es de ajuda com �gua, alimentos e produtos m�dicos, segundo a OCHA, a ag�ncia humanit�ria da ONU.

A Casa Branca estima ser poss�vel chegar "nos pr�ximos dias" a "100 caminh�es por dia", disse Kirby.

Por outro lado, a ag�ncia da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), a ajuda recebida at� agora � "nada", levando em considera��o "as necessidades humanit�rias in�ditas" de Gaza, denunciou nesta segunda-feira seu diretor, Philippe Lazzarini.

A UNRWA informou, no fim de semana, que milhares de pessoas haviam saqueado v�rios de seus centros em busca de farinha e produtos de higiene.

O escrit�rio de Netanyahu disse nesta segunda-feira que os comboios de ajuda s�o "controlados e inspecionados pelo pessoal de seguran�a israelenses" e "entregues atrav�s do Egito".

"Estes comboios est�o destinados � popula��o civil. Se for provado que s�o tomados pelo Hamas, ser�o interrompidos", acrescentou.

A situa��o dos hospitais, com milhares de pacientes e civis que procuraram abrigo, � especialmente preocupante. A ONU denunciou que dez centros m�dicos do norte de Gaza receberam advert�ncias de evacua��o de Israel.

"� imposs�vel evacuar hospitais cheios de pacientes sem colocar suas vidas em risco", afirmou o chefe da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A ONG M�dicos do Mundo denunciou que esses profissionais sanit�rios s�o obrigados a "operar no ch�o" e realizar ces�rias ou amputa��es "sem anestesia" por falta de material.

Diante da escassez de �gua pot�vel, "as pessoas bebem �gua do mar, os funcion�rios da minha equipe est�o com diarreia, seus filhos estar�o desidratados em alguns dias", disse seu vice-presidente, Jean-Fran�ois Corty.

- Liberta��o "imediata e sem condi��es" -

Nesta segunda-feira, "dezenas" de tanques israelenses realizaram uma incurs�o nas imedia��es do distrito de Zeitun, na periferia da Cidade de Gaza, indicaram testemunhas.

O Ex�rcito israelense indicou que bombardeou mais de 600 alvos nas �ltimas 24 horas e reivindicou que seus soldados mataram "dezenas" de combatentes em enfrentamentos.

Em Jerusal�m, as sirenas de alerta antia�reo soaram e foram ouvidas detona��es.

Israel est� pendente do destino dos mais de 230 ref�ns capturados pelo Hamas. O movimento palestino publicou hoje um v�deo que mostra tr�s mulheres apresentadas como ref�ns. Uma delas pede a Netanyahu que aceite uma troca de prisioneiros para obter sua liberta��o.

Sob press�o crescente, o mandat�rio israelense tachou o v�deo de "propaganda psicol�gica cruel" e afirmou que o mundo deve pedir a liberta��o "imediata e sem condi��es" dos ref�ns.

O Ex�rcito anunciou nesta segunda-feira ter resgatado Ori Megidish, uma soldado sequestrada e mantida como ref�m pelo grupo islamista desde o violento ataque em solo israelense. At� agora, quatro mulheres foram libertadas pelo Hamas.

- Temor de escalada regional -

A "nova fase" da guerra, anunciada pelo ministro da Defesa israelense no s�bado, aumenta a preocupa��o de uma escalada regional. Na fronteira com o L�bano, multiplicam-se os enfrentamentos com o grupo Hezbollah.

Na fronteira com o L�bano, os confrontos com o grupo Hezbollah se multiplicam. O Ex�rcito israelense anunciou na noite desta segunda-feira que bombardeou "infraestruturas" desta organiza��o.

O primeiro-ministro liban�s, Najib Mikati, afirmou, em uma entrevista � AFP, que estava fazendo o poss�vel para evitar que seu pa�s entrasse "na guerra".

A viol�ncia tamb�m aumenta na Cisjord�nia ocupada, onde a Autoridade Palestina reportou 120 mortos desde 7 de outubro.

Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin acusou os Estados Unidos de ser respons�vel pelo "caos mortal" no Oriente M�dio.