Estudo da Coordena��o de Programas de P�s-Gradua��o de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) torna mais precisas as previs�es de cheias e vaz�es de rios da Amaz�nia. O trabalho, baseado em uma tese de doutorado, defendida pelo engenheiro brasileiro Augusto Cesar Vieira Getirana, foi feito em parceria com a Universidade Paul Sabatier/Toulouse 3, da Fran�a, que desenvolve projetos na Amaz�nia h� mais de 20 anos.
A tese de Getirana recebeu o Grande Premio Capes de Tese 2010 e deu ao engenheiro brasileiro a oportunidade de ser selecionado pela Ag�ncia Espacial dos Estados Unidos (Nasa), onde desenvolve projeto na Divis�o de Hidrologia.
O professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe, Otto Corr�a Rotunno Filho, um dos coordenadores do estudo, informou que a metodologia destacou dados altim�tricos, que medem o n�vel de �gua no rio, obtidos por meio de sat�lite, integrando essas tecnologias a dados das esta��es hidrol�gicas f�sicas instaladas no local.
“Esses novos dados altim�tricos permitem ter agora esta��es virtuais, mensuradas por sat�lite. Eles permitem que se tenha uma colet�nea de dados ao longo do curso de �gua”, disse Rotuno Filho. Ele lembrou, entretanto, que essa rede complementar n�o anula a import�ncia dos pontos observados pelos hidrometristas, os especialistas de n�vel m�dio das esta��es f�sicas que v�o a campo e leem os dados de vaz�o dos rios.
“As esta��es por sat�lite complementam essa rede de monitoramento que existe na Amaz�nia e que � bastante escassa, pela dimens�o da regi�o e pela log�stica de acesso aos pontos de coleta de dados. Tudo isso faz com que o sat�lite tenha hoje um papel muito importante para complementar essa informa��o mais localizada. Tem uma natureza espacial”, disse Rotunno Filho. Isso confere uma frequ�ncia de observa��o no espa�o bem maior.
No modelo constru�do na tese do engenheiro, outras informa��es de sat�lite s�o utilizadas, como a que permite estabelecer o modelo digital do terreno, com a cobertura e o uso do solo, al�m dos dados altim�tricos. Os testes foram feitos por Augusto Getirana na bacia do Rio Negro, segundo maior afluente do Amazonas em vaz�o, apresentando �rea de 712 mil quil�metros quadrados, dos quais 21,5% est�o sujeitos a inunda��es e a secas.
As tecnologias da Coppe d�o mais confiabilidade �s previs�es de cheias e vaz�es nos rios da regi�o. Rotunno lembrou ainda que ter�o de ser feitos estudos e investimentos para colocar as informa��es em n�vel mais operacional. Ele disse n�o ter d�vidas de que as tecnologias permitir�o maior controle dos impactos causados ao meio ambiente, como o desflorestamento.
“Na medida em que h� mais dados e informa��es com o sat�lite, a gente come�a a observar e a entender melhor o fen�meno, para poder explic�-lo e model�-lo”. A metodologia por sat�lite permitir�, no futuro, fazer previs�es em grandes �reas. Rotunno explicou que esse trabalho ser� �til para as comunidades ribeirinhas, � medida que permitir� alertas antecipados em rela��o �s cheias por exemplo, contribuindo para reduzir danos econ�micos e sociais.
“O objetivo da constru��o desses modelos hidrol�gicos � a gente poder fazer uma gest�o dos recursos h�dricos da regi�o em quantidade, tanto no espa�o quanto no tempo”. Ele disse que os modelos ajudam a entender melhor o comportamento dos rios. Com isso, pode-se antecipar e disseminar as informa��es para as comunidades, que ter�o sistemas mais �geis de comunica��o.
O estudo ser� ampliado para outros afluentes do Rio Amazonas, como o Tapaj�s e o Madeira, abrangendo �rea de 6 milh�es de quil�metros quadrados, que envolve n�o s� o Brasil, mas pa�ses vizinhos. “A gente tem que levar em conta essa integra��o latinoamericana”. Para isso, os pesquisadores v�o precisar de uma base de dados dessas na��es, onde nascem v�rios afluentes do Amazonas.