As crian�as que testemunharam nesta quinta-feira o assassinato de colegas por um ex-aluno em uma escola municipal do Rio de Janeiro v�o precisar de tempo e ajuda psicol�gica para retomar o cotidiano. O per�odo de luto e de readapta��o pode variar entre as crian�as e depende das condi��es psicol�gicas e psiqui�tricas e dos parentes de cada uma, segundo especialistas.
O psiquiatra e professor do Departamento de Psicologia M�dica e Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antonio Carvalho de �vila Jacintho, disse que � preciso respeitar o luto para que as crian�as e os adultos que presenciaram a trag�dia possam tentar assimilar o ocorrido.
%u201CA escola precisa ficar fechada para que esses jovens possam elaborar o que aconteceu. Sempre que passamos por uma trag�dia, principalmente as coletivas, isso desperta uma como��o maior, � necess�rio um tempo para tentar elaborar e, na medida do poss�vel, entender quais as motiva��es para o fato%u201D.
Ap�s o trauma � poss�vel que as crian�as apresentem sintomas de estresse e depress�o, de acordo com o m�dico, mas nem todas reagir�o da mesma forma nem � poss�vel prever o tempo que cada uma levar� para a retomar a vida normal.
%u201CAs respostas de cada crian�a s�o muito particulares. Uma crian�a que tem funcionamento mental mais pr�ximo da normalidade e estrutura familiar mais presente, ter� progn�stico de rea��o melhor diante dessa situa��o traum�tica. Uma crian�a que tenha fragilidade, fobia, algum tipo de transtorno, pode ter maior dificuldade em elaborar esse processo. Mas para ambas � preciso um tempo para elaborar o que aconteceu%u201D, compara o m�dico.
%u201CAs pessoas reagem de maneiras diferentes. Algumas paralisam, algumas s�o mais sens�veis. Mas pouco a pouco v�o voltar ao que a gente chama de normalidade, de cotidiano normal%u201D, acrescenta a professora do Departamento de Psicologia Cl�nica da Universidade S�o Paulo (USP), Ivonise Fernandes da Mota.
Al�m do atendimento psic�logo e psiqui�trico paras as crian�as, os adultos envolvidos na trag�dia tamb�m precisar�o de suporte para superar o trauma, segundo Jacintho. %u201CA escola tamb�m vai precisar de receber algum tipo de ajuda para que possa enfrentar essa situa��o retomar a normalidade. Os professores, diretores, pessoas no comando v�o ter que ter assist�ncia para poderem elaborar, lidar com essa situa��o%u201D.
O epis�dio, na avalia��o do especialista da Unicamp, deve estimular o debate da sociedade sobre valores, principalmente entre os jovens. %u201CVivemos uma cultura onde a viol�ncia tem sido bastante valorizada, h� identifica��o com figuras muito violentas. Entre os jovens, ser violento � um s�mbolo de for�a, de poder, de virilidade, de pot�ncia%u201D.
Para Ivonise Mota, a trag�dia, por mais traum�tica que seja, n�o pode ser esquecida. %u201CEsquecer pode ser um al�vio, mas, nessa situa��o, � necess�rio que a mem�ria seja preservada e que a gente possa refletir com bastante seriedade. Estamos sujeitos a muitas viol�ncias, de v�rias ordens. Precisamos parar e refletir sobre o que isso significa em um n�vel mais amplo, de comunidade, de sociedade%u201D.