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Estado de Minas

Brasil tem em 1 dia mais mortes por covid-19 do que 133 pa�ses em 1 ano de pandemia

Morre-se mais no Brasil de covid-19 do que em continentes inteiros: Europa, �sia, �frica, Oceania ou restante da Am�rica. Hoje, o Brasil tem 2,7% da popula��o mundial, mas concentra 37% das mortes no mundo.


07/04/2021 10:55

Brasil teve mais de 4 mil mortes diárias pela covid-19 pela primeira vez desde início da pandemia - mais que o dobro do recorde registrado há um mês(foto: Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images)
Brasil teve mais de 4 mil mortes di�rias pela covid-19 pela primeira vez desde in�cio da pandemia - mais que o dobro do recorde registrado h� um m�s (foto: Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images)

Em 6 de abril de 2021, o Brasil bateu um recorde tr�gico na pandemia, com 4.195 mortes por covid registradas em 24 horas. � mais que o dobro do registrado um m�s antes. Apenas os Estados Unidos superam essa marca. O patamar brasileiro de mortes em apenas um dia � t�o alto que supera o que 133 pa�ses registraram, separadamente, durante um ano inteiro de pandemia.

O Brasil tem 212 milh�es de habitantes. Estes 133 pa�ses somam 1,9 bilh�o de pessoas.

Nesse grupo h� de tudo um pouco. Em compara��o ao Brasil, h� na��es com quase a mesma popula��o (Nig�ria, com 206 milh�es), 30 pa�ses com mais de 20 milh�es de habitantes, 44 com maior �ndice de desenvolvimento humano (IDH), 33 com mais idosos, 49 com mais diab�ticos. S�o dados oficiais levantados pelo site Our World in Data, da Universidade de Oxford.

Um dos principais argumentos de quem nega a gravidade da pandemia no Brasil passa pelo tamanho da popula��o. Muitos afirmam que n�o seria justo comparar com pa�ses com menos habitantes em n�meros absolutos.

Vamos ent�o aos n�meros relativos: quantas mortes s�o registradas a cada 1 milh�o de habitantes? Atualmente, o Brasil � o sexto do ranking mundial, superado apenas por Hungria, B�snia e Herzegovina, Maced�nia do Norte, Bulg�ria e Montenegro. Todos t�m menos de 10 milh�es de pessoas.

Se essa compara��o levar em conta todas as mortes ocorridas na pandemia inteira, e n�o apenas a taxa atual, o Brasil est� em 18� no ranking, atr�s de na��es como B�lgica, It�lia, Reino Unido, Estados Unidos e M�xico.

Mas a situa��o brasileira est� piorando rapidamente: em janeiro, o pa�s ocupava a 24� posi��o.

Hoje, o Brasil tem 2,7% da popula��o mundial, mas concentra 37% das mortes que ocorrem no mundo. Morre-se mais no Brasil de covid-19 do que em continentes inteiros: Europa, �sia, �frica, Oceania ou no restante da Am�rica.

Covid mata mais no Brasil do que em todos os continentes inteiros. Brasil atingiu marca de 4.195 mortes em um dia, e concentra 37% dos óbitos no mundo.  *Oceania ficou de fora por não ter registrado mortes.

Segundo o Minist�rio da Sa�de, o n�mero de mortos por covid-19 no Brasil totaliza 336 mil. A cifra, no entanto, � desatualizada e incompleta. Por outro lado, dados tamb�m oficiais de hospitais brasileiros apontam que o n�mero de pessoas que morreram com casos confirmados ou suspeitos de covid-19 j� se aproxima hoje de 500 mil.

Em mar�o, haviam morrido mais pessoas de covid-19 no Brasil do que em 109 pa�ses juntos durante a pandemia inteira. E o m�s de abril sinaliza ser pior.

Todos os indicadores de sa�de do pa�s indicam que a trag�dia brasileira deve continuar piorando, com sistema de sa�de em colapso, vacina��o lenta, n�mero de casos graves aumentando e centenas de pessoas morrendo em filas diariamente � espera de vagas em hospitais.

A situa��o socioecon�mica tamb�m tem se agravado, com desemprego e infla��o crescentes. Ainda: pela primeira vez em 17 anos, mais da metade da popula��o n�o sabe se conseguir� ter comida no prato todos os dias. H� 19 milh�es de pessoas passando fome hoje no pa�s, segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Seguran�a Alimentar.

(foto: BBC)
(foto: BBC)

A Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirma ainda que a transmiss�o do v�rus e a letalidade da doen�a est�o em alta no pa�s. Falta de leitos, medicamentos e profissionais de sa�de tendem a ampliar o n�mero de mortos.

Segundo a Fiocruz, 19 Estados e o Distrito Federal t�m ocupa��o dos leitos de UTI superior a 90%. Isso levando em considera��o que a oferta de camas hospitalares j� � muito maior do que no in�cio da pandemia.

Para tentar conter a crise, a institui��o defende a ado��o de restri��es r�gidas � circula��o de pessoas por pelo menos duas semanas e de forma coordenada por governo federal, Estados e munic�pios.

"Coer�ncia e converg�ncia s�o fundamentais neste momento de crise, para que as medidas de bloqueio sejam efetivamente adotadas, de forma a sair do estado de colapso de sa�de e progredir para uma etapa de medidas de mitiga��o da pandemia, diminuindo o n�mero de mortes, casos e taxas de transmiss�o e efetivamente salvando vidas", afirma a Fiocruz em boletim.

(foto: BBC)
(foto: BBC)

Vacina��o lenta

H� diversas formas de comparar o ritmo de vacina��o entre os pa�ses. Em n�meros totais, o Brasil estaria na quinta posi��o, com 21 milh�es de doses distribu�das, atr�s de EUA (168 milh�es), China (142 milh�es), �ndia (83 milh�es) e Reino Unido (37 milh�es).

Mas, como mencionado acima, mesmo aqueles que minimizam a gravidade da situa��o defendem que as compara��es levem em conta o tamanho da popula��o.

E a�, nesse caso, o Brasil cai para a 15� posi��o global, com 8,1% da popula��o imunizada com pelo menos uma dose. O l�der � Israel, 61%.

Na Am�rica Latina, quem est� � frente � o Chile, com 37%. E mesmo com o avan�o expressivo da vacina��o por l�, o pa�s sul-americano tamb�m tem enfrentado um colapso no sistema de sa�de, o que indica que a conten��o da pandemia precisa ser associada a medidas eficazes de distanciamento social e uso universal de m�scaras capazes de evitar a infec��o.

A estrat�gia de lockdown e vacina��o acelerada juntos foi adotada por Israel e Reino Unido, dois dos pa�ses mais bem-sucedidos at� aqui em reduzir o n�mero de mortes e imunizar rapidamente a popula��o.

O ritmo de vacina��o no Brasil tem melhorado, mas est� longe da capacidade instalada do pa�s, reconhecido internacionalmente por programas massivos e eficazes de imuniza��o.

Desde 17 de janeiro de 2021, o Brasil s� superou duas vezes a marca de 1 milh�o de vacinados por dia. Mas isso ainda � menos da metade da meta brasileira. "N�s temos 37 mil salas de vacina��o no Brasil, que podem vacinar at� 2,4 milh�es de brasileiros todos os dias. Esse � o objetivo", afirmou o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, em audi�ncia na C�mara dos Deputados em 31 de mar�o de 2021.

A acelera��o das aplica��es esbarra em um problema mundial: a falta de vacinas.

No caso brasileiro, isso se agravou porque o governo Bolsonaro recusou sucessivas ofertas da Pfizer, apostou todas as fichas na vacina AstraZeneca-Oxford, boicotou a Coronavac por disputas pol�ticas com o governo de S�o Paulo e s� decidiu comprar outras vacinas quando a fila de pa�ses compradores j� "dobrava a esquina".

O cronograma atual do Minist�rio da Sa�de prev� a entrega de 154 milh�es de doses no primeiro semestre de 2021, considerando apenas vacinas aprovadas pela Anvisa: Coronavac, AstraZeneca-Oxford e Pfizer.

Isso seria suficiente para imunizar o grupo priorit�rio inteiro, mas n�o significa que todas essas 78 milh�es de pessoas estariam vacinadas antes de julho o Brasil tem conseguido aplicar apenas metade das doses dispon�veis e h� um intervalo de semanas entre a primeira e a segunda dose.

Al�m disso, em raz�o dos atrasos recorrentes de importa��es e entregas e da alta demanda internacional por vacinas, parte dos especialistas v� com ceticismo o cronograma de 154 milh�es de doses no primeiro semestre.

"Com o p� no ch�o, at� o meio do ano voc� vai ter uma vacina��o provavelmente de quem tem mais de 60 anos e provavelmente pode avan�ar um pouco mais na faixa dos 50 anos, incluindo tamb�m outros profissionais em risco. � isso que n�s vamos ter at� o meio do ano. Estamos falando de 40 ou 50 milh�es de pessoas. E 100 milh�es de doses de vacinas", afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, em entrevista ao jornal Valor Econ�mico em 4 de abril de 2021.

Cronograma previsto de entregas mensais de vacina contra covid-19. Em março, governo Bolsonaro mudou cinco vezes previsão de doses abaixo, em milhões.  .

� importante ter em mente que tudo pode mudar.

A tend�ncia, at� o momento, � que o in�cio da vacina��o dos adultos n�o priorit�rios deva acontecer pelo menos em meados do segundo semestre de 2021, enquanto a de jovens com menos de 25 anos deve acontecer s� em 2022.


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