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Estado de Minas

Fungo negro: Brasil teve 29 casos de mucormicose neste ano

Infec��o rara causada por fungos chamou aten��o por causa da �ndia; Minist�rio da Sa�de diz n�o ser poss�vel relacionar, at� o momento, casos registrado no pa�s com covid-19 e variantes do v�rus.


01/06/2021 09:14 - atualizado 01/06/2021 09:31

Ministério da Saúde diz não ser possível relacionar, até o momento, casos registrado no país com covid-19 e variantes do vírus(foto: Getty Images)
Minist�rio da Sa�de diz n�o ser poss�vel relacionar, at� o momento, casos registrado no pa�s com covid-19 e variantes do v�rus (foto: Getty Images)

O Brasil registrou neste ano at� agora 29 casos de mucormicose - infec��o conhecida popularmente como "fungo negro" - comparado com 36 casos em todo o ano de 2020, informou o Minist�rio da Sa�de � BBC News Brasil.

Os dados s�o baseados em notifica��es feitas pelos Estados.

O Minist�rio da Sa�de esclarece, no entanto, que "n�o � poss�vel relacionar, at� o momento, os casos de mucormicose registrados no Brasil com a covid-19 e as variantes do v�rus".

Apesar disso, o n�mero de casos s� neste ano chama aten��o, pois j� est� pr�ximo do total em todo o ano passado, e coincide com o agravamento da pandemia de covid-19 no pa�s.

Conhecida popularmente como "fungo negro", a mucormicose � causada por fungos e vem registrando um crescimento vertiginoso na �ndia, onde j� acometeu quase 9 mil pacientes com covid-19.

A doen�a mata mais de 50% dos acometidos. Muitos precisam passar por cirurgias mutilantes, que retiram partes do corpo afetadas pelo micro-organismo, como os olhos.

Em entrevista recente � BBC News Brasil, epidemiologistas disseram que, embora os relatos vindos da �ndia sejam preocupantes e precisem ser acompanhados de perto, n�o s�o motivo de grande alarme.

Eles acrescentaram ser improv�vel que um cen�rio parecido se repita no Brasil ou em outros lugares do mundo.

"Essa situa��o local n�o constitui uma amea�a � sa�de p�blica global", disse o infectologista Alessandro Comar� Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ci�ncias da Sa�de de Porto Alegre.

"A mucormicose n�o � algo que vai se espalhar pelo mundo", acrescentou o tamb�m infectologista Fl�vio de Queiroz Telles Filho, professor da Universidade Federal do Paran�.

E esse baixo potencial de perigo pode ser explicado por dois motivos.

Em primeiro lugar, esses fungos s�o conhecidos e estudados desde o final do s�culo 19.

Segundo, eles j� circulam livremente por boa parte do mundo, inclusive no Brasil.

Casos na �ndia

Mas o que explica, ent�o, o aumento de casos na �ndia?

No atual momento, a �ndia re�ne uma s�rie de condi��es que ajudam a explicar o aumento dos casos de mucormicose.

"Os agentes causadores da doen�a est�o no ar e tiram vantagem da umidade alta e da temperatura quente daquele pa�s", contextualiza Pasqualotto.

Vale refor�ar que os fungos que provocam essa condi��o, conhecidos como Rhizopus, Rhizomucor e Mucor, est�o presentes em muitos pa�ses (incluindo o Brasil) e podem ser observados no bolor do p�o e das frutas, por exemplo.

Mas se eles s�o t�o comuns assim, por que s� causam estragos em algumas poucas pessoas, enquanto outras sequer s�o afetadas?

A explica��o est� na condi��o de sa�de de cada um.

Segundo explicou Telles Filho � BBC News Brasil, existem tr�s situa��es que facilitam o desenvolvimento da mucormicose: ter diabetes descontrolado, ser portador de doen�as oncohematol�gicas (como a leucemia), que requerem transplante de medula �ssea, ou fazer uso de altas doses de rem�dios da classe dos corticoides, que possuem a��o anti-inflamat�ria.

"A �ndia � um dos pa�ses com maior quantidade de diab�ticos do mundo e vive atualmente um descontrole da pandemia de covid-19, com um alto n�mero de pacientes internados que necessitam tomar corticoides", disse o m�dico, que tamb�m coordena o Comit� de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Para completar, em muitos locais mais afastados desse pa�s, as condi��es sanit�rias dos hospitais e das enfermarias n�o s�o as ideais, o que facilita o risco de contamina��o por fungos.

Ou seja, trata-se de uma situa��o que re�ne uma s�rie de pacientes vulner�veis, com o sistema imunol�gico combalido pela covid-19, que muitas vezes apresentam doen�as pr�vias (como o diabetes) e precisam de rem�dios que afetam ainda mais o funcionamento das c�lulas de defesa (caso dos corticoides). E eles s�o mantidos em locais que podem n�o apresentar a higiene adequada.

Esse � o cen�rio perfeito para que fungos como Rhizopus, Rhizomucor e Mucor tomem conta.

Na quinta-feira (27/05), o Uruguai confirmou oficialmente o primeiro caso de mucormicose em seu territ�rio.

Infec��o

Mas como esses seres microsc�picos invadem o corpo humano?

No geral, eles podem ser aspirados pelo pr�prio paciente ou entrar atrav�s dos tubos e cateteres que ficam ligados nas veias.

Outra origem � o intestino: como os fungos colonizam boa parte do sistema digestivo junto com as bact�rias, eles podem aproveitar um desequil�brio na microbiota (causada pelo uso de antibi�ticos, por exemplo) para ganhar terreno ali mesmo ou at� invadir a circula��o sangu�nea.

Cada um desses fungos pode afetar uma parte espec�fica do organismo: a mucormicose, que ganhou destaque nos �ltimos tempos, costuma entrar pelo nariz e logo invade os vasos sangu�neos do rosto, criando manchas escuras por onde passa (da� a alcunha "fungo negro").

Numa situa��o normal, � bem prov�vel que o sistema imunol�gico consiga lidar com esses avan�os f�ngicos para evitar repercuss�es maiores.

Mas, em um momento de fragilidade causado pela covid-19, esse mecanismo natural de defesa pode n�o funcionar t�o bem e permitir que Mucor, Aspergillus, Candida e companhia limitada causem estragos.

"� como se o coronav�rus come�asse o servi�o e os fungos completassem a tarefa", disse Pasqualotto.

Acredita-se que os esteroides usados para tratar covid-19 podem ter um efeito na infecção por mucormicose(foto: Getty Images)
Acredita-se que os esteroides usados para tratar covid-19 podem ter um efeito na infec��o por mucormicose (foto: Getty Images)

E como evitar isso?

Tudo come�a com a preven��o. "As equipes de sa�de precisam ter muito cuidado com a higiene e a lavagem das m�os, principalmente quando v�o mexer nos cateteres e demais dispositivos que est�o pr�ximos do paciente", recomendou Telles Filho.

Desse modo, j� � poss�vel evitar a contamina��o desses materiais e a entrada de fungos pela respira��o ou pelos vasos sangu�neos.

Outra t�tica usada em hospitais, especialmente nas alas que recebem os pacientes com sistema imune muito comprometido (como aqueles que passaram por um transplante de medula �ssea, por exemplo) � a instala��o de filtros Hepa nos sistemas de ventila��o.

Esse material tem fibras capazes de reter part�culas muito pequenas entre elas, esporos de Aspergillus que poderiam invadir o organismo das pessoas mais debilitadas.

Uma terceira estrat�gia � lan�ar m�o de rem�dios antif�ngicos de forma profil�tica, para evitar que uma infec��o oportunista apare�a.

"Isso vale para alguns casos de c�ncer, mas n�o se encaixaria em quadros de covid-19", explicou Telles Filho.

Do ponto de vista individual, vale sempre tomar cuidado com a pr�pria sa�de e manter doen�as cr�nicas, como o diabetes, sob controle.

"Tamb�m precisamos pensar no ambiente em que vivemos. Hoje em dia, passamos boa parte de nosso tempo em lugares fechados, ent�o precisamos nos preocupar com a umidade e a ventila��o", recomendou Pasqualotto.

O m�dico chama a aten��o para o ac�mulo de �gua e mat�ria org�nica em decomposi��o na geladeira e na despensa e diz que precisamos ficar atentos ao aparecimento de mofo nas paredes ou dentro de arm�rios na cozinha e no banheiro.

"Precisamos tirar o alimento para que os fungos n�o se desenvolvam", acrescentou.


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