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Estado de Minas MUNDO

Mudan�a clim�tica: como � viver onde faz 50�C?

A BBC conversou com pessoas ao redor do mundo sobre como o calor extremo est� mudando suas vidas


31/10/2021 20:33 - atualizado 31/10/2021 20:34

Imagem mostrando alguém olhando para o sol e ao lado de uma foto da Terra
(foto: Getty Images/BBC)
A crise clim�tica n�o � mais uma preocupa��o sobre o futuro. Em muitas partes do mundo, ela j� come�ou.

 

O ano de 2021 foi o mais quente j� registrado. Milh�es de pessoas est�o vivendo em temperaturas extremas, enfrentando uma amea�a crescente de enchentes ou inc�ndios florestais.

 

A seguir, cinco pessoas em diferentes partes do mundo explicam como as temperaturas extremas mudaram suas vidas.

'Temos muitas noites sem dormir'

Mulher enxugando o suor da testa
Em casas como a de Shakeela, as temperaturas agora chegam a 46�C (foto: BBC)

 

Shakeela Bano costuma colocar as roupas de cama de sua fam�lia na laje de sua casa de um andar na �ndia. � que algumas noites s�o muito quentes para dormir dentro de casa. Mas a superf�cie pode estar quente demais para andar.

 

"� muito dif�cil", diz ela. "Temos muitas noites sem dormir."

 

Shakeela mora com o marido, a filha e tr�s netos em um quarto sem janelas em Ahmedabad. Eles t�m apenas um �nico ventilador de teto para mant�-los frescos.

 

Com a mudan�a clim�tica, muitas cidades na �ndia est�o agora atingindo 50°C.

 

As �reas densamente povoadas e constru�das s�o particularmente afetadas por algo conhecido como efeito de ilha de calor urbana. Materiais como concreto prendem e irradiam calor, elevando as temperaturas. E n�o h� tr�gua � noite, quando pode, na verdade, ficar mais quente.

 

Em casas como a de Shakeela, as temperaturas agora chegam a 46°C. Ela fica tonta com o calor. Seus netos sofrem de erup��es cut�neas, exaust�o pelo calor e diarreia.

 

Os m�todos tradicionais para se manter fresco, como beber �gua com lim�o, n�o funcionam mais. Em vez disso, eles pediram dinheiro emprestado para pintar o telhado de sua casa de branco. As superf�cies brancas refletem mais luz do sol e uma camada de tinta branca no telhado pode reduzir as temperaturas internas em 3 a 4 graus.

 

Para Shakeela, a diferen�a � enorme; o quarto � mais fresco e as crian�as dormem melhor. "Ele n�o dormia durante a tarde", diz ela, apontando para o neto adormecido. "Agora ele pode adormecer em paz."

'Quente como fogo'

Sidi Fadoua
Para evitar temperaturas acima de 45�C no ver�o, Sidi come�ou a trabalhar � noite (foto: BBC)

"Eu venho de um lugar quente", diz Sidi Fadoua. Mas o calor no norte da Maurit�nia, no oeste da �frica, agora � quente demais para muitas pessoas viverem e trabalharem. O calor aqui n�o � normal, diz ele. "� como fogo."

 

Sidi, de 44 anos, mora em uma pequena vila perto dos limites do Saara. Ele trabalha como mineiro de sal em locais pr�ximos. O trabalho � �rduo e fica mais dif�cil � medida que a regi�o esquenta devido �s mudan�as clim�ticas. "N�o podemos suportar tais temperaturas", diz ele. "N�o somos m�quinas."

 

Para evitar temperaturas acima de 45°C no ver�o, Sidi come�ou a trabalhar � noite.

 

As perspectivas de emprego s�o escassas. Aqueles que antes ganhavam a vida criando gado n�o podem mais fazer isso - n�o h� plantas para as ovelhas e cabras pastarem.

 

Assim como um n�mero cada vez maior de seus vizinhos, Sidi tem planos de migrar para a cidade costeira de Nouadhibou, onde a brisa do mar mant�m a cidade mais fresca. Os moradores locais podem pegar uma carona l� em um dos trens mais longos do mundo, levando min�rio de ferro para a costa.

 

"As pessoas est�o se mudando daqui", explica Sidi. "N�o aguentam mais o calor."

 

A rota de 20 horas � perigosa. Os moradores locais podem sentar-se no topo das carruagens, onde s�o expostos ao calor e � luz solar durante o dia, antes que as temperaturas caiam muito � noite.

 

Em Nouadhibou, ele espera encontrar trabalho na ind�stria pesqueira. A brisa pode trazer al�vio, mas com o n�mero cada vez maior de pessoas escapando do calor do deserto, � mais dif�cil encontrar oportunidades de trabalho. Sidi continua esperan�oso.

'Como voc� acaba com um inferno?'


Patrick Michell
Patrick Michell come�ou a notar mudan�as preocupantes na floresta perto de sua reserva em British Columbia, no Canad�, h� mais de tr�s d�cadas (foto: BBC)

Patrick Michell, chefe do Kanaka Bar First Nation, come�ou a notar mudan�as preocupantes na floresta perto de sua reserva em British Columbia, no Canad�, h� mais de tr�s d�cadas. Havia menos �gua nos rios e os cogumelos pararam de crescer.

 

Neste ver�o, seus medos se tornaram realidade. Uma onda de calor estava varrendo a Am�rica do Norte. Em 29 de junho, sua cidade natal, Lytton, bateu recordes, chegando a 49,6ºC. No dia seguinte, sua esposa enviou-lhe a foto de um term�metro que indicava 53ºC. Uma hora depois, sua cidade estava em chamas.

 

Sua filha, Serena, gr�vida de oito meses, correu para colocar seus filhos e animais de estima��o no carro: "Sa�mos com as roupas do corpo. As chamas tinham tr�s andares de altura e estavam bem ao nosso lado."

 

Patrick correu de volta para ver se poderia salvar a casa. Ele cresceu lidando com inc�ndios florestais. Mas, assim como o clima, os inc�ndios tamb�m mudaram. "N�o s�o mais inc�ndios florestais, s�o infernos", diz ele. "Como voc� acaba com um inferno?"

 

Apesar das circunst�ncias familiares, Patrick v� o que aconteceu como uma oportunidade: "Podemos reconstruir Lytton para o meio ambiente que est� por vir nos pr�ximos 100 anos. � assustador, mas em meu cora��o existe esse otimismo."

'Quando eu era crian�a, n�o era assim'


Joy
"Quando eu era crian�a, o clima n�o era assim", diz Joy, que mora no Delta do N�ger (foto: BBC)

"Quando eu era crian�a, o clima n�o era assim", diz Joy, que mora no Delta do N�ger, na Nig�ria. A regi�o � uma das mais polu�das da Terra, e os dias e noites mais quentes est�o aumentando.

 

Joy sustenta sua fam�lia usando o calor de chamas a g�s para secar tapioca e vender o produto em um mercado local. "Eu tenho cabelo curto", explica Joy, "porque se eu deixar meu cabelo crescer, ele pode queimar minha cabe�a se a chama mudar de dire��o ou explodir."

 

Mas as chamas s�o parte do problema. As empresas petrol�feras as usam para queimar o g�s que � liberado do solo quando fazem a prospec��o de petr�leo. As chamas, que atingem 6 metros (20 p�s) de altura, s�o uma fonte significativa de emiss�es globais de CO2, que contribuem para as mudan�as clim�ticas.

 

A mudan�a clim�tica teve um impacto devastador aqui, transformando terras f�rteis em desertos no norte, enquanto enchentes repentinas atingiram o sul. As pessoas n�o se lembram de um clima t�o extremo enquanto cresciam.

 

"A maioria das pessoas aqui n�o est� bem informada o suficiente para explicar por que o clima est� mudando rapidamente", diz Joy. "Mas suspeitamos das chamas cont�nuas."

 

Ela quer que o governo pro�ba a queima de g�s, embora dependa disso para sustentar sua fam�lia.

 

Quase nenhuma riqueza do petr�leo foi reinvestida na Nig�ria, onde 98 milh�es de pessoas vivem na pobreza. Isso inclui Joy e sua fam�lia. Por cinco dias de trabalho, eles ganham o equivalente a R$ 30 de lucro.

Ela n�o est� otimista quanto ao futuro. "Acho que a vida (na Terra) est� chegando ao fim."

'Este calor n�o � normal'

Om Naief
Om Naief mora no Oriente M�dio, que est� esquentando mais r�pido do que grande parte do mundo (foto: BBC)

Seis anos atr�s, Om Naief come�ou a plantar �rvores em um peda�o de deserto perto de uma rodovia. Funcion�ria p�blica aposentada do Kuwait, ela estava preocupada com as temperaturas cada vez mais severas do ver�o e o agravamento das tempestades de poeira.

 

"Falei com alguns funcion�rios. Todos disseram que era imposs�vel plantar algo na areia", diz ela. "Disseram que a terra era arenosa e a temperatura muito alta. Eu queria fazer algo que surpreendesse a todos."

 

Om mora no Oriente M�dio, que est� esquentando mais r�pido do que grande parte do mundo. O Kuwait caminha para temperaturas insuport�veis %u200B%u200B- costuma ser mais quente do que 50°C. Algumas previs�es sugerem que a temperatura m�dia aumentar� 4°C at� 2050. No entanto, a economia do Kuwait � dominada pelas exporta��es de combust�veis f�sseis.

 

Os dois canteiros que Om plantou s�o modestos, mas t�m um prop�sito. "As �rvores protegem da poeira, eliminam a polui��o, limpam o ar e reduzem as temperaturas", diz ela. Ouri�os-terrestres e lagartos de cauda espinhosa agora visitam o local. "H� �gua doce e sombra. � uma coisa linda."

 

Alguns kuwaitianos est�o pedindo agora que um cintur�o verde em grande escala seja plantado pelo governo. A esperan�a compartilhada � que o Kuwait esteja pronto para se posicionar contra a crise clim�tica. Om diz que eles devem proteger a terra e n�o deix�-la secar.

 

"Este calor n�o � normal", conclui Om. "Esta � a terra dos nossos pais. Devemos retribuir, porque ela nos deu muito."

 

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