O n�mero de reclama��es feitas pela popula��o sobre a presen�a massiva e indesej�vel de pombos dobrou nos �ltimos quatro anos no Rio de Janeiro. De acordo com dados do Centro de Controle de Zoonoses da capital fluminense, atualmente s�o registradas cerca de 80 a 100 ocorr�ncias por m�s. Em 2007, essa m�dia era de 40 registros.
Paulo Roberto da Silva, respons�vel pela limpeza do terra�o de um pr�dio no centro da cidade, convive com a situa��o diariamente e relata que o local � usado como moradia pelos pombos. “Tenho que limpar todos os dias e o cheiro � horr�vel. �s vezes t�m muitas fezes e quando bate sol o cheiro fica insuport�vel. Tem at� ninhos!”
Os ninhos e as fezes representam os maiores riscos nesse tipo de ambiente com grande aglomera��o de pombos. O excremento pode concentrar o fungo transmissor da doen�a Cryptococus que compromete o pulm�o e pode afetar o sistema nervoso central, causando alergias, micose e at� meningite. Para ocorrer o cont�gio, basta apenas que a pessoa inale a poeira das fezes secas dos animais.
Fernando Ferreira, respons�vel pelo Controle de Zoonoses do munic�pio do Rio de Janeiro, alerta que “o mais grave � que ela [a doen�a] se manifesta como uma gripe comum. Se a pessoa n�o falar com o m�dico que tem contato com pombos, que limpa as fezes, o m�dico n�o tem como fazer o diagn�stico preciso. A doen�a � muito parecida com a gripe e o resfriado e, quando se chega ao diagn�stico correto, a pessoa j� est� em est�gio muito avan�ado e precisa de um tratamento mais especializado”.
A pessoa contaminada pode apresentar febre, tosse, dor tor�cica, dor de cabe�a, sonol�ncia, rigidez da nuca, agita��o e confus�o mental. Os pombos tamb�m s�o respons�veis pela transmiss�o da toxoplasmose, histoplasmose, erisipela, salmonelose, candid�ase e aspergilose. O cont�gio ocorre sempre pela inala��o das fezes secas depositadas em caixas armazenadas, no ch�o, em beirais, em m�quinas ou em qualquer outro local. Outra forma de contamina��o � por meio dos piolhos dos pombos.
Em 2007, uma infesta��o de piolhos de pombos obrigou a dire��o da maternidade do Hospital Universit�rio Ant�nio Pedro, em Niter�i, regi�o metropolitana do Rio, a evacuar e fechar um andar inteiro do pr�dio. A infesta��o foi descoberta depois que o setor de enfermagem percebeu uma grande quantidade de piolhos da ave na janela.
Segundo o veterin�rio Fernando Ferreira, a interfer�ncia da popula��o que insiste em alimentar as aves � o principal agravante. “Isso reduz muito a vida de uma ave que teria uma dura��o de 15 a 25 anos e com esse tipo de alimenta��o [impr�pria] acaba vivendo 3 anos no m�ximo. Al�m disso, com a facilidade de alimento, ela esquece o h�bito de vida livre”, explicou Ferreira ao lembrar que esse costume � o que atrai aglomerados de pombos para as cidades.
Em Londrina, no Paran�, a superpopula��o da ave chegou ao limite. Em 2009, a prefeitura da cidade publicou um decreto proibindo os moradores de alimentar pombos. A situa��o de Londrina vem sendo tratada como de alto risco � sa�de p�blica e levou, no ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) a autorizar o abate das aves, abrindo uma exce��o � determina��o da Lei 9.605 (de 12/02/98), que considera os pombos animais dom�sticos ou j� domesticados, “levando qualquer a��o de controle que provoque a morte, danos f�sicos, maus tratos e apreens�o, pass�vel de pena reclusiva inafian��vel de at� 5 anos”.
Para o supervisor veterin�rio da Sociedade Uni�o Internacional Protetora dos Animais (Suipa), Izanag Ferreira, o Rio de Janeiro est� caminhando muito rapidamente para uma situa��o semelhante � de Londrina e que tudo depende de uma mudan�a de h�bito das pessoas. O veterin�rio da Suipa lembra que a institui��o defende a vida dessas aves e que existem meios de controle sem a necessidade de exterm�nio. “Se voc� n�o der comida e n�o der abrigo, ele [o pombo], por si s�, diminui a reprodu��o. Eles [pombos] n�o v�o morrer de fome porque n�o t�m milho, mas v�o migrar para outra regi�o atr�s de alimentos.”