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Estado de Minas

S�ndrome de burnout: como saber se voc� est� com esse problema

A pandemia levou muitos de n�s ao limite mas embora estejamos exaustos e sobrecarregados, especialistas alertam que isso n�o quer dizer que seja burnout.


07/05/2021 06:47 - atualizado 07/05/2021 12:31

A pandemia levou muitos de nós ao limite  estamos exaustos e sobrecarregados, o que não quer dizer que seja burnout(foto: Alamy)
A pandemia levou muitos de n�s ao limite estamos exaustos e sobrecarregados, o que n�o quer dizer que seja burnout (foto: Alamy)

Em v�rias ocasi�es, eu disse a mim mesma e a meus amigos e colegas que estava tendo um burnout.

Ganhar a vida como freelancer pode muitas vezes significar trabalhar muitas horas e tentar equilibrar v�rios pratinhos diferentes girando ao mesmo tempo.

Algumas vezes por ano, me deparo com uma barreira criativa: fico sem boas ideias e meu corpo s� pede uma soneca.

H� muito tempo, chamo isso de burnout. Mas eu estava errada.

Costumamos pensar no burnout como algo intang�vel uma daquelas coisas que n�o conseguimos definir e que s� sabemos quando sentimos.

Para ser diagnosticado com síndrome de burnout, a pessoa tem que apresentar três características: exaustão, sentimento de negatividade em relação a um trabalho e eficácia reduzida(foto: Getty Images)
Para ser diagnosticado com s�ndrome de burnout, a pessoa tem que apresentar tr�s caracter�sticas: exaust�o, sentimento de negatividade em rela��o a um trabalho e efic�cia reduzida (foto: Getty Images)

Agora, mais gente do que nunca pode estar se sentindo assim. Neste est�gio da pandemia, depois de mais de um ano tentando superar seus desafios, a sensa��o geral � de que todos n�s chegamos ao limite.

Mas existe uma defini��o cient�fica de burnout e padr�es para medi-lo.

E com base nesse crit�rio, muitas pessoas que acreditam estar com burnout inclusive eu , na verdade, n�o est�o.

Isso n�o significa que n�o estamos caminhando em dire��o a isso, e entender como medir realmente o burnout pode ajudar indiv�duos e organiza��es a mudar de rumo antes que seja tarde demais.

O que � (e n�o �) burnout

Em 1981, Christina Maslach, professora de psicologia da Universidade da Calif�rnia em Berkeley, nos EUA, desenvolveu o Maslach Burnout Inventory (MBI), para definir e medir a condi��o.

"O desafio � que as pessoas usam o termo para significar coisas diferentes", diz Maslach.

"� um termo apelativo, ent�o as pessoas o aplicam a todos os tipos de coisas. Mas ser� que estamos todos falando a mesma l�ngua?"

O MBI tenta esclarecer a quest�o avaliando o burnout com base em tr�s crit�rios: exaust�o ou total falta de energia, sentimento de cinismo ou negatividade em rela��o a um trabalho e efic�cia ou sucesso reduzido no trabalho.

Os entrevistados obt�m pontua��es em todas as tr�s �reas, que v�o da mais positiva � mais negativa. Um perfil de burnout requer uma pontua��o negativa em todas as tr�s �reas.

"H� uma tend�ncia a achar que se voc� pontuar negativamente em uma medida, voc� est� com burnout", afirma Maslach, mas esse � um uso incorreto do MBI.

O maior equ�voco em rela��o ao burnout � pensar que � o mesmo que exaust�o, acrescenta Michael Leiter, psic�logo organizacional baseado na Nova Esc�cia, no Canad�, e coautor junto a Maslach do livro The Truth About Burnout ("A verdade sobre o burnout", em tradu��o literal).

"As pessoas usam o burnout como sin�nimo de cansa�o e n�o entendem que existe uma diferen�a enorme entre esses dois estados", adverte.

Ele d� o exemplo dos obstetras, que costumam trabalhar em hor�rios ca�ticos.

"Eles est�o fazendo parto a qualquer hora da noite e est�o totalmente exaustos, mas est�o trazendo uma nova vida ao mundo e tornando a vida das pessoas melhor, e eles se preocupam com esse trabalho. Est�o sobrecarregados e exaustos, mas n�o � burnout."

H� v�rios outros casos que atendem a um dos crit�rios do MBI.

"O segundo maior grupo, depois das pessoas que est�o apenas exaustas, � daquelas que n�o est�o totalmente engajadas", diz Leiter.

"Elas v�o trabalhar, mas n�o � empolgante, s� paga as contas. H� outro grupo que � simplesmente c�nico. N�o se importa com a clientela ou com o trabalho."

H� ainda aqueles que podem apresentar baixa efic�cia, com carreiras paralisadas por um motivo ou outro.

Mas um n�mero menor de pessoas pode dizer que todas as tr�s condi��es se aplicam. Eu n�o posso.

Embora eu definitivamente tenha sentido exaust�o e at� mesmo um certo desinteresse, ainda amo o que fa�o e n�o me tornei c�nica em rela��o ao meu trabalho.

S�o necess�rios os tr�s exaust�o, cinismo e falta de efic�cia para se ter o que � cientificamente definido como burnout. A maioria de n�s n�o est� l�.

"N�o � uma epidemia; � diagnosticado em excesso", avalia Leiter.

Mas isso n�o significa que n�o haja um problema ou que as conversas sobre burnout n�o estejam aumentando por um motivo.

"As qualidades do burnout est�o em alta", admite Leiter.

"Sem d�vida, mais pessoas est�o indo nessa dire��o."

Burnout n�o � preto no branco

O burnout � um espectro, e a maioria de n�s est� nele.

No in�cio deste ano, quando o site de busca de empregos Indeed fez uma pesquisa com 1,5 mil trabalhadores americanos de todas as idades e setores, mais da metade relatou que estava sofrendo de burnout.

E mais de dois ter�os disseram que a pandemia piorou o burnout.

Essa pesquisa n�o usou o MBI, e � prov�vel que a maioria dos participantes tenha usado a defini��o coloquial de burnout, n�o a cient�fica.

Mas, embora o burnout o tipo definido por tr�s pontua��es negativas no MBI seja um perfil que Maslach diz que normalmente se aplica a 10% a 15% das pessoas, isso n�o significa que todas as outras estejam na outra extremidade do espectro.

Na verdade, a pesquisa mais recente de Maslach e Leiter identifica tr�s perfis intermedi�rios: sobrecarregado, ineficaz e desengajado.

Muita gente equipara a fadiga ao burnout, mas especialistas dizem que o burnout é um estado totalmente diferente da exaustão apenas(foto: Alamy)
Muita gente equipara a fadiga ao burnout, mas especialistas dizem que o burnout � um estado totalmente diferente da exaust�o apenas (foto: Alamy)

As evid�ncias sugerem que mais da metade dos profissionais se enquadra em um desses perfis, com uma pontua��o negativa forte em exaust�o, efic�cia ou cinismo.

Eles ainda n�o est�o com burnout mas est�o no caminho.

Para pessoas em diversas profiss�es, diz Leiter, as coisas s� pioraram como resultado da pandemia, com problemas de efic�cia se tornando especialmente opressores.

"Os professores t�m lutado para continuar ensinando e n�o se sentem realizados", diz ele.

"Eles simplesmente sabem que n�o est�o sendo os professores que eram antes, e isso � desanimador. O mesmo vale para os m�dicos. Melhorou, mas no in�cio n�o havia protocolos para lidar com a covid-19, e tudo o que eles estavam fazendo estava errado."

Essas quest�es mudaram as estat�sticas sobre burnout.

Um estudo conduzido entre mar�o e junho de 2020 realizou uma s�rie de testes, incluindo um question�rio de burnout semelhante ao MBI, com mais de 3,5 mil profissionais de sa�de no Reino Unido, Pol�nia e Cingapura.

Pouco menos de 67% foram avaliados com burnout.

Embora, historicamente, o perfil de burnout de trabalhadores de todas as profiss�es gire um pouco acima de 10%, Maslach afirma que esse percentual "claramente aumentou" devido � pandemia.

Agora, ela acredita que esteja mais perto de 20%.

E isso � um grande problema, porque o verdadeiro burnout n�o pode ser resolvido com f�rias ou um retiro de bem-estar.

"Quando as pessoas realmente chegam ao extremo, a grande maioria n�o pode voltar para o mesmo empregador ou o mesmo tipo de trabalho", explica Leiter.

"Elas precisam mudar de carreira. O burnout � muito profundo at� mesmo a sensa��o de entrar naquele pr�dio, ou naquele tipo de pr�dio, pode ser um gatilho. Muitas vezes, leva a uma mudan�a de carreira."

Por que a medi��o � importante

Evitar o verdadeiro burnout em larga escala � vital, especialmente porque pode significar uma fuga de m�o de obra qualificada. � a� que o MBI, e testes semelhantes, se tornam ferramentas de valor inestim�vel.

Descobrir que eu n�o estava, de fato, sofrendo um burnout de verdade foi �til.

Fui capaz de avaliar como estava realmente me sentindo (sobrecarregada) e comecei a pensar sobre o que estava causando isso e que mudan�as eu poderia fazer.

Esse � o objetivo de um teste de burnout. N�o se trata de diagnosticar ou descartar a condi��o. Na verdade, diz Maslach, "n�o � de forma alguma uma ferramenta de diagn�stico".

"As pessoas usaram mal dessa forma, mas � uma medida de pesquisa. "

Embora seja aplicado em indiv�duos, o que o MBI � realmente projetado para medir � seu ambiente.

"Se houver pontua��es negativas, n�o significa que o problema seja do indiv�duo. � o que eles est�o respondendo", afirma Maslach.

"Voc� n�o est� tentando descobrir com quem est� acontecendo, voc� est� tentando descobrir por que est� acontecendo. Voc� n�o o usa por si s�, voc� o usa com outros dados para dizer por que o padr�o de pontua��o � assim. Essas pontua��es devem ser usadas como sinais de alerta."

Uma organiza��o que se depara com pontua��es na extremidade negativa do espectro deve agir rapidamente, acrescenta Maslach, e isso n�o significa oferecer aulas de ioga ou semin�rios de mindfulness (aten��o plena).

"O trabalho est� ficando mais duro, mais longo e mais dif�cil de fazer. As pessoas est�o trabalhando mais horas porque est�o com medo de n�o conseguir uma promo��o ou de perder o emprego. Fazer mais com menos � o cerne da cultura corporativa, e n�o � como as pessoas fazem seu melhor trabalho", explica.

"Existe uma ind�stria gigantesca de autocuidado l� fora, toda focada em como lidar com esse estresse; mas para prevenir, reduzir ou eliminar o burnout, n�o se trata de consertar as pessoas. E, sim, consertar o trabalho."

Na verdade, segundo Maslach, n�o se trata de medir quantos trabalhadores est�o ou quase est�o com burnout.

A quest�o � identificar ambientes de trabalho com cargas de trabalho ingerenci�veis e usar essas informa��es para dar aos funcion�rios mais controle, melhores ferramentas e discernimento para descobrir como fazer seu trabalho melhor sem ter um burnout.

"Tem aquele velho ditado (em ingl�s), 'se voc� n�o aguenta o calor, saia da cozinha'", diz Maslach.

"O ponto principal do nosso argumento �: por que voc� n�o muda o aquecimento? Que tal reformar a cozinha?"

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Work Life.


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