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Estado de Minas

Infla��o para fam�lias mais pobres � 10 vezes maior que para mais ricas em 2020

Infla��o para as fam�lias com menor renda domiciliar acumula uma alta de 2,5% de janeiro a setembro. Ao mesmo tempo, a taxa para a classe de renda mais alta � de apenas 0,2%. Essa diferen�a � explicada principalmente pelo aumento expressivo de pre�os de alimentos.


22/10/2020 06:50 - atualizado 22/10/2020 07:01

(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

O aumento de pre�os para as fam�lias brasileiras mais pobres foi mais de 10 vezes maior que a alta sentida pelas pessoas mais ricas de janeiro at� setembro de 2020.

Nos nove primeiros meses do ano, a infla��o para as fam�lias com menor renda acumula uma alta de 2,5%. Ao mesmo tempo, a taxa para a classe de renda mais alta � de 0,2%.

Os dados s�o do indicador do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) de infla��o por faixa de renda, que em setembro registrou acelera��o dos pre�os em todas as classes pesquisadas.

Esse indicador divide as fam�lias brasileiras em seis faixas de renda e avalia como a infla��o afeta, m�s a m�s, cada um desses grupos.

De acordo com a classifica��o da pesquisa, as fam�lias de renda muito baixa s�o as que t�m ganho domiciliar menor que R$ 1.650,50. E as fam�lias classificadas como de renda alta s�o aquelas cujo ganho domiciliar � superior a R$ 16.509,66.

Conta do mercado mais cara

A explica��o para essa diferen�a no peso da infla��o para fam�lias ricas e pobres est� principalmente no aumento expressivo de pre�os de alimentos neste ano.

O brasileiro viu diversos pre�os no mercado subirem nos �ltimos meses apesar de v�rios alimentos terem ficado mais caros, o arroz ganhou destaque.

Economistas apontam que houve um aumento da procura pelo produto dentro do pa�s, com as pessoas se alimentando mais em casa e com o pagamento do aux�lio emergencial, ao mesmo tempo em que a demanda no exterior ficou aquecida, j� que alguns pa�ses viram parte da cadeia de alimentos ser afetada pelas condi��es clim�ticas ou pela pr�pria pandemia.

Junto com isso, a forte desvaloriza��o do real nos �ltimos meses, que torna os produtos brasileiros mais baratos para quem compra em d�lar, tem estimulado ainda mais as exporta��es.

"Estamos com o c�mbio muito desvalorizado e muitos dos nosso produtos usam insumos importados, como a farinha do p�o. Ao mesmo tempo, fica muito competitivo vender para fora do pa�s, e isso vai criando restri��o de produtos dentro do pa�s que obviamente v�o afetar o pre�o", explica a economista Vivian Almeida, professora do Ibmec.

De janeiro a setembro de 2020, a alta nos alimentos em domic�lio � de 9,2%. O boletim do Ipea destaca os impactos dos aumentos no arroz (41%), feij�o (34%), leite (30%) e �leo de soja (51%).

Peso no or�amento

De janeiro a setembro, os alimentos no domicílio tiveram alta de 9,2%. O arroz subiu 41% nesse período e o feijão, 34%(foto: Getty Images)
De janeiro a setembro, os alimentos no domic�lio tiveram alta de 9,2%. O arroz subiu 41% nesse per�odo e o feij�o, 34% (foto: Getty Images)

A alta de pre�os no mercado n�o � novidade, mas o ponto importante � que esse encarecimento � sentido de forma diferente pelas fam�lias, dependendo da propor��o do or�amento que elas destinam para comprar arroz, feij�o e outros alimentos.

"A infla��o dos mais pobres � muito pressionada pela varia��o de alimentos. Quando voc� olha a cesta de consumo das fam�lias mais pobres, elas consomem menos bens do que as fam�lias mais ricas, ent�o o alimento acaba ganhando um peso maior", explica a economista Maria Andreia Lameiras, respons�vel pelo Indicador Ipea de Infla��o por Faixa de Renda.

Segundo ela, os mais pobres gastam quase 30% do or�amento da fam�lia com alimentos em domic�lio. Ao mesmo tempo, as fam�lias mais ricas gastam uma parcela menor em torno de 10% da renda com alimentos em domic�lio.

Com um or�amento maior, parte do dinheiro das fam�lias mais ricas vai para gastos que fam�lias mais pobres nem tem acesso, como plano de sa�de, seguro de carro e mensalidade escolar.

De janeiro a setembro, os chamados servi�os livres registraram defla��o de 0,05%. Houve quedas de 55% nas passagens a�reas, de 9% nos pre�os de hospedagem e de 1,7% nas mensalidades de creches.

O relat�rio do Ipea aponta que essa desacelera��o dos pre�os de servi�os traz um al�vio maior para a faixa de renda mais alta, que costumava gastar uma parcela de seu or�amento com esses itens.

Algumas fam�lias com or�amentos maiores inclusive conseguiram economizar em 2020, ao eliminar ou reduzir gastos com alimenta��o fora de casa ou compra de bens como roupas, conforme aponta Vivian Almeida. "N�o � estranho ver quem ganha maiores sal�rios dizendo que aumentou a capacidade de poupan�a."

Na pr�tica, essa mudan�a de h�bitos gerada pela pandemia de coronav�rus tamb�m acaba afetando (ainda que temporariamente) a chamada cesta de consumo de cada faixa de renda. Por exemplo: uma fam�lia que costumava gastar com duas viagens por ano, pode n�o ter viajado neste ano.

E o resultado � que as propor��es comumente utilizadas para definir a cesta de consumo de cada grupo pode n�o representar exatamente os h�bitos durante a pandemia. � prov�vel que a maioria das fam�lias (de diferentes faixas de renda) esteja consumindo mais refei��es em casa, por exemplo.

"Provavelmente essa fam�lia mais pobre que a gente diz que gasta 30% com alimentos pode estar gastando mais. E os mais ricos, que achamos que gastam 10%, provavelmente est�o gastando mais tamb�m, porque trocaram alimenta��o fora do domic�lio por alimenta��o em domic�lio", aponta Lameiras.

A economista aponta que n�o � poss�vel quantificar essa mudan�a sem uma pesquisa de campo, mas destaca que a diferen�a entre as fam�lias mais pobres e as mais ricas se mant�m.

"Todo mundo mudou seus h�bitos de consumo durante a pandemia, mas a diferen�a vai sempre continuar porque os mais pobres v�o sempre consumir uma parcela maior da sua renda com alimentos do que os mais ricos", explica Lameiras.

Entre as quedas de preço em serviços estão as passagens aéreas, com redução de 55% no acumulado do ano até setembro(foto: Getty Images)
Entre as quedas de pre�o em servi�os est�o as passagens a�reas, com redu��o de 55% no acumulado do ano at� setembro (foto: Getty Images)

Diferen�a menor em 2021

E o que esperar para os pr�ximos meses?

Lameiras diz que a alta nos pre�os de alimentos deve continuar nos pr�ximos meses e, por isso, a infla��o para os mais pobres n�o deve recuar logo.

"Pode at� diminuir um pouco o ritmo de crescimento (da infla��o para os mais pobres), mas vai continuar acima dos mais ricos porque a gente n�o v� at� o final do ano um al�vio vindo dos pre�os de alimentos."

Para 2021, a economista diz esperar uma redu��o na diferen�a entre infla��o dos mais ricos e a dos mais pobres.

"Esperamos que essa disparidade entre oferta e demanda de alimentos melhore. E, com retorno da atividade econ�mica, esperamos que servi�os, que ca�ram tanto, comecem a mostrar rea��o. Ent�o a ideia � que a gente tenha menos press�o de alimentos em 2021 e aumento maior da infla��o de servi�os. Isso vai fazer com que o gap (diferen�a) entre mais pobres e mais ricos comece a diminuir. Mas por um bom tempo vamos ter infla��o dos mais pobres acima."

Para tentar conter alta de pre�o, o governo anunciou em setembro que decidiu zerar a al�quota do imposto de importa��o para o arroz em casca e beneficiado at� 31 de dezembro. J� em outubro, o governo decidiu zerar a al�quota do imposto de importa��o tamb�m para soja e milho.


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