O governo brasileiro lan�a este m�s um programa para fazer testes r�pidos de HIV, s�filis e hepatites B e C em todas as aldeias ind�genas do pa�s. O objetivo � examinar, at� o fim de 2012, todos os �ndios com mais de 10 anos e encaminhar para o tratamento os que obtiverem resultados positivos.
Segundo o secret�rio especial de Sa�de Ind�gena do Minist�rio da Sa�de, Ant�nio Alves de Souza, resultados de um projeto piloto do programa, com a participa��o de 46 mil ind�genas do Amazonas e de Roraima, indicaram n�veis "preocupantes" de HIV e s�filis.
A preval�ncia de s�filis na popula��o ind�gena avaliada foi 1,43%, inferior � m�dia do resto do pa�s (2,1%). No caso do HIV, foi 0,1%, ante 0,6% da m�dia nacional.
Para Souza, ainda que inferiores aos �ndices nacionais, ambos os dados exigem aten��o por demonstrar que h� transmiss�o dos v�rus mesmo em popula��es isoladas, o que indica que seus integrantes mant�m contato com pessoas contagiadas fora das aldeias.
Em gestantes ind�genas, a preval�ncia de s�filis foi 1,03%, mais baixa do que as taxas encontradas em gr�vidas nos centros urbanos (1,6%). O �ndice de HIV em ind�genas gestantes foi 0,08%.
De acordo com o secret�rio, os kits para o teste garantem, com poucas gotas de sangue, a obten��o dos resultados em at� 30 minutos e podem ser transportados mesmo em condi��es de calor e umidade, fator essencial para que sejam levados �s aldeias mais remotas.
Antes, os ind�genas precisavam ser removidos para as �reas urbanas para a coleta de sangue e posterior an�lise dos resultados, o que podia levar at� 15 dias.
Os testes come�am a ser aplicados em aldeias de Minas Gerais, do Esp�rito Santo e de Mato Grosso nos dias 27 e 28 de agosto; nos meses seguintes, devem chegar aos demais estados.
Souza explica que os aplicadores est�o sendo treinados por cerca de 70 t�cnicos que participaram de um semin�rio em Bras�lia no m�s passado.
Em caso de resultados positivos para s�filis, a equipe dar� in�cio imediato ao tratamento; j� nos casos de HIV e hepatite, os ind�genas ser�o convidados a fazer testes de confirma��o no munic�pio mais pr�ximo. Se a doen�a for comprovada, ser�o tratados em unidades do Sistema �nico de Sa�de (SUS).
O secret�rio disse ainda que o programa tamb�m visa a informar os ind�genas sobre como as doen�as se transmitem e os modos de preven��o. Ele destacou que, para isso, os agentes ter�o de levar em conta as caracter�sticas culturais locais.
De acordo com Souza, h� culturas ind�genas que n�o aceitam o uso de preservativos e que o minist�rio ter� de trabalhar para que eles usem pelo menos quando se deslocarem � �rea urbana, em caso de contato com pessoas de fora.
Ele disse que, em certos grupos, as mulheres costumam ser mais resistentes ao uso da camisinha, quest�o que tamb�m deve ser abordada nas campanhas educativas.
A m�dica e idealizadora do programa, Adele Benzaken, da Funda��o Alfredo da Matta, disse que, no projeto piloto, quase 100% do p�blico-alvo concordou em fazer o teste.
Ela destacou que a acolhida aos tratamentos indicados para s�filis tem sido igualmente positiva. O problema maior, segundo a m�dica, � convenc�-los a se tratar em caso de HIV, pois ela diz que os ind�genas costumam resistir � ideia de que devem passar o resto da vida tomando medicamentos para combater uma doen�a que, em muitos casos, demora a provocar sintomas.
Outra complica��o � remov�-lo para o munic�pio mais pr�ximo. Adele disse que j� viu �ndios se negarem a sair da aldeia para fazer o tratamento, por preferirem fazer o tratamento com o paj�.
A transfer�ncia para a cidade, segundo a m�dica, torna-se ainda mais improv�vel quando esses ind�genas j� tiveram decep��es com o sistema de sa�de.