(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Covaxin: 5 perguntas ainda n�o respondidas por governo Bolsonaro sobre contrato de compra de vacina

Novo foco da CPI da Covid, transa��o tem in�meras quest�es em aberto.


25/06/2021 12:31 - atualizado 25/06/2021 13:02

Novo foco da CPI da Covid, transação de compra da vacina indiana Covaxin tem inúmeras questões em aberto(foto: Reprodução/Bharat Biotech)
Novo foco da CPI da Covid, transa��o de compra da vacina indiana Covaxin tem in�meras quest�es em aberto (foto: Reprodu��o/Bharat Biotech)

O contrato de compra de 20 milh�es de doses da vacina indiana Covaxin ao pre�o de R$ 1,6 bilh�o pelo governo brasileiro � o novo foco da CPI (Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito) que investiga irregularidades cometidas na gest�o da pandemia do coronav�rus no pa�s.

Esta foi a vacina mais cara encomendada pelo governo brasileiro, ao pre�o unit�rio de R$ 80,70. E o neg�cio foi fechado com velocidade at�pica, em 97 dias, em compara��o a 330 dias para a assinatura de contrato com a Pfizer.

O servidor Lu�s Ricardo Miranda, chefe da divis�o de importa��o do Minist�rio da Sa�de, relatou ao Minist�rio P�blico Federal ter sofrido uma "press�o incomum" para assinar o contrato com a empresa Precisa Medicamentos, que intermediou o neg�cio entre o governo brasileiro e a fabricante indiana Bharat Biotech.

Nesta quinta-feira (24/06), o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a comiss�o suspeita de que a Madison Biotech, empresa com sede em Cingapura que seria usada para receber antecipadamente US$ 45 milh�es (R$ 221 milh�es) da compra da Covaxin, seja uma empresa de fachada, o que o governo nega.

Em meio � troca de acusa��es, restam muitas perguntas ainda sem resposta sobre a opera��o de compra da vacina indiana. A BBC News Brasil lista aqui algumas delas.

Na CPI, Pazuello disse que sua gestão não comprou as vacinas da Pfizer devido ao preço alto, mas governo assinou contrato para imunizante indiano a um valor maior(foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)
Na CPI, Pazuello disse que sua gest�o n�o comprou as vacinas da Pfizer devido ao pre�o alto, mas governo assinou contrato para imunizante indiano a um valor maior (foto: Leopoldo Silva/Ag�ncia Senado)

1. Houve sobrepre�o na compra da vacina?

Na segunda-feira (24/06), o jornal O Estado de S. Paulo afirmou em reportagem que documentos do Minist�rio das Rela��es Exteriores mostravam que o governo comprou a vacina indiana Covaxin a um pre�o 1.000% maior do que o anunciado seis meses antes pela fabricante.

Um telegrama enviado em agosto pela embaixada brasileira em Nova D�lhi (�ndia) ao Itamaraty informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o pre�o estimado em US$ 1,34 por dose. Em fevereiro, por�m, o Minist�rio da Sa�de concordou em pagar US$ 15 por unidade (R$ 80,70 na cota��o da �poca).

O valor chamou aten��o por ser o maior entre as seis vacinas compradas at� agora pelo Brasil e porque o ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello disse � CPI que um dos motivos para sua gest�o recusar a oferta de 70 milh�es de doses da americana Pfizer no ano passado seria o pre�o alto do imunizante. A vacina, por�m, foi oferecida ao Brasil por US$ 10.

A fabricante Bharat Biotech nega que tenha havido sobrepre�o, informando que as doses do imunizante s�o vendidas ao exterior a valores que variam de US$ 15 a US$ 20. O valor � superior �quele cobrado do governo indiano (de US$ 2 a US$ 10), segundo a empresa, pois o pa�s asi�tico investiu no desenvolvimento do produto.

A Precisa Medicamentos, que intermediou as negocia��es entre o governo brasileiro e a empresa indiana, afirma que a dose vendida ao governo brasileiro tem o mesmo pre�o praticado a outros 13 pa�ses que tamb�m j� adotaram a Covaxin.

2. A despesa foi feita de maneira antecipada?

O Minist�rio da Sa�de anunciou em 25 de fevereiro de 2021 a assinatura do contrato para compra de 20 milh�es de doses da vacina Covaxin.

"O investimento total foi de R$ 1,614 bilh�o na compra da vacina produzida na �ndia", anunciou ent�o a pasta, em suas redes oficiais.

O contrato previa a entrega das doses em cinco etapas de 4 milh�es, com datas entre 17 de mar�o e 6 de maio. A Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria) s� viria a aprovar a importa��o excepcional da Covaxin em 4 de junho. At� agora, nenhuma dose foi entregue.

Como parte de seus argumentos para rebater as suspeitas de irregularidade, a gest�o Jair Bolsonaro afirma que n�o gastou nada com a compra das vacinas que nunca chegaram.

O governo, no entanto, emitiu uma nota de empenho - uma autoriza��o para o gasto - no valor de R$ 1,61 bilh�o, que corresponde ao valor total para o fornecimento contratado.

A nota foi emitida em 22 de fevereiro e, quatro meses depois, o dinheiro segue reservado.

Ao jornal Folha de S. Paulo, a procuradora da Rep�blica Luciana Loureiro, respons�vel por um inqu�rito civil p�blico que investigou o contrato entre Minist�rio da Sa�de e a Precisa Medicamentos, afirmou que a reserva de recursos configura um preju�zo � sa�de p�blica.

"Enquanto houver a nota de empenho, o recurso est� reservado para isso", afirmou Loureiro. "Certamente o preju�zo � sa�de p�blica j� est� havendo. As doses j� eram para ter chegado, os 20 milh�es de doses j� deveriam estar sendo aplicados. Preju�zo j� houve."

O deputado Luís Miranda (DEM-DF) diz ter alertado Bolsonaro sobre indícios de irregularidade(foto: Pablo Valadares/Agência Câmara)
O deputado Lu�s Miranda (DEM-DF) diz ter alertado Bolsonaro sobre ind�cios de irregularidade (foto: Pablo Valadares/Ag�ncia C�mara)

3. Por que a Pol�cia Federal n�o foi acionada para investigar a compra?

O deputado Lu�s Miranda (DEM-DF) - irm�o de Lu�s Ricardo Miranda, funcion�rio de carreira do Minist�rio da Sa�de - afirmou � imprensa ter alertado o presidente Jair Bolsonaro, em reuni�o em 20 de mar�o no Pal�cio da Alvorada, sobre ind�cios de irregularidade na negocia��o feita pelo Minist�rio da Sa�de para a compra da Covaxin.

Segundo o parlamentar, o presidente teria prometido acionar a Pol�cia Federal (PF) para investigar o caso. A PF, no entanto, informou nesta quarta-feira (24/06) que n�o encontrou nenhum inqu�rito aberto sobre o assunto.

Bolsonaro, por�m, pediu � PF que investigue os irm�os Miranda, autores das acusa��es que o envolvem, conforme informou o ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Onyx Lorenzoni, em coletiva de imprensa realizada na ter�a-feira (23/06) � noite.

Nesta quarta, o deputado Lu�s Miranda protocolou � CPI da Covid um pedido de pris�o por coa��o contra Lorenzoni e o assessor da Casa Civil �lcio Franco.

A CPI da Pandemia ouve os irm�os Lu�s Ricardo e Lu�s Miranda nesta sexta-feira (25/06).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que a CPI suspeita que a empresa que seria usada para receber o pagamento antecipado pela Covaxin seria 'de fachada'(foto: Pedro França/Agência Senado)
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que a CPI suspeita que a empresa que seria usada para receber o pagamento antecipado pela Covaxin seria 'de fachada' (foto: Pedro Fran�a/Ag�ncia Senado)

4. Por que o pagamento antecipado seria feito a uma empresa de Cingapura?

Ainda n�o est� claro por que o pagamento pelas vacinas seria feito � Madison Biotech, com sede em Cingapura, e n�o diretamente � fabricante indiana Bharat Biontech ou � Precisa Medicamentos, respons�vel pela venda do imunizante no Brasil.

Onyx Lorenzoni argumenta que a Madison � um bra�o legal da Bharat Biotech, respons�vel pela exporta��o das vacinas.

O nome da empresa, no entanto, n�o consta dos contratos negociados pelo Minist�rio da Sa�de e o servidor Lu�s Ricardo Miranda diz ter estranhado quando o nome de uma terceira empresa, com sede em outro pa�s, surgiu no meio da transa��o.

Ao levantar a suspeita de que possa se tratar de uma empresa de fachada, o senador Randolfe Rodrigues afirmou que a CPI vai levantar quem s�o os s�cios da companhia, com quem ela tem transa��es financeiras e por quem foi criada em fevereiro do ano passado.

5. Por que o governo aceitou negociar com empresas brasileiras com pend�ncias na Justi�a?

A Precisa Medicamentos, que intermediou a negocia��o com o governo brasileiro, � s�cia da Global Gest�o em Sa�de, que tem suspeitas pr�vias de irregularidade em contrato com o Minist�rio da Sa�de.

As empresas t�m um s�cio em comum, Francisco Maximiano, convocado para prestar depoimento na CPI, o que deve acontecer na pr�xima semana.

Em 2017, quando o ministro da Sa�de era o deputado federal Ricardo Barros (PP-RS), hoje l�der do governo Bolsonaro na C�mara, a Global Gest�o em Sa�de venceu um processo de compra emergencial para fornecer medicamentos � pasta, mas n�o entregou os rem�dios, mesmo tendo recebido o pagamento antecipado de R$ 19,9 milh�es.

Em 2019, o Minist�rio P�blico Federal processou a empresa e o ex-ministro. Segundo o MPF, a empresa ganhou o processo de compra mesmo sem atender a todos os requisitos, como ter registro para importa��o dos medicamentos na Anvisa.

"At� o momento, o governo n�o esclareceu por que optou por empres�rios com pend�ncias na Justi�a como fornecedores, nem por que preferiu adotar padr�o diferente das negocia��es contra outros produtores de vacina que foram diretamente contactados para negocia��o de contrato de compra de imunizantes", destacou o jornal O Globo.

O ex-secret�rio-executivo do Minist�rio da Sa�de Elcio Franco argumentou que a fabricante Bharat Biotech indicou a Precisa como representante no mercado brasileiro. N�o se sabe como a empresa foi al�ada a esse papel, observou o peri�dico.


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)