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Estado de Minas

C�psula em ferro-velho desencadeou acidente com c�sio-137 em Goi�nia


postado em 26/04/2011 07:58



Vítimas foram enterradas em caixões de chumbo para conter radiação(foto: Arquivo pessoal/Odesson Alves Ferreira )
V�timas foram enterradas em caix�es de chumbo para conter radia��o (foto: Arquivo pessoal/Odesson Alves Ferreira )
O acidente com o c�sio-137 atingiu Goi�nia a partir de 13 de setembro de 1987, quando uma c�psula com 19 gramas do elemento radioativo foi aberta em um ferro-velho.

Quatro pessoas morreram no m�s seguinte devido � exposi��o aguda � radia��o. Este � o n�mero oficial de mortes considerado pela Secretaria da Sa�de do Estado de Goi�s, que tem hoje 943 v�timas cadastradas para receber acompanhamento no Centro de Assist�ncia aos Radioacidentados Leide das Neves Ferreira (fundado no ano seguinte para atender a popula��o afetada).

Mas a Associa��o de V�timas do C�sio-137 estima que o acidente tenha causado 81 mortes, e contaminado ou irradiado outras 1,5 mil pessoas – incluindo militares, bombeiros e profissionais de sa�de que entraram em cena para remediar o acidente.

Segundo a Comiss�o Nacional de Energia Nuclear (CNEN), os 19 gramas de material radioativo geraram 6 mil toneladas de lixo at�mico, volume composto por casas demolidas, roupas, m�veis, carros e objetos contaminados.

O epis�dio ocorreu no ano seguinte ao acidente de Chernobyl, quando a trag�dia nuclear estava fresca na mem�ria nacional. O caso n�o teve rela��o com uma usina nuclear, como na Ucr�nia, e sim com o abandono de um aparelho radioterap�utico que continha o material radioativo.

Deixado numa cl�nica abandonada, o aparelho foi vendido ao dono de um ferro-velho, Devair Ferreira, para reciclagem. Os 19 gramas de c�sio-137 contidos em uma c�psula foram manipulados e expostos a seus familiares, amigos e funcion�rios.

Nos dias seguintes, as pessoas afetadas come�aram a apresentar sintomas como v�mito e diarr�ia. A contamina��o s� foi descoberta 16 dias depois, permitindo que a radia��o se alastrasse para cidades vizinhas.

Na �poca, a CNEN examinou 112 mil pessoas e constatou que 249 delas tinham contamina��o externa ou interna. Pouco mais de um m�s depois, quatro pessoas morreram de s�ndrome aguda da radia��o.

Caix�es de chumbo

Segundo a CNEN, os 19 gramas de material radioativo geraram 6 mil toneladas de lixo atômico(foto: Arquivo pessoal/Odesson Alves Ferreira )
Segundo a CNEN, os 19 gramas de material radioativo geraram 6 mil toneladas de lixo at�mico (foto: Arquivo pessoal/Odesson Alves Ferreira )
Odesson Alves Ferreira, irm�o de Devair e presidente da Associa��o de V�timas do C�sio-137, lembra que as primeiras a morrer foram sua sobrinha, Leide das Neves, de 6 anos, e Maria Gabriela, esposa de Devair, no mesmo dia 23 de outubro. As v�timas foram enterradas em caix�es de chumbo para conter a radia��o.

Hoje, de acordo com a Secretaria Estadual de Sa�de de Goi�s, o Centro de Assist�ncia aos Radioacidentados Leide das Neves Ferreira (antiga Suleide) tem cadastradas 163 pessoas dos chamados grupo 1 e 2 – que tiveram contato mais pr�ximo com o elemento radioativo – e 780 do grupo 3, que abrange os policiais militares, bombeiros e funcion�rios do Cons�rcio Rodovi�rio Intermunicipal que trabalharam na �poca do acidente.

Diretor t�cnico do centro, o m�dico Jos� Ferreira Silva diz que algumas v�timas t�m sequelas f�sicas deixadas pelo acidente ou doen�as que podem ter sido causadas pela radia��o. Mas acrescenta que as doen�as mais comuns s�o as psicossom�ticas, as “sequelas de cunho psicol�gico do acidente”. “As pessoas n�o morreram com a radia��o, mas n�o sabem se podem ter um c�ncer daqui a pouco, um filho malformado, ficam esperando doen�as. Algumas perdem a atitude de resist�ncia � vida, ficam entregues, entram em depress�o, t�m todo tipo de doen�a”, diz.

“Tudo parece ser derivado n�o da radia��o, mas do acidente, ou seja, dessa peste de ter sido acidentado com uma coisa que n�o vai ter fim nunca. � uma situa��o dif�cil. A gente realmente n�o consegue deixar essa popula��o tranquila em rela��o a seu futuro”, acrescenta o m�dico.


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