Se o investimento em qualidade na educa��o brasileira fosse maior, o resultado seria menos crian�as e adolescentes vivendo em situa��es de risco ou de viol�ncia. A opini�o � do presidente da Funda��o Crian�a de S�o Bernardo do Campo (SP), Ariel de Castro Alves, e vice-presidente da Comiss�o Nacional da Crian�a e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Segundo o advogado, nos �ltimos anos, houve um aumento do n�mero de assassinatos de crian�as e adolescentes no pa�s. “H� cinco anos, 16 crian�as e adolescentes eram assassinados por dia. Atualmente, com base no �ltimo Mapa da Viol�ncia, s�o 21.”
Para Castro, � preciso investir cada vez mais na educa��o integral. “A crian�a e o adolescente deveriam cumprir um per�odo na escola e, no contraturno, fazerem cursos de inform�tica ou atividades na �rea de cultura, esporte e lazer. A partir dos 14 anos, elas tamb�m podem ser aprendizes”, disse � Ag�ncia Brasil.
O advogado ressaltou que, quando as crian�as e adolescentes encontram oportunidades e perspectivas na escola, diminuem os riscos de se envolverem a criminalidade e as drogas. “A crian�a que vai para as ruas come�a a ficar nos far�is como pedinte, limpando vidros e, aos poucos, come�a a ter contato com as drogas e com a explora��o sexual. A ociosidade, a falta de perspectivas e a frustra��o colaboram para que os adolescentes se envolvam com as drogas, com a criminalidade e situa��es de risco.”
Alves informou que h� atualmente cerca de 24 mil crian�as e adolescentes nas ruas, considerando-se somente as cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes. “Efetivamente, 80% delas n�o moram nas ruas, mas v�o para as ruas para conseguir dinheiro e contribuir no sustento dom�stico. Precisamos combater o trabalho infantil porque o trabalhador infantil de hoje, sem condi��es adequadas de prepara��o para o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, vai ser o desempregado de amanh�.”
Para ele, a quest�o do enfrentamento � viol�ncia contra crian�as e adolescentes ainda � um dos principais desafios do Estatuto da Crian�a e do Adolescente (ECA), que hoje (13) completa 21 anos. Ele citou avan�os, como a redu��o do trabalho e da mortalidade infantil, a diminui��o da gravidez na adolesc�ncia e a amplia��o do acesso das crian�as e adolescentes �s escolas. Mas ressaltou que ainda � preciso criar mecanismos para combater a viol�ncia que envolve crian�as e adolescentes, seja quando elas assumem o papel de v�tima, seja quando elas s�o protagonistas dos crimes. “� medida que o Estado exclui, o crime acaba incluindo.”
Al�m do investimento em educa��o, Alves defende que � necess�rio incluir os jovens em programas de est�gios, de aprendizagem ou profissionalizantes, preparando-os para o mercado de trabalho. “H� uma dificuldade muito grande para os adolescentes serem inclu�dos no mercado de trabalho ou em vagas de aprendizagem ou cursos t�cnicos e profissionalizantes”, disse.
Na opini�o dele, isso deveria ser proporcionado pelo governo e pelas empresas. “O Poder P�blico e as empresas podem ampliar as vagas de aprendizes e tamb�m de estagi�rios para que eles possam ingressar no mercado de trabalho bem preparados”, destacou. Para que os adolescentes n�o desistam de participar desses programas, Alves defendeu a cria��o de uma Bolsa Forma��o, que seria destinada principalmente �s crian�as e adolescentes de fam�lias mais carentes.