(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Assentada da Bahia colhe �gua da chuva para beber e sonha com uma cisterna


postado em 08/03/2011 14:47

Ouvir o relato de Almerinda Gon�alves da Silva, moradora do Assentamento Esplanada, localizado na �rea rural do munic�pio de S�o Gabriel, a 60 quil�metros de Irec�, no sert�o da Bahia, � ter a certeza de estar em frente a uma sobrevivente da seca. Com 59 anos, Almerinda n�o vai mais para a ro�a com os demais companheiros do assentamento.

H� cinco anos, ela tirou uma das mamas e h� tr�s anos o �tero, atingidos pelo c�ncer. A maior luta de Dona Almerinda, como � tratada pelas 20 fam�lias, � a cotidiana busca por �gua. “Fa�o o que posso para conseguir �gua”, disse ao suspender o pano branco que cobre cada vasilhame que ela espalha pela assentamento para captar a chuva, �nica forma de conseguir com recursos pr�prios �gua em condi��es de consumo.

Como se n�o bastasse o c�ncer que a levou a duas cirurgias, Almerinda precisou recentemente passar por uma nova interven��o m�dica para a retirada da ves�cula. A sucess�o de interven��o cir�rgicas agu�ou a busca de Almerinda por �gua. “Os m�dicos disseram que a causa de tudo isso era a �gua ruim”, afirmou. Hoje, o seu maior sonho � ser beneficiada com uma cisterna para acumular �gua da chuva.

Em meio � car�ncia de tudo e o tratamento para o controle do c�ncer que obriga Almerinda a viajar uma vez a cada seis m�s para se consultar em Bras�lia, a vida da agricultora acaba fazendo diferen�a paras as 20 fam�lias do assentamento. “Se n�o fosse a �gua de dona Almerinda, acho que a gente j� tinha virado pedra”, disse Ant�nio Barbosa, de 64 anos.

Eventualmente, um caminh�o pipa do Ex�rcito leva �gua para os moradores do assentamento que existe h� dez anos. Mas a quantidade � insuficiente para atender as fam�lias por mais de 15 dias. Na semana passada, dia em que a presidenta Dilma Rousseff anunciou, em Irec�, o reajuste para o Programa Bolsa Fam�lia, como parte da programa��o comemorativa do m�s da mulher, os moradores do assentamento se queixaram que n�o viam o caminh�o h� 45 dias.

Canteiros

De t�o salobra, a �gua do po�o artesiano serve apenas para irrigar os canteiros. A press�o, quando a bomba do po�o est� ligada, � t�o forte que chega a vazar pelo mecanismo de registro. Em pouco tempo, os moradores observam que formam-se cristais de sal no registro e entendem que se continuarem a consumir essa �gua ficar�o doentes. “Se isso se forma aqui, vai se acumular dentro da gente tamb�m”, diz Ant�nio Barbosa ao retirar do registro do po�o artesiano os res�duos de sal que se acumulam formando uma crosta.

O sal acumulado j� provocou pedras renais em quase todos os moradores do assentamento que acabam tendo que beber a �gua puxada do len�ol fre�tico por meio de bombas. “N�o d� para cozinhar. Quando o feij�o est� um pouco mais duro, fica horas fervendo nessa �gua e n�o amolece”, contou Almerinda.

O Assentamento Esplanada � formado por 28 casas, 20 delas ocupadas, constru�das em volta de um campo, localizado em uma regi�o das mais pobres da Bahia. O solo arenoso � coberto pela vegeta��o de Caatinga.

O Esplanada ocupa uma �rea de 27 mil quil�metros quadrados de semi�rido, � considerada pelo governo um Territ�rio de Cidadania. A principal cidade dessa regi�o � Irec�. A popula��o total do territ�rio � de mais de 400 mil habitantes. Desses, 160.241 vivem na �rea rural, o que corresponde a 40,03% do total. O �ndice de Desenvolvimento Humano da regi�o � baixo: 0,61.

A regi�o � formada ainda por 20 munic�pios menores: Central, Gentio do Ouro, Itagua�u da Bahia, Jo�o Dourado, Xique-Xique, Am�rica Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Ibipeba, Ibitit�, Ipupiara, Irec�, Jussara, Lap�o, Mulungu do Morro, Presidente Dutra, S�o Gabriel e Uiba�.

Dilma e Lula

Antes da visita da presidente Dilma, os moradores debateram suas demandas e conclu�ram que o acesso � �gua de qualidade � um problema comum a todos. No entanto, as propostas de grandes obras estruturais para levar �gua � regi�o n�o conta com tanta simpatia dos moradores que preferem a��es mais imediatas. Eles querem uma Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) espec�fico para o sert�o.

A refer�ncia pelo PAC, lan�ado no governo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva com o objetivo de fazerr grandes obras de infraestrutura, � simb�lica. Ao contr�rio do programa original, com vis�o macro dos principais gargalos do Brasil, o PAC do Sert�o defende a��es “no varejo”. Os moradores necessitam de um conjunto de obras e a��es para acesso � �gua, incentivos ao cooperativismo, financiamento de d�vidas agr�colas, linha de cr�dito agr�cola, investimentos em forma��o t�cnica, creches e escolas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)