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Covid: 'Quem n�o tem imunidade pela vacina��o se transforma em f�brica de variantes'

Em entrevista � BBC News Mundo, John Swartzberg, professor em�rito da cadeira de doen�as infecciosas e vacina��o da Universidade da Calif�rnia em Berkeley, nos Estados Unidos, alerta sobre risco representado por pessoas que n�o se vacinam.


17/12/2021 10:45

Ômicron
Em entrevista � BBC News Mundo, John Swartzberg, alerta sobre o risco representado por pessoas que n�o se vacinam. (foto: Getty Images)

A descoberta da variante �micron na �frica do Sul no fim de novembro levantou novas inc�gnitas sobre a pandemia em todo o mundo.

Seu surgimento tamb�m ocorre em um momento em que metade do mundo est� vacinada, mesmo com doses de refor�o, e a outra metade tem taxas de inocula��o baixas ou muito baixas.

O m�dico John Swartzberg, professor em�rito da cadeira de doen�as infecciosas e vacina��o da Universidade da Calif�rnia em Berkeley, nos Estados Unidos, argumenta que n�o ter conseguido uma vacina��o massiva a n�vel planet�rio, seja por falta de acesso �s doses em alguns pa�ses, al�m da rejei��o � imuniza��o em outros, gera milh�es de f�bricas virais, uma para cada um desses indiv�duos.

Ser�o eles que produzir�o a pr�xima variante do coronav�rus, diz Swartzberg.

O especialista acredita que, al�m disso, o hemisf�rio norte pode sofrer nas pr�ximas semanas o que ele chama de "tridemia", ou seja, tr�s pandemias ao mesmo tempo, e acredita que a variante que aparecer� no mundo ap�s a �micron ser� uma que transformar� o SARS-CoV-2 de uma pandemia a uma endemia.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Swartzberg � BBC News Mundo, o servi�o de not�cias em espanhol da BBC.

BBC News Mundo: Como o senhor analisa o curso da pandemia tr�s semanas ap�s a detec��o da �micron na �frica do Sul?

John Swartzberg: Tenho uma imagem muito clara das possibilidades para as pr�ximas seis a oito semanas e estou muito preocupado com tempos potencialmente dif�ceis, mais dif�ceis do que os que estamos passando agora.

Nos Estados Unidos e em grande parte do mundo, estamos vendo um ressurgimento da (variante) delta agora. A pandemia delta n�o acabou, apesar de o notici�rio falar muito na �micron. Ainda estamos no meio de uma pandemia de variante delta que est� causando morbidade e mortalidade significativas, e ent�o sobreposto a isso est� a �micron.

H� uma semana, nos Estados Unidos, 0,7% dos casos estava relacionado � �micron; agora, essa taxa � de 2,8%, quatro vezes mais. Se continuar assim, vamos ver a �micron como a variante dominante nos Estados Unidos no in�cio de janeiro, enquanto ainda estamos lidando com a delta. Isso � chamado de pandemia dupla.

Mas minha preocupa��o � que n�o s� teremos uma pandemia dupla, mas teremos uma tridemia: �micron mais delta mais influenza.

No ano passado, tivemos pouco cont�gio de gripe, tanto no hemisf�rio norte como no hemisf�rio sul, mas este ano pode ser mediano. Em um ano m�dio, temos algumas centenas de milhares de hospitaliza��es e entre 25 mil e 35 mil mortes em excesso (mortes al�m do previsto) nos Estados Unidos.

Se tivermos a �micron, a delta e a influenza ao mesmo tempo nestes meses de dezembro, janeiro e fevereiro, poderemos realmente estar em uma posi��o muito dif�cil nas pr�ximas oito ou dez semanas nos Estados Unidos.

BBC News Mundo: O senhor acredita que as pessoas agora est�o mais tranquilas em rela��o �s medidas n�o farmacol�gicas contra a Covid-19 e � por isso que a gripe vai voltar?

Swartzberg: Se voc� tivesse me perguntado antes da �micron, a resposta seria "sim". Houve um grande surto de gripe no m�s passado na Universidade de Michigan e tamb�m na Universidade de Wisconsin. Isso aconteceu porque as pessoas estavam mais relaxadas e a gripe se espalha da mesma forma que a Covid-19.

Mas se voc� me perguntar agora, quando as pessoas est�o preocupadas com a �micron e v�o tomar a dose de refor�o ou se vacinarem pela primeira vez por causa desse medo, espero que isso tamb�m leve as pessoas a tomarem a vacina contra a gripe e a serem mais cuidadosas.

Portanto, n�o tenho certeza se posso dizer que as pessoas est�o mais relaxadas agora. Direi que, sem d�vida, a �micron chegou em uma �poca ruim do ano, porque o frio (no inverno) leva as pessoas a ficarem em casa e isso � perigoso. Al�m disso, � a temporada de f�rias, quando as pessoas costumam viajar e se reunir para comemorar. � o momento perfeito para o espalhamento da �micron, mas � muito ruim para n�s.

BBC News Mundo: Quase a metade da popula��o do planeta completou o esquema vacinal. Qual � o risco para as pessoas que ainda n�o foram vacinadas?

Swartzberg: Quando pessoas que n�o t�m imunidade contra esse v�rus s�o infectadas, elas se tornam f�bricas de v�rus; eles produzem bilh�es de part�culas virais. E se as pessoas s�o f�bricas de v�rus, elas se tornam f�bricas de variantes, porque algumas dessas bilh�es de part�culas virais ser�o uma variante.

A maioria das variantes n�o tem �xito, mas algumas ter�o. Esse � claramente o nosso problema. N�o temos pessoas suficientes com imunidade, o que permite que o v�rus continue a encontrar um lar em humanos que funcionam como f�bricas virais para produzir mais part�culas virais, e isso significa mais variantes.

A �nica maneira de quebrar esse ciclo � vacinar os humanos a uma taxa muito maior do que temos em todo o mundo hoje. � in�til para os EUA vacinarem toda a sua popula��o se o restante do mundo n�o for vacinado. O v�rus n�o reconhece nacionalidades. Ele simplesmente procurar� e encontrar� humanos para infectar. Onde quer que estejam, ele estar� l�; nos Estados Unidos, na Am�rica do Sul, na �frica ou em qualquer outro lugar.

BBC News Mundo: O que o senhor espera de uma variante futura? Deve ser menos prejudicial do que a �micron?

Swartzberg: Geralmente, um v�rus respirat�rio me faz espirrar e tossir, mas n�o me faz sentir muito mal, porque se eu tiver febre alta, dores terr�veis no corpo e n�o conseguir sair da cama, n�o infectarei outras pessoas. Se os sintomas forem m�nimos, mas s� produzir tosse e espirros, ainda assim irei trabalhar e fazer coisas com outras pessoas. Isso espalha o v�rus e � o seu cen�rio ideal.

Se com a �micron o coronav�rus evoluiu para um v�rus menos s�rio, essa evolu��o pode continuar e se tornar mais benigna. Seria uma coisa muito boa.

Tubo de ensaio com etiqueta da ômicron
Variante �micron do coronav�rus foi detectada pela primeira vez na �frica do Sul (foto: Getty Images)

BBC News Mundo: A �micron pode ser ent�o o prel�dio para transformar a pandemia em endemia?

Swartzberg: Pode ser. Depender� de qu�o benigna � a doen�a que causa. N�o � poss�vel prever qual ser� seu comportamento al�m de dois meses, mas uma possibilidade � que a �micron seja t�o transmiss�vel que infecte quase todo o planeta. E se n�o se tornar uma doen�a realmente s�ria, pode se tornar end�mica.

Mas meu palpite � que a �micron ser� primeiro substitu�da por outra variante, que estar� mais sujeita a se tornar uma infec��o end�mica. Em qualquer caso, este v�rus, o SARS-CoV-2, tem muitos truques na manga, continua a mostrar esses truques e continua a surpreender-nos. N�o tenho ideia de quanto tempo vai demorar, mas sei que vamos chegar l�.

BBC News Mundo: At� quando o senhor acredita que os casos, hospitaliza��es e mortes por Covid-19 deveriam ser contabilizados?

Swartzberg: Enquanto for uma doen�a grave e amea�ar a capacidade de nossos sistemas de sa�de, devemos monitor�-la de perto em rela��o a esses tr�s par�metros. Uma vez que se torne uma doen�a muito mais benigna, n�o ameace a capacidade de nossos hospitais e tenhamos muito menos mortes, podemos relaxar.

BBC News Mundo: Alguns antivacinas afirmam que a vacina��o � in�til porque as pessoas vacinadas tamb�m ficam doentes e transmitem a doen�a. Qual � a sua opini�o sobre isso?

Swartzberg: V� a qualquer hospital agora ou a uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e veja quem est� hospitalizado com covid. Existem entre 10 e 15 pacientes n�o vacinados para cada vacinado. � verdade que as pessoas podem contrair a infec��o apesar de terem sido vacinadas e sim, estamos vendo mais infec��es com �micron nos vacinados, mais do que vimos com a delta (e, por sua vez, mais do que com a alpha). Tudo isso � muito verdadeiro. Mas essas infec��es nos vacinados s�o muito menos graves e geralmente n�o levam as pessoas ao hospital.

H� 13 ou 14 meses, fal�vamos sobre o fato de que as vacinas precisariam de 50% de efic�cia contra o cont�gio para serem aprovadas pela OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de). Algumas foram 95% eficazes, o que excedeu em muito as nossas expectativas. E n�o s� isso. Elas tamb�m estavam evitando a transmiss�o, ent�o estavam fazendo muito mais do que esper�vamos, e todos estavam pensando: "Uau, isso � �timo! Isso � o que podemos esperar das vacinas."

Francamente, essa era uma expectativa irreal e tem sido decepcionante que as vacinas n�o previnam infec��es como gostar�amos. No entanto, felizmente, elas nos protegem contra hospitaliza��o e morte.

BBC News Mundo: Algumas pessoas receberam duas doses, mas n�o querem mais uma terceira.

Swartzberg: Esta � uma pandemia em evolu��o, e nossa compreens�o de como as vacinas funcionam melhor e como us�-las da melhor forma ainda est� evoluindo. O fato de agora precisarmos de uma terceira dose � uma realidade. E podemos precisar de outra em seis meses ou um ano, dois ou 10. Ningu�m tem a resposta neste momento.

De qualquer forma, acho que h� uma boa chance de n�o precisarmos de outra dose por muito tempo depois da terceira. Mas essa � a realidade. Isso � o que precisamos entender.

Afinal, depois de algum tempo ap�s receber as duas doses, a imunidade diminui e precisamos de uma terceira para continuar vivos e manter nossos entes queridos vivos. Ent�o vacine-se. Podemos n�o precisar de uma quarta dose, mas � uma possibilidade e, se precisarmos, teremos que receber uma quarta dose. � isso que devemos fazer quando estamos no meio de uma pandemia.


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