Um relat�rio especial da revista brit�nica The Economist, publicado nesta quinta-feira (03/06), afirma que o Brasil vive hoje "sua maior crise desde o retorno � democracia em 1985" e atribui a maior parte dos problemas ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
A capa do relat�rio que cont�m sete reportagens em 11 p�ginas traz uma imagem do Cristo Redentor usando uma m�scara de oxig�nio e a manchete "On the brink" ("Na beira").
"Seus desafios [do Brasil] s�o assustadores: estagna��o econ�mica, polariza��o pol�tica, ru�na ambiental, regress�o social e um pesadelo ambicioso. E teve de suportar um presidente que est� minando o pr�prio governo. Seus comparsas substitu�ram funcion�rios de carreira. Seus decretos t�m for�ado freios e contrapesos em todos os lugares", diz o texto de abertura do relat�rio assinado pela correspondente do Economist no Brasil, Sarah Maslin.
No artigo que conclui o relat�rio intitulado "Hora de ir embora" a revista diz que o futuro do Brasil depende das elei��es de 2022, e que a prioridade mais urgente do pa�s � se livrar de Bolsonaro.
"Os pol�ticos precisam enfrentar as reformas econ�micas atrasadas. Os tribunais devem reprimir a corrup��o. E empres�rios, ONGs e brasileiros comuns devem protestar em favor da Amaz�nia e da constitui��o", diz a revista.
"Ser� dif�cil mudar o curso do Brasil enquanto Bolsonaro for presidente. A prioridade mais urgente � votar para retir�-lo do poder."
A revista n�o sugere qual candidato seria o mais indicado para governar o Brasil.
"As pesquisas sugerem que Lula ganharia em um segundo turno [contra Bolsonaro]. Mas, � medida que a vacina��o e a economia se recuperam, o presidente pode recuperar terreno. Lula deve mostrar como a forma de [Bolsonaro de] lidar com a pandemia custou vidas e meios de subsist�ncia, e como ele governou para sua fam�lia, n�o pelo Brasil. O ex-presidente deve oferecer solu��es, n�o saudades."
A revista, fundada em 1843 e lida por muitos empres�rios e pol�ticos em todo o mundo, costuma fazer relat�rios detalhados do Brasil. A imagem do Cristo Redentor costuma ser usada nas capas da revista como analogia para a sua opini�o sobre o pa�s.
Em 2009, uma capa mostrava o Cristo Redentor decolando, como se fosse um foguete, com a manchete "O Brasil decola" elogiando pol�ticas econ�micas da �poca. Mas em 2013, em uma imagem semelhante, o mesmo Cristo Redentor aparecia na capa como um foguete desgovernado e a manchete "O Brasil estragou tudo?". Naquela edi��o, a revista criticava uma mudan�a de rumo nas pol�ticas econ�micas.

'D�cada de desastres'
A publica��o afirma que o Brasil j� enfrentava uma "d�cada de desastres" antes mesmo da chega do presidente ao poder, mas que agora o pa�s est� retrocedendo com Bolsonaro e com a pandemia de covid-19.
"Antes da pandemia, o Brasil sofria de uma d�cada de problemas pol�ticos e econ�micos. Com Bolsonaro como m�dico, o Brasil agora est� em coma."
A Economist argumenta que Bolsonaro n�o deu um golpe de Estado como alguns temiam que pudesse acontecer , mas possui instintos autorit�rios que enfraqueceram as institui��es democr�ticas brasileiras, com suas constantes agress�es.
"Muitos especialistas disseram que as institui��es brasileiras resistiriam a seus instintos autorit�rios. At� agora, eles provaram estar certos. Embora Bolsonaro diga que seria f�cil realizar um golpe, ele n�o o fez. Mas, em um sentido mais amplo, os especialistas estavam errados. Seus primeiros 29 meses no cargo mostraram que as institui��es do Brasil n�o s�o t�o fortes quanto se pensava e se enfraqueceram sob suas agress�es."
A revista diz que Bolsonaro encerrou a investiga��o da Lava Jato ap�s acusa��es feitas contra seus filhos beneficiando "pol�ticos corruptos e grupos criminosos organizados" , n�o promoveu mais reformas significativas desde a reforma da Previd�ncia de 2019 e causou danos � Floresta Amaz�nica, por se solidarizar com madeireiros, mineiros e fazendeiros que promovem o desmatamento.
"Ele levou uma motosserra para o Minist�rio do Meio Ambiente, cortando seu or�amento e for�ando a sa�da de pessoal competente. A redu��o do desmatamento requer um policiamento mais firme e investimento em alternativas econ�micas. Nenhum dos dois parece prov�vel."
Em outra reportagem, a revista afirma que depois de uma "gera��o de progresso", a mobilidade social est� desacelerando no pa�s. Segundo a revista, anos de pol�ticas voltadas para o controle da infla��o e diminui��o da pobreza foram seguidos por uma "d�cada de pol�ticas ruins e sorte pior ainda".
A revista critica as gest�es do PT por investirem pouco em infraestrutura, abandonarem reformas pr�-neg�cios e por adotarem pol�ticas semelhante � substitui��o de importa��o. Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, tamb�m s�o criticados.
" Guedes se gabava de que seriam feitas reformas para simplificar o c�digo tribut�rio, reduzir o setor p�blico e privatizar empresas estatais ineficientes. No entanto, o esp�rito reformista se mostrou fugaz. Bolsonaro n�o � muito liberal. Seu desgosto por reformas duras tornou f�cil para o Congresso ignorar a agenda de Guedes."
O relat�rio traz tamb�m an�lises sobre corrup��o e crime, Amaz�nia, reformas pol�ticas e eleitores evang�licos.
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