Seis meses ap�s a primeira paralisa��o, os m�dicos voltam a suspender nesta qarta-feira o atendimento aos benefici�rios de planos de sa�de. Os profissionais deixar�o de atender consultas de algumas operadoras em 23 estados e no Distrito Federal. A paralisa��o vai durar 24 horas e, nesse per�odo, o atendimento �s urg�ncias e emerg�ncias ser� mantido. Os clientes afetados podem remarcar as consultas.
Em abril deste ano, os m�dicos fizeram o primeiro boicote �s operadoras, quando interromperam por um dia o atendimento a clientes de todos os planos. Desta vez, os planos que n�o negociaram ou n�o apresentaram propostas suficientes para atender �s reivindica��es da categoria s�o o alvo do protesto.
Os m�dicos querem o aumento imediato dos honor�rios, reajuste fixo anual da remunera��o e o fim da interfer�ncia das empresas em sua autonomia. As associa��es m�dicas defendem o valor de R$ 60 por consulta. De acordo com elas, os planos pagam, em m�dia, R$ 40. Segundo a categoria, as mensalidades dos planos foram reajustadas em 150% nos �ltimos anos. No entanto, as operadoras destinam menos de 20% da arrecada��o para a remunera��o dos profissionais.
“O recurso da sa�de suplementar que vai para o m�dico caiu quase pela metade”, disse o presidente eleito da Associa��o M�dica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso.
Em rela��o � interfer�ncia no trabalho, as entidades alegam que as empresas recusam determinados exames e chegam a mudar procedimentos. “Tentam, por exemplo, reduzir a perman�ncia do paciente na UTI [unidade de terapia intensiva]. Evidentemente, todas as vezes que isso acontece h� um conflito enorme”, explicou Cid Carvalhaes, presidente da Federa��o Nacional dos M�dicos (Fenam).
Os profissionais cobram posicionamento e articula��o da Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS), respons�vel por regular o setor, para solucionar as diverg�ncias entre a categoria e os planos. “O que est� colocado em jogo � a assist�ncia a 46 milh�es de usu�rios. O governo tem responsabilidade. Estamos chamando a ANS para a responsabilidade”, disse Alo�sio Tibiri�a, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Os m�dicos v�o parar o atendimento a, pelo menos, 23 planos de sa�de. A estimativa � que os planos afetados tenham de 25 milh�es a 35 milh�es de usu�rios, cerca de 76% do total de clientes em todo o pa�s. As negocia��es com as operadoras foram feitas pelos representantes de cada estado. Por isso, cada unidade da Federa��o definiu sua pr�pria lista com os planos que ser�o afetados.
Em nove estados, ser� suspenso o atendimento a todas as operadoras – no Cear�, Esp�rito Santo, Maranh�o, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, no Paran�, Rio de Janeiro e Tocantins. A lista dos planos que ser�o alvo da paralisa��o est� dispon�vel no site do CFM.
O Amazonas, Roraima e o Rio Grande do Norte ficam fora do protesto porque as negocia��es com as operadoras est�o mais avan�adas.
As entidades m�dicas afirmam n�o haver impedimento judicial para fazer a paralisa��o por tempo determinado.
Diante do protesto dos m�dicos, a Federa��o Nacional da Sa�de Suplementar (Fenasa�de), que representa as 15 maiores operadoras do pa�s, informou, em nota, ter formalizado � ANS uma nova proposta de remunera��o. De acordo com a federa��o, os servi�os ofertados pelos planos ser�o organizados em grupos, conforme a complexidade. Em cada grupo, ser� definido um valor que valer� para todos procedimentos, nivelado pelo mais alto. Ainda segundo as operadoras, o reajuste das consultas m�dicas, nos �ltimos dez anos, ficou acima da varia��o da infla��o no per�odo, que foi de aproximadamente 56%.
Entretanto, as entidades m�dicas dizem desconhecer a proposta da Fenasa�de. “Essa proposta facilita a conversa. N�o tem rela��o com valores [honor�rios]”, explicou Jorge Curi, diretor da AMB.
Em nota, a ANS diz que considera leg�timas as paralisa��o dos m�dicos, desde que n�o prejudiquem os usu�rios.