(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Den�ncias fragilizam Bolsonaro, mas impeachment depende de mais provas e povo nas ruas, dizem deputados

Para parlamentares ouvidos pela BBC News Brasil, Bolsonaro ainda tem apoio da maioria do Centr�o, mas esc�ndalo da vacina causa fissuras na base.


30/06/2021 20:28

Oposição apresentou nesta quarta um novo pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro(foto: Reuters)
Oposi��o apresentou nesta quarta um novo pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (foto: Reuters)

As sucessivas den�ncias de poss�veis ilegalidades em negocia��es para compra de vacinas contra covid-19 est�o provocando fissuras na base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso, mas ainda n�o s�o suficientes para que seja deflagrado um processo de impeachment, avaliam deputados federais ouvidos pela BBC News Brasil.

Na avalia��o desses pol�ticos, a amea�a ao mandato do presidente aumentar� se surgirem novos elementos que comprovem as den�ncias de corrup��o e se as manifesta��es de rua crescerem. Novos atos est�o convocados por partidos e movimentos de centro-esquerda para s�bado (03/7) e ainda n�o est� claro se dessa vez haver� ades�o de segmentos da direita.

Nesta quarta-feira, partidos e parlamentares de oposi��o, juntos com movimentos da sociedade civil, protocolaram um "superpedido" de impeachment. No entanto, contabilizando os deputados das siglas que assinaram o pedido (PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, Cidadania, Rede, PCO, UP, PSTU e PC) mais os deputados que apoiaram a iniciativa individualmente, como Joice Hasselmann (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP), esse grupo soma pouco menos de 140 congressistas na C�mara.

Para que um processo de impeachment contra Bolsonaro ocorra no Senado, � necess�rio o aval de 342 deputados.

O "superpedido" apresentado nesta quarta-feira, por�m, � resultado de uma articula��o anterior � escalada de den�ncias contra o governo envolvendo a compra de vacinas.

Deputados avaliam que crescimento de manifestações de rua podem impulsionar pedido de impeachment de Bolsonaro(foto: Reuters)
Deputados avaliam que crescimento de manifesta��es de rua podem impulsionar pedido de impeachment de Bolsonaro (foto: Reuters)

Bolsonaro j� estava sob forte desgaste ap�s o servidor do Minist�rio da Sa�de Lu�s Ricardo Miranda e seu irm�o, o deputado Lu�s Cl�udio Miranda (DEM-DF), terem revelado que informaram o presidente em mar�o sobre sinais de ilegalidades no contrato firmado em fevereiro para compra de 20 milh�es de doses da vacina indiana Covaxin o neg�cio, por�m, s� foi suspenso pelo governo na ter�a-feira (29/6), depois de a den�ncia se tornar p�blica.

A press�o sobre o presidente aumentou com duas novas den�ncias na noite de ter�a-feira (29/6). Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante de uma empresa que comercializaria vacinas da AstraZeneca, relatou ao jornal que recebeu um pedido de pagamento de propina do diretor de Log�stica do Minist�rio da Sa�de, Roberto Dias.

J� a revista Cruso� publicou uma reportagem afirmando que o lobista Silvio de Assis e o l�der do governo Bolsonaro na C�mara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), participaram de uma reuni�o em que foi oferecida propina ao deputado federal Lu�s Miranda para que ele n�o atrapalhasse a venda da vacina Covaxin ao Minist�rio da Sa�de.

O l�der do MDB na C�mara, deputado Isnaldo Bulh�es J�nior (AL), disse � BBC News Brasil que as den�ncias s�o graves, mas considera necess�rio aguardar a conclus�o da investiga��o da CPI para avaliar se h� provas de ilegalidades. Prevista para durar at� o in�cio de agosto, a comiss�o deve ser prorrogada por mais 90 dias.

Líder do MDB na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões Júnior diz que é preciso aguardar investigações(foto: Câmara dos Deputados)
L�der do MDB na C�mara, deputado Isnaldo Bulh�es J�nior diz que � preciso aguardar investiga��es (foto: C�mara dos Deputados)

"N�o � o momento ainda de discutir isso (impeachment). Tem que ter um ambiente pol�tico, de (manifesta��es contra Bolsonaro nas) ruas principalmente. E o ponto principal � a comprova��o de crime. Mas, pelo que me consta at� agora, est� em fase de den�ncia, n�o � uma conclus�o de investiga��o", ressaltou.

Para o deputado F�bio Trad (PSD-MS), que integra a bancada de uma dos maiores partidos do Centr�o, o "vento virou a favor do impeachment" na sexta-feira (26/6), com o depoimento dos irm�os Miranda na CPI.

"E agora os ventos ficaram mais intensos na minha vis�o, porque, al�m das men��es dos irm�os Miranda, j� surgem men��es de empres�rio de corrup��o privada com corrup��o p�blica", acrescenta, citando as reportagens do jornal Folha de S.Paulo e da revista Cruso�.

Apesar disso, ele concorda que ainda n�o h� condi��es concretas para o processo come�ar na C�mara. "O que nos resta ver �, primeiro, se a CPI vai emprestar mais consist�ncia a estas provas, aprofundando as investiga��es. E, segundo, se isso vai motorizar a indigna��o nas ruas da popula��o. Hoje, a CPI est� mais forte que o Centr�o, indiscutivelmente. O Centr�o est�, eu n�o diria acuado, mas est� com um p� atr�s", avalia.

Trad � um raro opositor a Bolsonaro no PSD da C�mara. Mas ele diz ver um crescimento dessa posi��o na bancada. "Eu era minoria isolada (contra Bolsonaro no PSD). Agora sou minoria n�o isolada. O grosso est� com o governo, mas � cedo, porque estamos no meio do terremoto, n�o sabemos o tamanho do estrago. Se eu era minoria e agora eu sou menos minoria, a tend�ncia � que isso continue crescendo", acredita.

At� o momento, Bolsonaro n�o comentou diretamente as not�cias sobre supostas propinas nas negocia��es das vacinas. Sobre as suspeitas levantadas no contrato da Covaxin, o presidente disse que a CPI inventou "corrup��o virtual", j� que at� o momento n�o houve pagamento e entrega de doses.

"N�o conseguem nos atingir. N�o vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que v�o nos tirar daqui", disse Bolsonaro nesta quarta-feira, durante evento em Ponta Por� (MS).

Os "sete bandidos" s�o uma refer�ncia aos sete senadores que t�m uma postura cr�tica ao governo na comiss�o.

'Arthur Lira n�o pula na cova com Bolsonaro', diz deputado do PP

Ap�s um come�o de governo em que se recusou a negociar cargos em troca de apoio pol�tico, Bolsonaro iniciou uma rela��o com partidos do Centr�o h� cerca de um ano, depois da pris�o de Fabr�cio Queiroz, acusado de ser o operador de um esquema de rachadinha (desvio de recursos) do antigo gabinete de deputado estadual de um de seus filhos, o hoje senador Fl�vio Bolsonaro (Patriota-RJ).

A aproxima��o visou sua prote��o contra um processo de impeachment e a constru��o de uma base que permitisse aprovar propostas de interesse do governo no Congresso.

A partir da distribui��o de cargos na m�quina federal entre indicados de parlamentares e do aumento da libera��o de verbas para redutos eleitorais de congressistas aliados, a situa��o de Bolsonaro ficou mais confort�vel no Parlamento, processo que culminou com a elei��o de Arthur Lira (PP-AL) para presidir a C�mara.

A vit�ria do aliado foi crucial para Bolsonaro porque � Lira que tem o poder de iniciar ou barrar a abertura de processos de impeachment na C�mara.

"Aqui seguimos a pauta do Brasil, das reformas e dos avan�os. Respeito a manifesta��o democr�tica da minoria. Mas um processo de impedimento exige mais que palavras. Exige materialidade", afirmou ao portal G1 o presidente da C�mara, ap�s a entrega do "superpedido" de impeachment.

Embora a alian�a entre Lira e Bolsonaro ainda pare�a s�lida, nos bastidores do Congresso entende-se que ela pode se quebrar se a conjuntura seguir se agravando.

Embora essa alian�a ainda pare�a s�lida, nos bastidores do Congresso entende-se que ela pode se quebrar se a conjuntura contra Bolsonaro seguir se agravando.

"Se chegar a uma situa��o insustent�vel, ele (Arthur Lira) vai at� a cova, mas n�o vai pular na cova com Bolsonaro", disse � BBC News Brasil um deputado do PP, que pediu para ter seu nome preservado.

O analista pol�tico Ant�nio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), tamb�m considera que o apoio do Centr�o pode ser abalado caso a crise se degringole.

Ele ressalta que o esc�ndalo das vacinas criou fissuras dentro do grupo, tendo de um lado um antigo apoiador de Bolsonaro como denunciante, o deputado Lu�s Miranda (DEM-DF), e de outro o l�der do governo, deputado Ricardo Barros (PP-AL), apontado como protagonista no suposto esquema - o que ele nega.

O resultado pr�tico, por enquanto, � que o Centr�o deve "aumentar o pre�o" de manter o mandato de Bolsonaro protegido, acredita Queiroz.

"O Centr�o vai sugar (vantagens em troca de apoio ao governo) at� onde n�o comprometer a sobreviv�ncia pol�tica dele. Vai ficar aliado, mas aumenta o pre�o", afirma.


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)