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Estado de Minas

Cuba enfrenta caos em hospitais e at� falta de seringa no pior momento da pandemia

Explos�o de casos levou sistema de sa�de da ilha a situa��o limite; hospitais j� sofriam com a escassez generalizada de medicamentos, falta de pessoal, suprimentos e graves problemas de infraestrutura.


05/08/2021 05:50 - atualizado 10/08/2021 12:03

Lydda María Rivero, de 23 anos, prestes a dar à luz seu segundo filho; ela e a criança acabaram falecendo(foto: Lenier Miguel Pérez. )
Lydda Mar�a Rivero, de 23 anos, prestes a dar � luz seu segundo filho; ela e a crian�a acabaram falecendo (foto: Lenier Miguel P�rez. )

"Ningu�m imagina a dor que estou passando agora. Ningu�m imagina o sofrimento que n�s vivemos em casa."

Lenier Miguel P�rez, um cubano que vive em Matanzas, no oeste da ilha, diz que n�o sabe como continuar� vivendo e afirma que est� "com raiva por tanta dor".

Ele narrou sua trag�dia pessoal � BBC News Mundo, o servi�o em espanhol da BBC. Em um intervalo de duas semanas, P�rez percorreu hospitais de sua prov�ncia em busca de atendimento m�dico para o filho e perdeu a esposa Lydda, de 23 anos, que estava gr�vida e prestes a dar a luz a seu segundo filho, que tamb�m n�o resistiu.

"Que dor t�o grande perd�-los na mesma hora e no mesmo dia", disse.

Segundo seu depoimento, confirmado pela BBC com outras duas pessoas pr�ximas � fam�lia, tudo come�ou quando o filho de 4 anos teve febre na noite de 22 de junho.

"No dia seguinte, minha esposa e eu o levamos correndo para a policl�nica para entender o que estava acontecendo. Fizeram um teste r�pido e deu positivo para o coronav�rus", diz.

P�rez lembra que, devido � gravidez da esposa, foi ele quem acompanhou a crian�a durante a hospitaliza��o.

Foi quando come�ou sua odisseia.

Ele teve que esperar um dia inteiro para que seu filho fosse transferido para um hospital, por falta de leitos. Segundo P�rez, naquele dia, por volta das 22h, um �nibus apareceu para finalmente lev�-los ao hospital. Quando chegaram, no entanto, n�o havia vagas para menores.

"Chega uma m�dica de plant�o e nos diz: 'O hospital est� em colapso. N�o h� leito para as crian�as e s� podemos deix�-las no corredor para esperar que as outras (crian�as) que est�o internadas tenham alta. N�o se sabe se ser� de manh�, ou de tarde, ou no dia seguinte. Est� tudo cheio'."

Os pais responderam que n�o sairiam do �nibus e que n�o permitiriam que seus filhos ficassem presos "no corredor de um hospital onde o que se respira � doen�a".

Lydda e Lenier estavam esperando seu segundo filho.(foto: Lenier Miguel Pérez)
Lydda e Lenier estavam esperando seu segundo filho. (foto: Lenier Miguel P�rez)

Os pais, segundo ele, come�aram a vagar durante a noite pela prov�ncia, chamando e procurando l�deres do Partido Comunista ou autoridades que pudessem dar uma resposta.

Lenier e seu filho foram posteriormente transferidos para outra cl�nica ap�s a confirma��o do resultado positivo da crian�a. Finalmente, por volta das 8h do dia seguinte, eles conseguiram uma vaga no hospital.

Ele conta que ficou mais calmo, at� que recebeu uma mensagem preocupante da esposa: ela tamb�m havia come�ado a se sentir mal.

A perda

Lydda Maria havia ido ao m�dico e um teste r�pido inicialmente trouxe resultado negativo para a covid-19.

Como continuou a se sentir mal, lembra Lenier, ela decidiu voltar para a policl�nica.

"Ela ficou um dia (esperando) na policl�nica porque disseram que havia um leito para ela na maternidade em Matanzas, mas n�o havia como transferi-la. Eles a transferiram no dia seguinte pela manh� para o hospital da maternidade e... n�o havia leito para gr�vidas. Eles a levaram para o Faustino (outro hospital). Fizeram um teste r�pido e deu positivo. Ent�o teve que sair de l�." Depois de outras idas e vindas naquele dia, a esposa de Lenier foi internada em um centro de isolamento.

Lenier, em foto com uma urna com as cinzas de sua esposa e do bebê que estava prestes a nascer(foto: Lenier Miguel Pérez)
Lenier, em foto com uma urna com as cinzas de sua esposa e do beb� que estava prestes a nascer (foto: Lenier Miguel P�rez)

"L�, ela passou fome, dores e desconforto. Cuidavam de mais de uma gestante no mesmo leito porque n�o havia lugar. Ela tomava banho com �gua fria, o que agravou ainda mais a pneumonia que foi descoberta no �ltimo minuto antes de seu fim. Ela tinha falta de ar, n�o havia respirador e ela l�, asm�tica e gr�vida. Ela n�o aguentava mais e a transferiram de novo para o Faustino, porque onde ela estava n�o havia condi��es. Aquilo foi um inferno."

P�rez conta que depois sua esposa acabou sendo transferida novamente quando a situa��o se agravou, desta vez para um hospital militar, onde ela encontrou uma situa��o melhor.

"De repente, descobriram que ele estava com pneumonia. As crises de asma continuaram, deram um rem�dio e precisariam esperar 72 horas. Na ter�a-feira, 6 de julho, ele morreu. N�o aguentou esperar tanto e sofrer tantos dias. Primeiro com nosso filho, depois com ela mesma."

A BBC News Mundo encontrou em contato com o centro internacional de imprensa e o minist�rio da Sa�de de Cuba, al�m das dire��es de Sa�de de duas prov�ncias, para solicitar entrevistas para entender a posi��o oficial sobre a situa��o atual do coronav�rus na ilha e as den�ncias recebidas. N�o houve resposta.

Crise sanit�ria

Relatos como o de Lenier s�o cada vez mais frequentes em Cuba, onde todo o sistema de sa�de � p�blico.

A ilha vive h� alguns meses o momento mais cr�tico da pandemia e uma das piores crises de sa�de da Am�rica Latina.

Embora tenha conseguido conter o coronav�rus durante boa parte de 2020, Cuba � atualmente o local com maior n�mero de infec��es por percentual da popula��o em todo o continente e um dos primeiros do mundo.

Em 1� de agosto, o pa�s registrou 9.279 casos e cerca de 68 mortes por covid-19, embora organiza��es de oposi��o denunciem que o n�mero de infec��es e mortes seja maior que o reconhecido oficialmente.

No total, 2.913 pessoas morreram, de acordo com n�meros oficiais publicados at� 1� de agosto

Casos confirmados de coronavírus por milhão de habitantes(foto: Ourworldindata)
Casos confirmados de coronav�rus por milh�o de habitantes (foto: Ourworldindata)

Especialistas consultados pela BBC dizem que v�rios fatores b�sicos explicam esta situa��o cr�tica:

- O pa�s, dependente do turismo, abriu parcialmente as suas fronteiras para pacotes tur�sticos, o que permitiu a entrada de novas variantes mais contagiosas.- Apesar das medidas de confinamento, os cubanos ficam em longas filas e aglomera��es para comprar alimentos, o que facilita as transmiss�es.- O pa�s, que desenvolveu uma estrat�gia de rastreamento rigorosa, apresenta limita��es para a realiza��o de testes de detec��o de coronav�rus, principalmente PCR. Existem relatos de pessoas na fila por horas ou dias para fazer o teste, quando dispon�vel.- Quase toda a popula��o possui apenas m�scaras caseiras de tecido (n�o se vendem cir�rgicas ou outras mais eficientes) e � escasso o acesso a sabonete para lavar as m�os e outros produtos de higiene, como o gel antibacteriano, o que tamb�m favorece a transmiss�o do v�rus e suas variantes mais contagiosas.- Cuba demorou a come�ar e massificar sua campanha de vacina��o. Foi o �ltimo pa�s da Am�rica a faz�-lo, depois de se recusar a fazer parte do mecanismo Covax (cons�rcio internacional que distribui vacinas para a covid-19 a na��es pobres) e apostar no desenvolvimento de vacinas pr�prias - as quais j� administra a sua popula��o.

A maioria da população cubana não tem acesso às máscaras que oferecem maior proteção, como a usada por autoridades da ilha(foto: AFP)
A maioria da popula��o cubana n�o tem acesso �s m�scaras que oferecem maior prote��o, como a usada por autoridades da ilha (foto: AFP)

At� o momento, a ilha aprovou duas vacinas de produ��o nacional (Abdala e Soberana 02), sendo o primeiro pa�s do continente a faz�-lo.

Atualmente, � um dos pa�ses do mundo que mais administra vacinas por dia por 100 habitantes, mas o processo teve altos e baixos por falta de insumos como seringas.

Esses fatores, que contribu�ram para a explos�o de casos, sobrecarregaram o sistema de sa�de da ilha, que j� sofria com a escassez generalizada de medicamentos, falta de pessoal e graves problemas de infraestrutura.

Em muitos hospitais, os doentes ficam nos corredores por falta de espaço(foto: Telebandera)
Em muitos hospitais, os doentes ficam nos corredores por falta de espa�o (foto: Telebandera)

Hospitais no limite

Nos �ltimos meses, fotos, depoimentos e v�deos circulando em redes sociais mostram farm�cias vazias, enquanto hospitais e centros de isolamento est�o cheios, com pessoas dormindo e at� morrendo nos corredores.

Tamb�m h� relatos de pacientes que faleceram em casa por falta de atendimento m�dico ou aguardando transfer�ncia com urg�ncia para hospitais.

� o caso de Lisveilis Echenique, que disse � BBC News Mundo que seu irm�o Liosvel, de 35 anos, morreu em sua casa, na prov�ncia de Ciego de �vila, ap�s pedir uma ambul�ncia por horas.

"Ele come�ou a ter uma febre muito alta. Liguei para uma brigada de resposta r�pida e eles foram at� minha casa. Quando o viram, me disseram que o caso n�o era s�rio o suficiente para intern�-lo e que n�o havia camas, nem rem�dio, e que era melhor ficar em casa. O pr�prio m�dico me disse que o que ele tinha para baixar a febre era uma lo��o de ervas", diz.

"Quando ele desmaiou, ap�s 10 dias de febre, voltei a ligar e nada. Corri para a policl�nica no meio da madrugada e implorei para que fossem ver meu irm�o para primeiros-socorros, mas ningu�m foi. E eu n�o tinha como lev�-lo ao hospital � uma da manh�. Eu ligava chorando para pedir uma ambul�ncia e nada... Meu irm�o n�o aguentou. No dia seguinte, 12 horas depois, ainda n�o tinham vindo buscar o cad�ver."

Ap�s os massivos protestos de 11 de julho na ilha, muitos cubanos recorreram �s redes sociais para reclamar do amplo uso de policiais e agentes em �nibus, caminh�es e carros para reprimir os manifestantes, quando o governo havia alegado anteriormente que eles n�o tinham gasolina para ambul�ncias.

Depois de verem os equipamentos empregados contra os protestos, muitos trazidos pela primeira vez �s ruas do pa�s, pessoas tamb�m questionaram por que o pa�s havia gasto dinheiro com esses aparelhos em vez de comprar rem�dios para enfrentar a crise de sa�de.

Por outro lado, os m�dicos cubanos tamb�m foram �s redes sociais n�o s� para pedir � popula��o da ilha que se proteja, mas tamb�m para exigir mais respeito pelo seu trabalho, que muitas vezes desempenham nas circunst�ncias mais dif�ceis.

A BBC encontrou em contato com 7 deles para ouvir sua experi�ncia, mas a maioria se recusou a falar porque n�o tinha permiss�o para dar declara��es � m�dia estrangeira.

"A maioria das pessoas pensa que somos os culpados de tudo e nos maltratam. Mas somos n�s que, bem ou mal, estamos salvando a vida de 90% da popula��o", escreveu um m�dico em um post no Facebook.

"N�s tamb�m adoecemos e temos parentes que adoecem e morrem. Enquanto outros podem optar por ficar em casa, n�s temos que ir trabalhar. N�o podemos dizer n�o. Portanto, tudo o que pedimos � respeito e empatia", acrescentou.

Ajuda humanit�ria

Desde o in�cio de julho, milhares de cubanos come�aram a usar a hashtag #SOSCUBA para denunciar o colapso do sistema de sa�de e solicitar a abertura de canais humanit�rios para a ilha.

A campanha levou muitas personalidades de todo o mundo a pedirem ajuda para Cuba. Pa�ses como M�xico e R�ssia enviaram suprimentos m�dicos e ajuda para a ilha ap�s os protestos.

As autoridades locais anunciaram, em meados de julho, que retirariam as restri��es que tinham para a entrada de rem�dios e alimentos trazidos por visitantes, mas o impacto da medida foi limitado e os v�deos de den�ncias de colapso do sistema de sa�de continuam se multiplicando.

O governo atribui a situa��o atual ao impacto do coronav�rus e ao embargo dos Estados Unidos.

Em uma apari��o na televis�o ap�s os protestos de 11 de julho, o presidente Miguel D�az-Canel assegurou que a situa��o atual na ilha � semelhante � vivida por outros pa�ses durante a "terceira onda" da covid. Segundo ele, esta onda foi adiada em Cuba gra�as a boa resposta anterior da ilha � pandemia.

"Se o presidente Joe Biden tivesse uma preocupa��o humanit�ria sincera com o povo cubano, ele poderia eliminar as 243 medidas aplicadas pelo presidente Donald Trump, incluindo as mais de 50 cruelmente impostas durante a pandemia, como um primeiro passo para acabar com o bloqueio", escreveu ele mais tarde em sua conta no Twitter.

O governo dos Estados Unidos, por sua vez, nega que as san��es estejam por tr�s da crise do sistema de sa�de ou da escassez de rem�dios ou suprimentos m�dicos na ilha.

"O embargo dos Estados Unidos permite que alimentos, rem�dios e outros bens humanit�rios cheguem a Cuba e n�s agilizamos qualquer demanda de exporta��o de suprimentos humanit�rios ou m�dicos para Cuba", disse a BBC um porta-voz do Departamento de Estado.

"Os Estados Unidos autorizam regularmente a exporta��o de produtos agr�colas, medicamentos e equipamentos m�dicos e bens humanit�rios para Cuba e, desde 1992, exportou bilh�es de d�lares desses bens para Cuba. S� em 2020, os Estados Unidos exportaram US$ 176 milh�es em mercadorias para Cuba, incluindo alimentos e rem�dios para ajudar o povo cubano", acrescentou.

Importantes conquistas na sa�de

Especialistas consultados pela BBC News Mundo concordam que, embora a pandemia tenha levado servi�os de sa�de de muitos pa�ses ao limite, a situa��o em Cuba se tornou mais cr�tica devido a problemas estruturais que seu sistema de sa�de j� enfrentava, mesmo antes do coronav�rus.

"A pandemia de covid-19 foi a gota d'�gua", disse Rodolfo Stusser, um pesquisador independente que foi assessor do Minist�rio da Sa�de de Cuba, � BBC News Mundo.

Embora o governo atribua a situa��o atual ao embargo, as san��es dos Estados Unidos existem h� mais de 60 anos e, nesse per�odo, a ilha conseguiu construir um sistema de sa�de reconhecido internacionalmente, com profissionais altamente qualificados e um servi�o p�blico e universal.

"Cuba alcan�ou importantes conquistas de sa�de ao longo das d�cadas para um pa�s com seu n�vel de desenvolvimento econ�mico, em termos de seu modelo preventivo, acesso a cuidados m�dicos e alguns indicadores-chave de sa�de e biotecnologia", disse Elizabeth Kath, professora do Instituto Real Universit�rio de Tecnologia em Melbourne, na Austr�lia, e autora de um livro sobre s sociedade e o sistema de sa�de cubano.

Steven Ullmann, chefe do Departamento de Pol�tica de Sa�de e Gest�o da Sa�de da Universidade de Miami e estudioso do sistema de sa�de cubano, destaca que a ilha conseguiu formar um grande n�mero de "profissionais de sa�de muito bem preparados" e que conseguiu "uma propor��o muito alta de m�dicos de atendimento em rela��o � popula��o".

"Eles t�m um conceito de aten��o prim�ria muito bem desenvolvido. Tamb�m conseguiram criar seu pr�prio setor farmac�utico e o fizeram de forma relativamente eficaz. Tamb�m estabeleceram alian�as com setores farmac�uticos em todo o mundo, at�, ocasionalmente, com os EUA", afirma.

Mas, segundo Ullman, a situa��o atual do coronav�rus tem refletido um problema maior que j� come�ava a se evidenciar: "N�o existe uma infraestrutura que suporte o que, em tese, seria um sistema de atendimento m�dico relativamente bom".

Segundo vídeos nas redes sociais, alguns pacientes tiveram que dormir até no chão(foto: Facebook)
Segundo v�deos nas redes sociais, alguns pacientes tiveram que dormir at� no ch�o (foto: Facebook)

"Depois que Cuba perdeu o financiamento que recebia da Uni�o Sovi�tica, as coisas come�aram a piorar, pois o pa�s entrou em crise e perdeu liquidez em moeda estrangeira. Isso tem limitado os investimentos no setor de sa�de. E, nos �ltimos anos, pa�ses aliados, como R�ssia e China, est�o mais relutantes em vender produtos para eles devido � frequente inadimpl�ncia ", disse o especialista.

A crise na Venezuela, um importante aliado da ilha, tamb�m contribuiu para a situa��o atual e ao que o especialista define como "colapso".

"Como resultado, n�o s� a maioria dos hospitais est� em condi��es prec�rias, mas eles carecem at� de alguns produtos b�sicos para qualquer hospital, que v�o desde chapas de raios-X ou seringas at� simples como aspirina para baixar a febre", diz ele.

Beatriz �lvarez Ortiz, especialista em drogas da Dire��o de Sa�de de Matanzas, reconheceu ao jornal oficial Gir�n a falta de paracetamol ou ibuprofeno para tratar casos de covid "por falta de mat�ria-prima".

Ela tamb�m explicou que o interferon, uma das terapias usadas para pacientes com coronav�rus, n�o poderia continuar a ser usado para todos os pacientes porque "a demanda � maior do que a capacidade de produ��o".

Diante dessa situa��o, muitos cubanos recorreram �s redes sociais para buscar rem�dios, seja na forma de doa��o ou pagando altos pre�os no mercado paralelo.

A BBC News Mundo conversou com parentes de um paciente de covid-19 que teve que pagar cerca de US$ 66 por seis comprimidos de azitromicina, um antibi�tico prescrito em alguns casos da doen�a (que n�o atua diretamente contra o coronav�rus) e que � raro na maioria dos hospitais.

Ullman destaca que as condi��es em que se encontram grande parte dos hospitais do pa�s, principalmente nas prov�ncias, contrastam com servi�os que s�o oferecidos a funcion�rios p�blicos ou turistas.

"A qualidade do tratamento e das instala��es desses hospitais, onde se tratavam Ch�vez ou Maradona, contrasta com a que atende grande parte da popula��o. Isso gera um sistema muito desigual para a maioria", acrescentou.

Outros problemas

Segundo Kath, al�m das condi��es materiais, dos problemas de infraestrutura e de acesso a rem�dios e insumos, o sistema de sa�de cubano tamb�m tem enfrentado outros problemas, entre eles os baixos sal�rios dos m�dicos e eventuais fugas da ilha.

"O sistema de sa�de j� passava por um momento dif�cil, ent�o a covid n�o � a �nica causa dos problemas atuais", afirma.

"� justo considerar que Cuba n�o � um pa�s rico (portanto, seu sistema de sa�de n�o se compara com o de muitos pa�ses industrializados), e o embargo dos Estados Unidos tem um impacto significativo, mas h� muitas contribui��es internas para os problemas do sistema", diz.

Os cubanos geralmente têm que esperar em longas filas para ter acesso a produtos básicos durante a pandemia(foto: AFP)
Os cubanos geralmente t�m que esperar em longas filas para ter acesso a produtos b�sicos durante a pandemia (foto: AFP)

"Tudo piora com a covid-19, o colapso da ind�stria do turismo, a falta de alimentos e suprimentos, a crise econ�mica e pol�tica e a impossibilidade de parentes no exterior enviarem dinheiro ou ajuda", afirma.

"Posso imaginar a perda de esperan�a, frustra��o, fome e desespero que tantas pessoas est�o experimentando", acrescenta.


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