O empres�rio Carlos Wizard disse � CPI da Covid que n�o tem conhecimento sobre a exist�ncia de um "gabinete paralelo" de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia.
"Se o gabinete paralelo existiu, eu nunca participei nem tomei conhecimento", afirmou o empres�rio, que foi citado diversas vezes na CPI como integrante do grupo.
Ap�s fazer sua manifesta��o de abertura, o empres�rio que foi acompanhado pelo advogado criminal Alberto Zacharias Toron na sess�o afirmou que ficaria em sil�ncio e n�o responderia a nenhuma pergunta dos senadores, como lhe garantiu um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Ap�s cada pergunta dos senadores, Wizard repetiu que se "reserva o direito de permanecer em sil�ncio."
O advogado do empres�rio informou ainda na CPI que os dados eletr�nicos e banc�rios de Wizard ser�o repassados � CPI. Seu sigilo havia sido quebrado pela comiss�o.
Sua defesa tentava pela segunda vez reverter a quebra no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o primeiro pedido havia sido negado pela Corte.
As suspeitas dos senadores s�o que o presidente se aconselhava extraoficialmente com um grupo que defendia tratamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19.
"Logo, logo voc� vai ver que o Brasil vai ser forrado de medicamentos da fase inicial do tratamento, cloroquina, hidroxicloroquina", disse Carlos Wizard em uma live da revista Isto� Dinheiro realizada em maio, pouco depois de o general Eduardo Pazuello assumir como ministro interino da Sa�de.
Na mesma entrevista o empres�rio afirmou que o ex-ministro Pazuello deu a ele "a miss�o" de acompanhar os contratos com fornecedores de insumos de sa�de e participar de uma comiss�o para este fim.
Wizard n�o � m�dico nem possui experi�ncia na �rea de sa�de, mas organizou um grupo de discuss�es com m�dicos defensores de tratamentos sem comprova��o para discutir a pandemia.
� CPI, Wizard afirmou em sua fala inicial que jamais participou de nenhuma reuni�o em privado com o presidente.
"Participei de eventos p�blicos em que o presidente estava presente", afirmou Wizard. "Jamais tive influ�ncia sobre o pensamento do presidente."
Em entrevista � BBC News Brasil, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que o problema n�o est� em o presidente ter um assessoramento paralelo, mas esse assessoramento ser incompat�vel com a gest�o do Minist�rio da Sa�de.
"N�o � crime ser negacionista nem defender coisas est�pidas, mas � crime fazer gest�o p�blica com base nisso", disse o senador.
Momentos de tens�o
Em determinado ponto da sess�o, o senador Otto Alencar (PSD-BA) discutiu com o advogado de Wizard e chegou a pedir que a pol�cia legislativa o tirasse da comiss�o.
Alencar estava temporariamente como presidente da CPI e comentou que Toron estava com o rosto vermelho. O advogado sentiu-se ofendido e respondeu ao senador, que ent�o se exaltou.
Mas o pedido de Alencar n�o chegou a ser de fato cumprido, e a crise foi resolvida ap�s a interven��o dos outros senadores.
A sess�o voltou a ficar tensa ap�s ser exibido um v�deo em que Wizard comenta sobre mortos pela covid-19.
No clipe, ele fala sobre cinco �bitos listados no site do Minist�rio da Sa�de e diz que "de fato teve cinco �bitos, aqueles que ficaram em casa" Wizard chegou a questionar a contabiliza��o dos mortos e a afirmar que tais n�meros seriam revistos.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comiss�o disse ter perdido um irm�o por causa da pandemia e afirmou ent�o que falas como a do empres�rio eram "doloridas" para quem havia perdido entes queridos. Aziz afirmou que a CPI entraria com um recurso contra o habeas corpus concedido pelo STF.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ressaltou que a decis�o da Corte se deu porque Wizard havia passado da condi��o de testemunha para investigado estava sendo investigado pela CPI e sugeriu ent�o que a comiss�o alterasse a condi��o de Wizard para que ele fosse considerado uma testemunha novamente.
"�timo encaminhamento, senadora", respondeu Aziz. O senador governista Marcos Rog�rio (DEM-RO) tentou intervir, mas Aziz n�o permitiu que ele falasse.
O senador Rog�rio Carvalho (PT-SE) protestou contra as interven��es frequentes de Rog�rio. Os dois discutiram, e Carvalho recebeu o apoio de Aziz.
Passaporte retido
Pr�ximo ao ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello, Wizard havia sido convocado inicialmente para depor em 17 de junho, mas faltou � sess�o, o que fez a CPI requisitar � Justi�a Federal a apreens�o de seu passaporte - medida tomada pela Pol�cia Federal do Aeroporto de Viracopos (Campinas, SP) nesta segunda-feira (28/6).
O STF chegou a autorizar a condu��o coercitiva de Wizard, e senadores cogitaram pedir ajuda � Interpol (pol�cia internacional) para localizar o empres�rio, at� que a defesa dele confirmasse sua presen�a na CPI nesta quarta.
Wizard � CPI que estava visitando os pais nos Estados Unidos, que s�o idosos. "Meu pai tem 87 anos e est� acamado", disse ele, que afirmou ainda que sua filha, que tamb�m mora no exterior, est� prestes a dar a luz e enfrenta uma gravidez de risco.
O empres�rio chegou a pedir que seu passaporte fosse liberado ao fim da sess�o, caso sua fala fosse considerada satisfat�ria, alternativa que chegou a ser defendida por Aziz.
Mas o senador Renan Calheiros (MDB-AL) protestou, dizendo que isso conferiria a Wizard um benef�cio indevido. Quando o empres�rio decidiu ficar calado, Calheiros refor�ou que esse era um motivo para que o documento permanecesse retido.
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