
A garrafa se transforma em l�mpada econ�mica e ecol�gica, inundando de luz natural os casebres. A inven��o foi adaptada por um empres�rio filipino, Illac Diaz, que se prop�s a desenvolv�-la nos carentes de seu pa�s.
"Basta uma garrafa PET de dois litros, com �gua limpa, duas tampinhas de �gua sanit�ria e um potinho de filme de m�quina fotogr�fica para proteger do sol, para n�o estragar a tampa", ensina Alfredo Moser. A �gua sanit�ria � para prevenir a forma��o de bact�rias e garantir a pureza e a transpar�ncia do l�guido.
A inven��o virou atra��o no Parque Ecol�gico Chico Mendes, na Grande S�o Paulo, ati�ando, tamb�m, a curiosidade da ci�ncia. O engenheiro el�trico Clivenor de Ara�jo Filho mediu a intensidade de luz de cada garrafa, constatando que a luminosidade equivale a uma l�mpada de entre 40 e 60 watts.
� preciso furar o teto de zinco das pequenas casas para fix�-la - a manipula��o n�o exige conhecimentos complexos, ao que se soma um pre�o m�dico financiado, no caso das Filipinas, pela Funda��o MyShelter (meu ref�gio) criada por Illac Diaz, atrav�s de donativos.
O "litro de luz" (Isang Litrong Liwanag), se funde, sob os princ�pios elementares da refra��o da luz: expostas ao sol, as garrafas produzem a intensidade luminosa equivalente a de um l�mpada de 50 watts. "� uma revolu��o popular que utiliza uma tecnologia simples e muito barata", comenta Illac Diaz.
O sistema n�o permite, no entanto, privar-se das fontes de luz artificial, uma vez que s� clareia de dia. Mas ajuda a reduzir drasticamente a fatura de energia el�trica. O projeto foi executado, com �xito, em San Pedro, uma favela da capital filipina onde milhares de casebres constru�dos uns contra os outros s�o frequentemente mergulhados no escuro, mesmo de dia, uma vez que s�o muito comuns os blecautes, ou a falta de dinheiro para pagar a conta.
Monico Albao, 46 anis, instalou cinco garrafas no teto da pequena casa que ela compartilha com o marido, a filha de 22 anos e o neto de dois meses. "Consegui dividir por dois minha conta de energia. O dinheiro que economizamos, agora, gastamos em alimentos ou em roupas para o beb�", explica.
"Um litro de luz" O conceito tamb�m � ecol�gico, uma vez que cada garrafa permite economizar 17 quilos de CO2 por ano, afirma Diaz, convidado � reuni�o de c�pula de Durban (�frica do Sul) sobre o clima. "Se voc� multiplicar essa cifra por um milh�o, obt�m o benef�cio, para o meio ambiente, de uma turbina e�lica, mas o funcionamento desta � muito mais oneroso", comenta.
E destaca o sucesso de uma ideia que surgiu como um gr�o de poeira e se espalhou pela superf�cie do globo, gra�as a um videoclipe postado no YouTube e um marketing agressivo nos sites sociais. "N�o pens�vamos que seria poss�vel levar a ideia a uma tal escala", disse.
Mais de 15.000 garrafas foram instaladas at� agora nas favelas da periferia de Manila, e 10.000 outras v�o ser colocadas esta semana por um verdadeiro ex�rcito de volunt�rios. Outras 100.000 devem ir para Cebu, a segunda cidade do pa�s, agora em dezembro. A iniciativa j� foi aprovada na �ndia, na �frica do Sul, no Vietn�, Nepal, M�xico, Col�mbia e at� na Ilha Vanuatu, no Pac�fico.
O conceito vai ao encontro de um modelo pleiteado pelo ex-presidente americano Al Gore, que defende o recurso �s energias limpas nos pa�ses em desenvolvimento, como as e�licas, e as obtidas atrav�s de pain�is solares, observa Diaz. "Mas isso � muito caro e poucos se beneficiam realmente", afirma.
H� mais de dez anos, cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) (Estados Unidos) mostravam-se interessados por inova��o, mas o trabalho de Diaz foi saudado pelas Na��es Unidas, por ter permitido sua distribui��o em massa. Em um ano, ele pretende ajudar um milh�o de pessoas em seu pa�s, atrav�s da Funda��o MyShelter; sem contar a t�cnica das instala��es das garrafas - um novo of�cio que vai de vento em popa em Manila.
Id�ias simples como essas podem ajudar o planeta, mas precisam ser postas em pr�tica com a urg�ncia que a natureza imp�e, comentam especialistas. Em Uberaba, terra do mec�nico inventor, Alfredo Moser, a imagem chega a ser curiosa: bicos de garrafas para fora dos telhados de todo um bairro. Em 2002, em pleno apag�o, Moser percebeu que poderia escapar disso, pendurando no telhado de casa garrafas pl�sticas cheias de �gua. A vizinhan�a tratou logo de instalar as l�mpadas de �gua em casa, at� no banheiro.
E a conta de luz no final do m�s foi a grande surpresa.