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Estado de Minas

Covid-19: o colapso de sa�de que levou multid�es �s ruas e amea�a presidente do Paraguai

O pa�s era considerado bom exemplo no combate � pandemia, mas agora a situa��o do sistema de sa�de atingiu um momento cr�tico.


09/03/2021 14:35

Manifestantes incluem profissionais de saúde e familiares de vítimas de covid(foto: Reuters)
Manifestantes incluem profissionais de sa�de e familiares de v�timas de covid (foto: Reuters)

Os paraguaios completaram na segunda-feira (08/03) quatro dias seguidos de protestos contra a falta de medicamentos e de insumos para o atendimento �s v�timas de coronav�rus e contra o governo do presidente Mario Abdo Ben�tez. A crise dos �ltimos dias j� derrubou o ministro da Sa�de e deu in�cio a movimenta��es de congressistas paraguaios para realizar o impeachment do presidente.

Abdo Ben�tez, que tomou posse em 2018 e no ano seguinte quase perdeu o cargo, voltou a estar na mira da oposi��o, de sua pr�pria sigla (o Partido Colorado) e das ruas.

Deputados do opositor Partido Liberal Radical Autentico (PLRA) anunciaram que entrar�o, nesta ter�a-feira, na C�mara dos Deputados, com pedido de julgamento pol�tico do presidente para que ele seja afastado.

A nova crise pol�tica ocorre quando o pa�s registra uma escalada de casos de coronav�rus. Dos menos de cem casos di�rios que chegou a registrar, o vizinho do Brasil passou a ter cerca de 1,5 mil notifica��es da doen�a. A situa��o do sistema de sa�de nesta etapa da pandemia, um ano ap�s o registro do primeiro caso de covid-19, foi a "gota d'�gua", dizem analistas paraguaios, para a insatisfa��o popular.

As manifesta��es incluem pessoal de sa�de, familiares de v�timas de covid-19 e opositores do governo.

Pa�s com pouco mais de sete milh�es de habitantes, o Paraguai tem um dos sistemas de sa�de mais fr�geis da Am�rica do Sul, segundo levantamentos internacionais.

Com mais de 70% da popula��o dependente do carente sistema p�blico, o governo fechou suas fronteiras, incluindo com o Brasil, nos primeiros meses da pandemia e vinha sendo elogiado por setores paraguaios por evitar a calamidade vista em outros pa�ses da regi�o, como no Peru, na Bol�via e em cidades brasileiras, como Manaus.

O quadro mudou, quando surgiram os primeiros esc�ndalos de corrup��o, na pandemia, e quando as medidas restritivas para evitar a expans�o do v�rus passaram a ser relaxadas. Al�m disso, o agora ex-ministro da Sa�de, que � amigo de inf�ncia do presidente foi acusado por opositores de n�o realizar uma gest�o eficiente na pandemia.

"No Paraguai, faltam hospitais, postos de sa�de, insumos, e, inclusive, m�dicos. A situa��o do sistema de sa�de j� era assim antes da pandemia. Num primeiro momento, o governo tomou todas as medidas para evitar um colapso maior do sistema de sa�de com o coronav�rus.

Como era emerg�ncia, fez compras da China sem licita��o, surgiram den�ncias de irregularidades, as licita��es foram retomadas e a lentid�o na chegada dos insumos aumentou", disse � BBC News Brasil o analista pol�tico e econ�mico Fernando Masi, do Centro de An�lise e Difus�o da Economia Paraguaia (Cadep). O Paraguai dedica somente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) ao sistema de sa�de, quando a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), recomenda 6%, observou Masi.

Na sexta-feira, no primeiro dia de manifesta��es, o ministro da Sa�de, Julio Mazzoleni, deixou o cargo, e, no dia seguinte, o presidente anunciou a sa�da de tr�s outros ministros, al�m de informar, atrav�s de sua assessoria, que todos os ministros deveriam colocar o cargo � disposi��o.

"Sou uma pessoa de di�logo e n�o de confronta��o, e meu compromisso � ouvir a todos, prestando aten��o em todas as cr�ticas. Sou consciente que as pessoas esperam mudan�as e vou faz�-las", disse o presidente, no fim de semana. Depois de seu discurso, no s�bado, as manifesta��es prosseguiram.

Nesta segunda-feira, durante a transmiss�o da posse de dois novos assessores da Presid�ncia, atrav�s das redes sociais, os internautas escreviam 'Fuera Marito (como � conhecido o presidente)', 'Fuera in�tiles' ('Fora Marito' e 'Fora in�teis') 'Fuerza presidente' (For�a presidente), refletindo o ambiente social e pol�tico do vizinho do Brasil.

Nos quatro dias de protestos, os manifestantes sa�ram �s ruas com cartazes que diziam "governo corrupto" e pedindo a ren�ncia de Abdo Ben�tez. A onda de protestos come�ou na sexta-feira no centro de Assun��o, a capital paraguaia, quando a pol�cia reprimiu violentamente, deixando vinte e uma pessoas feridas e um homem, Alejandro Daniel Florent�n, de 32 anos, morto, segundo a imprensa local.

Profissionais de saúde foram às ruas protestar pela falta de insumos(foto: EPA)
Profissionais de sa�de foram �s ruas protestar pela falta de insumos (foto: EPA)

Impeachment

Com 29 votos, os oposicionistas n�o t�m os votos suficientes para o afastamento do presidente, j� que s�o necess�rios 53 votos para seu impeachment. Analistas indicam que a iniciativa do PLRA contribui para a press�o contra o presidente, mas "sem que ele caia, at� o momento".

O setor mais amplo, decisivo e influente do Partido Colorado, que � o Honor Colorado, ligado ao ex-presidente Horacio Cartes, antecessor de Abdo Ben�tez, j� teria decidido n�o apoiar o julgamento pol�tico do presidente.

Pol�tico influente na legenda, Cartes � empres�rio de diferentes ramos, incluindo cigarros e futebol, e com acusa��es de irregularidades. A porta da casa do ex-presidente tem sido um dos endere�os das manifesta��es em Assun��o, assim como o Congresso Nacional. Com sua influ�ncia no partido, em 2019, foi a postura de Cartes que respaldou e, depois, evitou o impeachment de Abdo Ben�tez, evidenciando as disputas internas do partido, segundo analistas locais.

Naquele processo de impeachment, que envolvia tamb�m o vice-presidente, o motivo foi um acordo assinado com o Brasil que renegociava a compra de energia da usina hidrel�trica binacional de Itaipu e que foi vista como "secreta" e "prejudicial" ao Paraguai.

Ap�s horas de tens�o e de expectativas, o acordo foi engavetado e Abdo Ben�tez permaneceu no cargo, depois do respaldo do Partido Colorado. Abdo Ben�tez foi eleito para mandato at� 2023 e, desta vez, segundo publicou o jornal ABC Color, de Assun��o, os 'cartistas', ligados ao ex-presidente, apoiam a continuidade do atual presidente, mas com a maior presen�a no governo, atrav�s de cargos.

"Co-governo de Marito e Cartes", publicou o di�rio na sua capa.

Diversos hospitais estão com 100% de lotação(foto: Reuters)
Diversos hospitais est�o com 100% de lota��o (foto: Reuters)

'M�scaras de ouro'

Um dos primeiros esc�ndalos apontando irregularidades foi o que ficou conhecido como 'Tapabocas de oro' ('M�scaras de ouro'), quando surgiram den�ncias de compras superfaturadas da prote��o contra o coronav�rus. As den�ncias, que acabaram na Justi�a, inclu�ram tamb�m a compra de leitos e outros insumos da China e levaram � destitui��o do diretor da Aeron�utica Civil.

Para tentar amenizar a falta de recursos para a pandemia, no ano passado, o governo de Abdo Ben�tez conseguiu empr�stimos com organismos internacionais e emitiu t�tulos no mercado financeiro, destinando US$ 600 milh�es ao sistema de sa�de.

Mas a acelera��o dos casos e a depend�ncia do sistema de sa�de p�blico, agora melhor preparado para a aten��o �s v�timas de coronav�rus, levou que at� quem tem plano de sa�de recorra aos hospitais p�blicos para aten��o contra a doen�a, de acordo com diretores de hospitais. Existem casos onde a ocupa��o de leitos chega a 100%, num dos momentos mais dram�ticos da pandemia no pa�s que registra, nos �ltimos dias, 1,5 milcasos de coronav�rus por dia, com um total superior a 165 mil infectados e mais de tr�s mil �bitos.

Nas manifesta��es, familiares das v�timas da doen�a contaram que, em muitos casos, elas mesmas devem comprar os medicamentos indicados e que n�o saem barato, informou a imprensa local.

Doa��es do Chile

Com poucos recursos em caixa e com problemas de d�vidas com a ind�stria farmac�utica local, como contaram fontes paraguaias, o Paraguai recebeu apenas quatro mil doses da vacina russa Sputnik V para o pessoal de sa�de e prometeu a chegada de quatro milh�es de doses pelo cons�rcio Covax Facility, ainda sem data exata para o desembarque.

Neste ambiente de incertezas, o Chile informou que enviar� vinte mil doses de vacinas para os paraguaios.

Pa�s com cerca de dezessete milh�es de habitantes, o Chile comprou, antecipadamente, no ano passado, imunizantes dos v�rios fabricantes, para vacinar a toda a sua popula��o - e at� mais. At� o m�s passado, c�lculos apontavam a aquisi��o de 35 milh�es de doses de vacinas contra covid. A meta do governo chileno � vacinar a toda a popula��o de risco ainda no primeiro semestre deste ano.


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