Um ano depois de ter a casa destru�da pela enxurrada em Nova Friburgo, na regi�o serrana do Rio, Maria Helena da Silva, de 45 anos, continua morando em um abrigo improvisado em um posto de sa�de da prefeitura com o marido, dois filhos e a neta de 5 anos. At� hoje, ela n�o recebe o aluguel social, uma ajuda de R$ 500 que o governo do Estado afirma pagar a 7.250 fam�lias nas cidades atingidas pela chuva em janeiro de 2011. Desse total, 2.552 vivem em Friburgo.
"Dinheiro n�o � importante. O importante � ter uma casinha para morar com meus filhos", diz Maria Helena. Nenhuma das 6 mil unidades habitacionais prometidas pela presidente Dilma Rousseff em visita � regi�o na �poca do desastre foi constru�da. Maria Helena morava no loteamento Alto do Floresta e conseguiu sair de casa a tempo, ap�s o primeiro estalo. Perdeu um casal de primos e muitos amigos. S� em Friburgo o temporal matou 428 pessoas.
Ela ainda guarda suas roupas em caixas de papel�o. A fam�lia vive com R$ 200 que o marido dela, Ant�nio Basili, de 40 anos, recebe como soldador e R$ 300 que o filho Maciel, de 17, ganha em uma escola de t�nis. Desempregada, Maria Helena estudou s� at� a 1.ª s�rie. Ela conta que foi v�rias vezes � prefeitura, mas n�o conseguiu o aluguel social. Agora, espera receber do Estado.
Uma vizinha da fam�lia no Alto do Floresta, Maria de Lourdes Oliveira, de 60 anos, afirma que a Defesa Civil nunca subiu l�. A casa dela, no topo do morro, tem uma rachadura que corta todo o piso da sala. "Quando come�a a chover, at� estremece. Medo a gente tem, mas vai para onde?" No consult�rio transformado em quarto para receber a fam�lia de Maria Helena, n�o h� espa�o para cinco camas. Trinte e oito pessoas continuam vivendo no abrigo. O varal fica no corredor.
"Para voc�s da imprensa passou um ano. Para a gente, foi ontem", diz Gilberto de Souza Filho, da Secretaria de Assist�ncia e Desenvolvimento Social de Nova Friburgo. Ele reconhece que o local "n�o tinha e n�o tem" estrutura. "A culpa n�o � nossa. Eram 980 pessoas em 93 abrigos. Hoje, temos 38 e s� nesse." Souza termina a conversa com uma promessa: "At� o fim do m�s, n�o haver� ningu�m em abrigo."