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Estado de Minas

Apenas sete portadores de s�ndrome de Down conclu�ram ensino superior no Brasil

Especialistas criticam a falta de pol�ticas p�blicas integradas para esse p�blico


postado em 05/03/2012 08:40 / atualizado em 05/03/2012 09:21

Aos 19 anos, J�ssica Mendes de Figueiredo sente um misto de ansiedade e expectativa. Assim como a maioria dos jovens nesta idade, a menina est� radiante com o novo status de caloura universit�ria. Na semana passada, ela come�ou a cursar fotografia no Instituto de Ensino Superior de Bras�lia (Iesb). Em dois anos, J�ssica far� parte do pequeno grupo de brasileiros com s�ndrome de Down que possuem diploma de educa��o superior %u2014 atualmente s�o apenas sete, segundo o Minist�rio da Educa��o. Dados do Censo de Ensino Superior elaborado pelo MEC apontam que h�, atualmente, 2.173 alunos portadores de necessidades especiais matriculados em universidades, sendo 1.135 em institui��es p�blicas e 1.038, em particulares. Por�m, desse total, o minist�rio n�o sabe precisar quantos t�m s�ndrome de Down. A pasta nem sequer tem programas espec�ficos para esse p�blico. As a��es s�o majoritariamente voltadas � quest�o de acessibilidade. Apesar da falta de pol�ticas governamentais espec�ficas, a nova rotina universit�ria n�o assusta J�ssica. Ela j� cogita no futuro fazer uma segunda gradua��o, em moda %u2014 curso no qual tamb�m foi aprovada. Mas optou por fotografia desta vez, porque tem uma verdadeira paix�o por imagens de natureza e paisagem. %u201CEspero que o curso seja din�mico e que o professor goste de interagir com os alunos%u201D, diz a jovem. A m�e, Ana Cl�udia, conta que a vontade de fazer vestibular partiu da filha. %u201CAcho que por ela ter estudado em um regime de ensino regular, sempre conviveu com esse ambiente j� no col�gio. Por isso se interessou muito em prestar vestibular%u201D, diz a professora. Ana Cl�udia ainda comemora o sucesso da filha, mas compartilha a ansiedade comum entre os pais cujos filhos acabaram de ingressar no ensino superior: %u201CAcredito que ela estar� lidando com pessoas mais maduras, mas com certeza vai conquistar o espa�o dela%u201D. O psic�logo Eduardo Rios, especialista em an�lise do comportamento, explica que o receio de Ana Cl�udia � natural em todos os pais, e n�o se restringe �queles que t�m filhos com s�ndrome de Down. %u201CEles s�o comunicativos, sentimentais e am�veis. Isso colabora muito para a integra��o com os colegas%u201D, analisa Rios. Na opini�o de Marcos Mazzotta, membro fundador do Laborat�rio Interunidades de Estudos sobre Defici�ncias (Lide), da Faculdade de Psicologia da Universidade de S�o Paulo (USP), a principal barreira para a inclus�o desse p�blico � o estigma e a discrimina��o negativa. Realidade que Val�ria Tarsia Duarte, m�e de �rica Duarte Nublat, 25 anos, fez o poss�vel para evitar. Val�ria tamb�m enfrentou algumas d�vidas quando a filha decidiu cursar pedagogia no Instituto Superior de Educa��o Franciscano Nossa Senhora de F�tima, no Distrito Federal. Segundo Val�ria, uma das maiores preocupa��es era o lugar em que a filha estudaria. %u201CN�o queria que fosse uma institui��o grande e pouco acolhedora, como a Universidade de Bras�lia, por exemplo%u201D, relata. �rica acabou optando pela institui��o que j� conhecia, por ser parte do mesmo grupo do col�gio em que havia conclu�do o ensino m�dio. A preocupa��o com o acolhimento desses alunos n�o � exclusiva dos pais. Em fevereiro, Kalil Assis Tavares, 21 anos, foi o primeiro candidato com s�ndrome de Down a ser aprovado no vestibular da Universidade Federal de Goi�s (UFG). Ele vai cursar geografia. De acordo com a coordenadora do N�cleo de Acessibilidade da UFG, Dulce Barros de Almeida, a institui��o j� estava preparada para receb�-lo. %u201CTemos as sensibilidades necess�rias. Inclusive, vou me reunir com os professores do curso de Kalil para verificar se eles precisam de apoio%u201D, adianta. Capacita��o O caso da UFG, no entanto, � exce��o. Segundo a presidente da Federa��o Brasileira das Associa��es de S�ndrome de Down (FBASD), Maria de Lourdes Marques Lima, um dos maiores problemas em termos de pol�ticas educacionais para esse p�blico � a capacita��o dos professores, que ainda � muito desarticulada. O especialista da USP Marcos Mazzotta concorda: %u201CTemos que ter a��es efetivas de forma��o dos professores, com enfoque especializado para dar esse suporte%u201D, afirma Mazzotta. Na opini�o do deputado federal Rom�rio (PSB-RJ), conhecido pela milit�ncia do tema no Congresso Nacional, o Brasil precisa investir urgentemente em pol�ticas inclusivas. %u201CAcho lament�vel, por exemplo, o governo federal e o MEC n�o terem dados sobre esse tipo de defici�ncia%u201D, comenta o parlamentar. Cromossomo A s�ndrome de Down � uma altera��o gen�tica que ocorre pela presen�a de um cromossomo a mais, o par 21, na fecunda��o do �vulo. Estudos apontam que mulheres a partir dos 35 anos t�m uma maior probabilidade de gerar beb�s com a defici�ncia. Como a s�ndrome se trata de uma altera��o cromoss�mica, � poss�vel realizar um diagn�stico pr�-natal utilizando diversos exames cl�nicos, como, por exemplo, a amniocentese (puls�o transabdominal do l�quido amni�tico, entre as semanas 14 e 18 de gesta��o) ou a bi�psia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta).


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