A Pol�cia Federal (PF) prendeu hoje (1º) tr�s suspeitos de atacar o acampamento ind�gena Tekoha Guaiviry, localizado entre as cidades de Amambai e Ponta Por�, em Mato Grosso do Sul. Al�m de participa��o no ataque ao acampamento dos Guarani-Kaiow�, os tr�s homens detidos nesta manh� s�o suspeitos de envolvimento no desaparecimento do cacique N�sio Gomes.
Os tr�s suspeitos prestaram depoimento na delegacia da PF em Ponta Por�, mas seus nomes e nacionalidades n�o foram divulgados. Segundo o Conselho Indigenista Mission�rio (Cimi), h� suspeitas de que paraguaios tenham participado do ataque ao acampamento, no �ltimo dia 18. O acampamento fica pr�ximo � fronteira com o Paraguai.
Apesar das pris�es, o cacique ainda n�o foi localizado. De acordo com �ndios que se encontravam no acampamento no momento do ataque, pistoleiros encapuzados atiraram em Gomes e levaram seu corpo ensanguentado, al�m de tr�s jovens. A PF diz que n�o encontrou no local muni��o de armas letais, mas apenas cartuchos de armas de borracha. Para a PF, N�sio est� desaparecido.
Quanto aos tr�s jovens supostamente raptados, n�o foram encontrados, at� o momento, ind�cios deles, nem foi registrada queixa. Ainda assim, a den�ncia n�o foi descartada.
De acordo com a Funda��o Nacional do �ndio (Funai), os Guarani-Kaiow� s�o, atualmente, o mais numeroso povo ind�gena do pa�s, com mais de 45 mil pessoas. A maioria delas vive em situa��o de mis�ria, ocupando 42 mil hectares (o equivalente a 420 milh�es de metros quadrados, ou 42 mil campos de futebol). Segundo o relat�rio sobre a viol�ncia contra os povos ind�genas produzido pelo Cimi, 250 ind�genas foram mortos em Mato Grosso do Sul nos �ltimos oito anos.
Segundo l�deres ind�genas da regi�o, mesmo diante da repercuss�o do desaparecimento do cacique, pistoleiros continuam amea�ando os �ndios, pressionando-os para que deixem os acampamentos. Na �ltima segunda-feira (28), �ndios do Acampamento Pyelito Kue, pr�ximo ao munic�pio de Iguatemi, denunciaram que dois homens em uma moto invadiram o local atirando e prometeram voltar.
Os Guarani-Kaiow� cobram rigor nas investiga��es a cargo da PF e querem a pris�o dos respons�veis e dos envolvidos no ataque ao acampamento. Ontem (30), eles realizaram a Marcha contra o Genoc�dio e pela Paz, ato que, segundo os organizadores, reuniu 500 ind�genas e simpatizantes da causa. O grupo caminhou cerca de sete quil�metros pela rodovia MS-86, que liga Ponta Por� a Amambai. O ato foi encerrado no acampamento Tekoha Guaiviry.
No �ltimo fim de semana, os �ndios que participaram da Aty Guasu (esp�cie de assembleia com car�ter de movimento pol�tico do povo Guarani) divulgaram um manifesto em que pedem interven��o federal no estado. No documento, eles afirmam que o governo sul-mato-grossense � incapaz de garantir a seguran�a dos ind�genas.
Segundo o coordenador regional do Cimi no estado, Fl�vio Vicente Machado, o grupo teme que, com o passar dos dias, o assunto caia no esquecimento e as buscas aos desaparecidos sejam encerradas. “O clima continua muito tenso na regi�o. Os �ndios continuam sendo intimidados e temiam que, mesmo com toda a repercuss�o, o caso simplesmente fosse deixado de lado em fun��o dos interesses econ�micos e da correla��o de for�as pol�ticas no estado”, disse Fl�vio