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Estado de Minas

'Presas com agressores': o estupro e morte de uma menina boliviana e os riscos aos menores em quarentena

Esther foi estrangulada e seu corpo jogado no meio da rua; segundo especialista, crian�as e adolescentes sofrem perigo em confinamento.


postado em 13/07/2020 13:46

Estupro e assassinato de menor chocou Bolívia(foto: Getty Images)
Estupro e assassinato de menor chocou Bol�via (foto: Getty Images)

Esther ficou em casa para cuidar de sua irm� mais nova porque sua m�e havia sa�do para vender frutas.

Horas depois, seu corpo sem vida foi encontrado a poucos metros dali, abandonado em uma esquina.

O caso aconteceu na Bol�via em 5 de julho. Pouco tempo depois, verificou-se que a menina de nove anos de idade n�o s� havia sido morta, mas tamb�m estuprada.

A indigna��o dos moradores do humilde bairro na cidade de El Alto, vizinha � capital La Paz, que encontraram a menor ca�da no ch�o rapidamente provocou como��o no pa�s e levou o governo a pedir m�xima puni��o aos envolvidos.

A viol�ncia cometida contra Esther � parte de um contexto tr�gico naquele pa�s - e na Am�rica Latina.

Essa � a opini�o da representante do Fundo das Na��es Unidas para a Popula��o (Unfpa) na Bol�via, Celia Taborga.

Em entrevista � BBC News Mundo, o servi�o de not�cias em espanhol da BBC, ela explica que o caso da menina assassinada em El Alto � uma amostra da vulnerabilidade sofrida por muitas meninas e adolescentes no pa�s sul-americano.

Uma situa��o de inseguran�a que por causa do confinamento decorrente da pandemia de coronav�rus aumentou a tal ponto que menores, nas palavras de Taborga, "s�o for�adas a conviver com seus agressores".

Principal réu no assassinato de Esther se declarou culpado na quinta-feira(foto: ABI)
Principal r�u no assassinato de Esther se declarou culpado na quinta-feira (foto: ABI)

O crime

A ira dos vizinhos da fam�lia de Esther chegou a tal ponto que centenas deles cercaram uma casa onde se acreditava que um dos autores do crime estava escondido.

A menina morava com a m�e e duas irm�s mais novas em um im�vel onde s�o alugados pequenos apartamentos ou quartos.

Dois dias ap�s o assassinato, o agressor foi capturado porque uma menina de 12 anos, que alegou t�-lo visto atirar o corpo da v�tima, o identificou.

O suspeito, Zenon M., foi condenado na quinta-feira (9) a 30 anos de pris�o, pena m�xima na Bol�via, depois de confessar que assassinou Esther com a ajuda de um c�mplice.

O ministro de Governo da Bol�via, Arturo Murillo, confirmou a not�cia em sua conta no Twitter:

Autoridades de segurança apresentaram suspeito de cometer crime a jornalistas(foto: ABI)
Autoridades de seguran�a apresentaram suspeito de cometer crime a jornalistas (foto: ABI)

Dias antes, a presidente interina da Bol�via, Jeanine ��ez, havia pedido � Justi�a que n�o descansasse at� que colocasse os culpados atr�s das grades.

��ez parabenizou a pol�cia pela "r�pida pris�o do principal suspeito pelo estupro e assassinato da menina Esther na cidade de El Alto".

A aut�psia determinou que Esther morreu de estrangulamento e que havia sido abusada sexualmente antes do dia de sua morte.

Outros tr�s homens tamb�m foram presos e ser�o julgados por cumplicidade e por terem encoberto o que aconteceu.

Manifestações contra a violência de gênero são frequentes na Bolívia(foto: Getty Images)
Manifesta��es contra a viol�ncia de g�nero s�o frequentes na Bol�via (foto: Getty Images)

O perigo da quarentena

O caso recebeu ampla cobertura na m�dia e gerou como��o nacional.

Na opini�o de Celia Taborga, da Unfpa, v�rios casos semelhantes t�m menos destaque ou nem s�o registrados no pa�s.

"H� subnotifica��es, n�o apenas por causa da quarentena, mas porque a viol�ncia sexual nem sempre � denunciada. Realmente, n�o temos ideia da amplitude da viol�ncia sexual sofrida por meninas na Bol�via", diz ela.

As autoridades e for�as de seguran�a bolivianas realizaram uma entrevista coletiva a jornalistas para apresentar o homem que se declarou culpada pela morte de Esther.

Muitos vizinhos compareceram ao funeral de Esther em 7 de julho(foto: Freddy Barragán/Página Siete)
Muitos vizinhos compareceram ao funeral de Esther em 7 de julho (foto: Freddy Barrag�n/P�gina Siete)

Taborga, citando dados do sistema de sa�de boliviano, destacou que neste ano a Bol�via registrou, em m�dia, quatro gesta��es de crian�as menores de 15 anos por dia.

"E s�o apenas os casos de abuso sexual que terminam em gravidez. Mais de 90% desses casos s�o produto de estupro, n�o s�o gesta��es desejadas, � viol�ncia sexual. E o que acontece com as que n�o engravidam?", questiona.

O governo boliviano decretou quarentena em meados de mar�o para conter a expans�o do coronav�rus e nas �ltimas duas semanas restri��es foram relaxadas em algumas cidades, apesar de o n�mero de casos confirmadas por dia continuar aumentando.

"Por causa da quarentena, as menores est�o vivendo com seus agressores. Elas est�o presas com seus estupradores", adverte Taborga.

A especialista acrescenta que o problema n�o afeta apenas meninas e adolescentes, mas mulheres em geral.

A Procuradoria-Geral da Bol�via informou que, nos dois primeiros meses da quarentena, foram registrados 2.935 casos de viol�ncia contra mulheres, incluindo agress�es, abusos, estupros e estupros de menores.

No entanto, o �rg�o reconheceu que os n�meros podem ser muito maiores, pois � prov�vel que "devido �s medidas de emerg�ncia de sa�de, as v�timas n�o tenham conseguido registrar a den�ncia".

Segundo dados da Comiss�o Econ�mica para a Am�rica Latina (Cepal) de 2019, a Bol�via foi o pa�s em que mais mulheres foram assassinadas na Am�rica do Sul.

E os n�meros do primeiro semestre de 2020 (53 assassinatos) excedem os do mesmo per�odo do ano anterior.

O dilema por tr�s do caso

Em meio �s milhares de mensagens de rep�dio ao que aconteceu, um pequeno n�mero de usu�rios questionou nas redes sociais por que a m�e de Esther a deixou sozinha com sua irm� menor em casa.

Ocorre que a fam�lia da menina, assim como quase 60% da Bol�via, vive de trabalho informal.

E foi uma das muitas que quase ficaram sem renda durante as longas semanas de quarentena r�gida.

60% dos bolivianos estão na informalidade(foto: Freddy Barragán/Página Siete)
60% dos bolivianos est�o na informalidade (foto: Freddy Barrag�n/P�gina Siete)

� por isso que a flexibiliza��o das restri��es significou para muitos comerciantes e vendedores ambulantes a oportunidade de recuperar parte do que foi perdido.

Entre elas, a m�e de Ester, que no �ltimo domingo saiu para vender frutas, mesmo com o risco de contrair coronav�rus, porque era a �nica maneira de sustentar as filhas.


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