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Estado de Minas

Conflito Israel e palestinos: sil�ncio do Itamaraty 'n�o � normal', diz especialista

Presidente Bolsonaro criticou ataques a Israel no Twitter, mas Itamaraty ainda n�o emitiu nota oficial %u2014 algo pouco comum nesses casos.


18/05/2021 20:21 - atualizado 18/05/2021 20:21

Para especialista, ministro das Relações Exteriores, Carlos França, busca 'filtrar' radicalismo de Bolsonaro(foto: Reuters)
Para especialista, ministro das Rela��es Exteriores, Carlos Fran�a, busca 'filtrar' radicalismo de Bolsonaro (foto: Reuters)
A escalada de viol�ncia entre Israel e palestinos j� entrou na sua segunda semana — com cerca de 200 mortos em Gaza e dez em Israel — e vem provocando intensas manifesta��es diplom�ticas.

 

Mas at� agora, o Minist�rio das Rela��es Exteriores do Brasil (Itamaraty) ainda n�o se manifestou sobre o assunto, que foi tema de reuni�es emergenciais do Conselho de Seguran�a da ONU.

 

O presidente Jair Bolsonaro se pronunciou na semana passada no Twitter: "� absolutamente injustific�vel o lan�amento indiscriminado de foguetes contra o territ�rio israelense. A ofensiva provocada por militantes que controlam a Faixa de Gaza e a rea��o israelense j� deixaram mortos e feridos de ambos os lados."

 

"Expresso minhas minhas condol�ncias �s fam�lias das v�timas e conclamo pelo fim imediato de todos os ataques contra Israel, manifestando meu apoio aos esfor�os em andamento para reduzir a tens�o em Gaza."

 

- � absolutamente injustific�vel o lan�amento indiscriminado de foguetes contra o territ�rio israelense.

- A ofensiva provocada por militantes que controlam a Faixa de Gaza e a rea��o israelense j� deixaram mortos e feridos de ambos os lados.

 

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 12, 2021


 

No entanto, o �rg�o m�ximo da diplomacia brasileira — que recentemente viu seu comando trocado, com a entrada de Carlos Fran�a no lugar de Ernesto Ara�jo — n�o emitiu nenhuma nota.

 

O Itamaraty costuma lan�ar comunicados sobre diversos eventos internacionais.

 

No �ltimo m�s, o minist�rio das Rela��es Exteriores emitiu notas sobre acontecimentos como o conflito em Myanmar, um acidente durante uma celebra��o religiosa na Galileia, em Israel, e o falecimento do presidente do Chade.

 

Israel � um dos pa�ses com maior presen�a nos comunicados do Itamaraty desde que Bolsonaro chegou ao poder, em 2019.

 

Durante sua presid�ncia, o Itamaraty j� emitiu dez notas oficiais sobre Israel sobre assuntos variados: declara��es sobre visitas oficiais de Bolsonaro e de diplomatas ao pa�s, coment�rios sobre acordos de normaliza��o de rela��es entre Israel e alguns pa�ses �rabes e sobre o plano do ex-presidente Donald Trump de pacificar a regi�o.

 

Em 2019, o Itamaraty emitiu duas notas oficiais — uma em mar�o e outra em junho — ambas condenando o lan�amento de foguetes contra Israel.

 

"O governo brasileiro condena, nos termos mais veementes, o lan�amento de m�sseis desde a Faixa de Gaza contra a regi�o central de Israel, onde se localiza a cidade de Tel Aviv. Nada pode justificar o disparo indiscriminado de foguetes contra centros urbanos, em ataques que t�m como alvo a popula��o civil", dizia a nota de mar�o de 2019.

 

A BBC News Brasil entrou em contato com o Itamaraty perguntando se haveria uma nota oficial do �rg�o sobre o atual conflito entre Israel e palestinos, mas n�o recebeu retorno.

Sil�ncio diplom�tico

Para o especialista em rela��es internacionais e professor da Funda��o Get�lio Vargas em S�o Paulo, Guilherme Casar�es, o sil�ncio do Itamaraty � incomum diante de um conflito como esse.

 

"Isso n�o � comum para a diplomacia brasileira, que tem uma tradi��o de se manifestar de forma assertiva sobre o tema", disse Casar�es � BBC News Brasil.

No passado, manifesta��es mais veementes do Brasil j� provocaram rea��es de Israel.

 

Em 2014, em meio a uma escalada de viol�ncia entre Israel e a Faixa de Gaza, o Itamaraty emitiu uma nota criticando "o uso desproporcional de for�a por parte de Israel". Na ocasi�o, um porta-voz da chancelaria de Israel chamou o Brasil de "an�o diplom�tico" e o epis�dio. Na ocasi�o, o ent�o presidente israelense Reuven Rivlin telefonou para a ent�o presidente Dilma Rousseff e pediu desculpas.

 

Casar�es afirma que o epis�dio revela um pouco do que deve ser a linha do novo ministro das Rela��es Exteriores, Carlos Fran�a, que assumiu o posto em mar�o — que deve ser mais conciliadora e menos radical que a de seu antecessor, Ernesto Ara�jo.

 

"Bolsonaro e Ara�jo estavam na mesma p�gina", diz o cientista pol�tico. O presidente e o ex-ministro concordavam com um maior alinhamento do Brasil com Israel — uma mudan�a em rela��o � posi��o tradicional do pa�s, que sempre foi de maior equil�brio.

 

Isso explica o posicionamento cr�tico ao Hamas nas notas brasileiras na gest�o de Ara�jo, mas sem nenhuma cr�tica a opera��es militares israelenses.

 

Esse novo alinhamento a Israel atente a um discurso de campanha de Bolsonaro, que chegou a prometer a transfer�ncia da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusal�m — algo que poucos pa�ses no mundo fazem, pois poderia resultar em boicotes comerciais de na��es �rabes.

 

"A proposta do Carlos Fran�a � de fazer uma diplomacia de perfil baixo. Ela n�o � contr�ria ao Bolsonaro. Fran�a tem atuado para minimizar o efeito das posi��es radicais do Bolsonaro na pol�tica externa brasileira", diz Casar�es.

 

"Essas declara��es de Twitter do Bolsonaro tem como objetivo de sinalizar para a base. O trabalho do Carlos Fran�a, entre outras coisas, � filtrar o que � dito para a base daquilo que ser�o posi��es consolidadas do governo brasileiro dignas, por exemplo, de notas oficiais do Itamaraty."

 

Apesar das seguidas demonstra��es de maior apoio de Bolsonaro a Israel, Casar�es afirma que a pol�tica externa brasileira segue em grande parte o mesmo pragmatismo que j� � tradicional do Itamaraty.

 

"O Itamaraty n�o � alinhado em absoluto ao bolsonarismo. � um �rg�o do governo, mas n�o � um �rg�o que replica irrefletidamente as posi��es do governo em rela��o a alguns temas."

 

"O governo precisa zelar tamb�m pelas suas rela��es comerciais, que s�o pragm�ticas. Quando uma delega��o do Bolsonaro voltou de Israel [em 2019], a primeira atitude do governo foi fazer um jantar com 40 representantes dos pa�ses mu�ulmanos em Bras�lia. A ministra [da Agricultura] Tereza Cristina organizou esse jantar para sinalizar aos parceiros econ�micos brasileiros."

 

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