(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Raio-x da pandemia: o Brasil que Queiroga recebe de Pazuello

Novo ministro da Sa�de recebe pa�s com n�mero de casos e mortes em alta, UTIs lotadas, baixo isolamento social, taxa de vacina��o abaixo da ideal e nova variante mais transmiss�vel.


16/03/2021 16:34

O Brasil está em primeiro lugar dos países com mortes diárias por covid(foto: BBC)
O Brasil est� em primeiro lugar dos pa�ses com mortes di�rias por covid (foto: BBC)

No pior momento da pandemia, o Brasil chega a seu quarto ministro da Sa�de com 11,5 milh�es de casos e 279,3 mil mortes.

Nesta segunda-feira (15), Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro como substituto do general Eduardo Pazuello.

Foi a terceira troca desde o in�cio da pandemia.

O Brasil iniciou a pandemia tendo o m�dico Luiz Henrique Mandetta comandando o Minist�rio da Sa�de. Ele estava no cargo desde o in�cio do mandato de Bolsonaro e foi demitido em abril de 2020 por diverg�ncias quanto � estrat�gia de combate ao v�rus.

Mandetta foi substitu�do pelo tamb�m m�dico Nelson Teich, que comandou o minist�rio por menos de um m�s, at� renunciar em 15 de maio de 2020.

Bolsonaro decidiu, ent�o, nomear como interino o general Eduardo Pazuello, sem experi�ncia na �rea da sa�de, mas que era na ocasi�o secret�rio-executivo da pasta. Em setembro, ele foi confirmado oficialmente no posto.

Agora, Queiroga assume o �rg�o. Mas como est� a situa��o do Brasil?

1) N�mero de casos e mortes em alta

Na segunda-feira, o Brasil quebrou um novo recorde: o pa�s liderou o n�mero acumulado de casos e mortes no mundo nos sete dias anteriores, ultrapassando os Estados Unidos, segundo a OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de).

Foram 494.153 novos casos da doen�a causada pelo novo coronav�rus e 12.335 mortes no per�odo no Brasil, contra 461.190 e 9.381, respectivamente, nos Estados Unidos.

Na data, o Brasil tamb�m superou os EUA tanto em n�mero de casos quanto em mortes.

Foram 85.663 casos e 2.216 mortes no Brasil contra 62.840 e 1.388 nos EUA, respectivamente.

De acordo com a OMS, o Brasil � o segundo pa�s em n�mero total de casos confirmados e mortes, atr�s apenas dos EUA.

Desde o in�cio da pandemia de covid-19, foram 11.519.609 casos de infec��o e 279.286 mortes, contra 29.495.906 e 535.661 nos EUA, respectivamente.

A �ndia, que havia superado o Brasil em n�mero de casos, voltou a ser ultrapassada e tem o terceiro maior n�mero de infec��es confirmadas no mundo (11.409.831). J� o M�xico ocupa a terceira posi��o em n�mero de mortes (194.944).

Especialistas consideram que o Brasil passa pelo pior momento da pandemia. Nos �ltimos dias, o pa�s vem registrando seguidos recordes de mortes di�rias.

Na semana passada, por exemplo, o Brasil teve mais mortes em um per�odo de 24h do que todo o continente asi�tico, cuja popula��o � mais de 20 vezes superior � brasileira.

Nos EUA, por outro lado, a pandemia d� sinais de arrefecimento. O pa�s tem o maior n�mero de doses administradas de vacinas contra covid-19 no mundo: mais de 107 milh�es. O presidente americano, Joe Biden, prometeu imunizar toda a popula��o at� julho.

O Brasil tamb�m tem a curva de mortes mais acelerada entre as na��es com mais �bitos por covid-19 no mundo.

Segundo dados da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford (Reino Unido), a m�dia m�vel de mortes de sete dias do Brasil vem acelerando desde 21 de fevereiro, quando atingiu 4,88 �bitos por 1 milh�o de pessoas. Nesta ter�a-feira (2/3), a taxa foi de 8,62 �bitos por 1 milh�o de pessoas, alta de 76,6%.

O pa�s segue, assim, na contram�o dos pa�ses com mais mortos por covid-19, como Estados Unidos, M�xico, �ndia e Reino Unido. Todos apresentam curva de �bitos descendente no mesmo per�odo e tamb�m nos �ltimos dias.

Gráfico mostra expansão de pandemia de covid-19 no mundo; nos países em marrom, como Brasil, pandemia está acelerando(foto: Imperial College London)
Gr�fico mostra expans�o de pandemia de covid-19 no mundo; nos pa�ses em marrom, como Brasil, pandemia est� acelerando (foto: Imperial College London)

Outro indicador que mostra que a pandemia no Brasil est� fora de controle � a taxa de reprodu��o do v�rus, tamb�m conhecida como Rt.

O Rt indica quantas pessoas em m�dia s�o infectadas por algu�m que j� est� contaminado pelo novo coronav�rus, o Sars-CoV-2. Ou seja, a partir dele, podemos saber se a pandemia est� desacelerando ou acelerando.

Quanto esse �ndice est� acima de 1, isso significa que a pandemia est� fora de controle.

Esse � caso do Brasil, com uma taxa de 1,13, segundo dados compilados pela universidade Imperial College, de Londres (Reino Unido).

Médico Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes é o quarto ministro da Saúde no governo Bolsonaro(foto: Sociedade Brasileira de Cardiologia)
M�dico Marcelo Ant�nio Cartaxo Queiroga Lopes � o quarto ministro da Sa�de no governo Bolsonaro (foto: Sociedade Brasileira de Cardiologia)

2) Baixa taxa de vacina��o

Apesar de ter administrado mais de 12 milh�es de doses de vacinas contra a covid-19, o Brasil tem uma taxa de vacina��o baixa: 5,6 doses para cada 100 pessoas, segundo dados da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford (Reino Unido).

Essa taxa � inferior � de Israel (109,66), o pa�s que mais vacinou at� agora, dos Estados Unidos (32,62), do Reino Unido (38,39) e inclusive � de vizinhos sul-americanos, como Chile (36,59) e Uruguai (6,11).

A maior parte dos pa�ses da Uni�o Europeia, que vem sendo criticada quanto ao ritmo de vacina��o de sua popula��o, tamb�m t�m taxas maiores do que a do Brasil, caso de Portugal (11,46), Espanha (12,07), It�lia (11,33) e Fran�a (10,85).

Um estudo recente da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) apontou que que Brasil precisa vacinar 2 milh�es por dia para controlar pandemia em at� um ano. A taxa atual varia entre 100 mil a 300 mil por dia.

Segundo a pesquisa, num ritmo m�dio de 100 mil pessoas imunizadas por dia, levaria mais de 2 anos para que 70% da popula��o fosse vacinada com uma vacina 50% eficaz, caso da CoronaVac.

As simula��es feitas pelos pesquisadores indicam que caso se mantenha uma taxa de imuniza��o entre 1 a 2 milh�es de pessoas por dia, cerca de 200 mil vidas brasileiras seriam salvas em um ano. Atualmente, a taxa de vacina��o no Brasil est� em torno de 330 mil pessoas por dia.

UTIs estão lotadas em vários Estados brasileiros(foto: Getty Images)
UTIs est�o lotadas em v�rios Estados brasileiros (foto: Getty Images)

3) UTIs lotadas

Na semana passada, um levantamento da Fiocruz mostrou que 20 Estados estavam com UTIs em "alerta cr�tico" e, em 13, a ocupa��o superava 90%.

Caso emblem�tico � o do Rio Grande do Sul que completou nesta segunda-feira (15) duas semanas de ocupa��o de leitos de UTI acima do limite operacional (lota��o de 109%).

O cen�rio � ainda mais grave na rede privada, com 133% das vagas ocupadas. No Sistema �nico de Sa�de (SUS), a taxa � de 100%.

Frente a essa situa��o, na �ltima sexta-feira, o Minist�rio da Sa�de publicou uma portaria que libera um total de R$ 188,2 milh�es para o financiamento de 3.965 novos leitos de UTI em munic�pios de 21 Estados os leitos tempor�rios ser�o custeados por 90 dias, com possibilidade de renova��o posterior.

O n�mero de leitos de UTI financiados caiu neste ano, pior momento da pandemia, em rela��o ao ano passado. Eram 11.565 leitos financiados/habilitados pelo governo federal em julho do ano passado, ante 3.372 at� o dia 9 de mar�o, segundo dados do Conass (Conselho Nacional dos Secret�rios de Sa�de).

Os Estados contemplados s�o: Alagoas, Amazonas, Bahia, Cear�, Esp�rito Santo, Goi�s, Maranh�o, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Para�ba, Pernambuco, Piau�, Paran�, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, S�o Paulo e Tocantins.

Bolsonaro vem sendo criticado por combate à pandemia de covid-19(foto: Reuters)
Bolsonaro vem sendo criticado por combate � pandemia de covid-19 (foto: Reuters)

4) Baixo isolamento social

Embora esteja passando pelo pior momento da pandemia, o Brasil tem um �ndice de isolamento social baixo: 34,8% segundo dados mais recentes da empresa Inloco, colhidos a partir de dados GPS e internet de celulares.

A t�tulo de compara��o, no fim de mar�o do ano passado, quando os casos confirmados e os �bitos n�o eram t�o altos, essa taxa era de 62,2%.

Especialistas dizem que sem medidas duras de restri��o � circula��o de pessoas, o Brasil dificilmente vencer� a pandemia, e o pa�s pode ver o surgimento de novas variantes do coronav�rus, e mais resistentes, o que pode dificultar ainda mais o trabalho dos profissionais de sa�de e aumentar o risco de cont�gio da popula��o.

Eles defendem um lockdown em n�vel nacional para reduzir o n�mero de casos e, por consequ�ncia o de mortes, evitando o colapso do sistema de sa�de.

"O Brasil tem que decretar um lockdown mais r�gido e correr com a vacina��o", disse Atila Iamarino, bi�logo e divulgador cient�fico, em entrevista recente � BBC News Brasil.

Infectologista e atual vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, em Washington, nos Estados Unidos, Denise Garrett concorda. Ela trabalhou por mais de 20 anos no CDC (Centro de Controle e Preven��o de Doen�as), �rg�o ligado ao Departamento de Sa�de dos Estados Unidos,

"O Brasil precisa de um lockdown estrito a n�vel nacional. Passou da hora de um lockdown a n�vel municipal ou estadual. E quando eu falo em lockdown, eu me refiro a n�o sair de casa, s� em caso de urg�ncia. De esvaziar as ruas, mesmo. S� funcionar servi�os essenciais", diz ela � BBC News Brasil.

No entanto, em entrevista � emissora CNN Brasil, o novo ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, descartou o lockdown como "pol�tica de governo" contra a covid-19. Segundo ele, confinamentos s� deveriam ser usados em "situa��es extremas".

"Esse termo de lockdown decorre de situa��es extremas. S�o situa��es extremas em que se aplica. N�o pode ser pol�tica de governo fazer lockdown. Tem outros aspectos da economia para serem olhados", disse.

5) Nova variante

Especialistas creditam a alta recente no n�mero de casos da covid-19 principalmente � variante P.1, inicialmente detectada em Manaus.

Estudos apontam que se trata de uma cepa mais transmiss�vel e que "dribla" o sistema imunol�gico, reinfectando quem j� se curou.

Segundo os especialistas, a nova variante surgiu uma vez que o Brasil deixou o v�rus "circular livremente".

"V�rus est�o sempre mutando. As muta��es que forem favor�veis a ele, quando n�o h� restri��o � transmiss�o, ser�o selecionadas e v�o predominar", explica Garrett.

O maior temor � que num ambiente onde a taxa de vacina��o � baixa e a taxa de transmiss�o � alta, como no Brasil, "podemos ter variantes que possam comprometer a efic�cia das vacinas".

"Eventualmente, e isso ainda n�o aconteceu, uma vez que as novas cepas est�o respondendo �s vacinas que protegem contra a forma mais grave da doen�a, podemos ter variantes que possam comprometer a efic�cia das vacinas".

"Claro que num ambiente onde a taxa de vacina��o � baixa e a taxa de transmiss�o � alta, como no Brasil, esse risco � muito mais elevado".

"Ningu�m est� seguro at� que todos estejam seguros. Nenhum pa�s vai se sentir seguro enquanto houver um pa�s como o Brasil, onde n�o h� nenhum tipo de controle", conclui ela, para quem o Brasil virou uma "amea�a global".


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)