S�o Paulo – A Campanha Nacional de Vacina��o contra a gripe s� come�a em abril, mas a rede particular come�a a receber as primeiras doses nesta semana. Para a faixa da popula��o n�o inclu�da no Programa Nacional de Imuniza��es do Minist�rio da Sa�de – que protege gratuitamente gr�vidas, doentes cr�nicos, idosos, profissionais de sa�de, ind�genas e crian�as entre 6 meses e 2 anos – � a chance de evitar a doen�a, que afeta de 5% a 10% da popula��o adulta e de 20% a 30% das crian�as, segundo dados da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS).
Depois da pandemia de H1N1, desde 2010 o minist�rio notifica casos de interna��o por S�ndrome Respirat�ria Aguda Grave, caracterizada por febre, tosses e falta de ar. No ano passado, foram notificados 4.944 casos, 181 deles ainda causados por H1N1, a maioria no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e S�o Paulo. Mais de 11% desses evolu�ram para morte. Mas uma gripe pode ser ainda mais fatal. Durante seu per�odo de manifesta��o, o risco de infarto do mioc�rdio aumenta cinco vezes e o de acidente vascular cerebral (AVC), tr�s.
Segundo o cardiologista da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) Henrique Godoy, que se dedica ao estudo da conex�o da gripe com doen�as do cora��o, a insufici�ncia card�aca � a causa principal de interna��o em muitos pa�ses, tendo 20% mais casos no inverno. Isso ocorre porque algumas doen�as – entre elas as cardiovasculares como insufici�ncia card�aca, infarto e AVC; e pulmonares como asma, doen�a pulmonar obstrutiva cr�nica (DPOC) e pneumonia – t�m padr�o sazonal e agravamento no per�odo de temperaturas mais baixas, no qual tamb�m se concentram os casos de gripe, j� que o clima frio e seco favorece o v�rus.
Um estudo americano revelou que de 1977 a 2009, o n�mero de mortes indiretas por complica��es da gripe cresceu 400%. O envelhecimento da popula��o � uma das causas, mas as comorbidades tamb�m afetam. Gestantes, obesos, pacientes com doen�as cr�nicas, principalmente as card�acas e que afetam o sistema imunol�gico, tamb�m ficam mais vulner�veis. “O risco de um portador de doen�a card�aca falecer por gripe � 66% maior que o do paciente sem comorbidade, assim como o de DPOC tem 78% mais risco e o diab�tico, 8%”, alerta Godoy.
“A gripe, j� est� comprovado, descompensa essas doen�as. Isso ocorre porque ela tem uma rela��o direta com a art�ria do cora��o. Um infarto ou derrame, por exemplo, � causado quando uma placa de colesterol comprime o endot�lio, a membrana que reveste a parede do vaso, at� que esse forme um co�gulo, ou trombo, obstruindo a art�ria. O problema � que o v�rus da gripe acelera esses tr�s processos – o aumento da placa de colesterol, o rompimento da membrana e a forma��o do trombo. A chance de infarto � cinco vezes aumentada durante a gripe e o risco permanence elevado por at� 90 dias”.
CUIDADOS Antivirais n�o mudam em nada o quadro. Segundo o especialista, esses doentes cr�nicos, em caso de gripe, devem sim procurar seus cardiologistas. Mas a principal a��o deve vir antes, afinal, todo esse quadro � preven�vel por vacina. “O que adianta mesmo � a vacina��o. A imuniza��o contra a gripe reduz 50% dos �bitos por doen�as cardiovasculares. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a vacina��o contra gripe assim como sugere cuidados com a hipertens�o e diabetes. A preven��o � eficaz.”
Mas a popula��o de risco n�o tem aproveitado a chance. Segundo Isabella Ballalai, diretora da Associa��o Brasileira de Imuniza��es – Regional Rio de Janeiro, que defende a vacina��o universal, de toda a popula��o, a meta de vacinar pelo menos 80% do grupo com direito gratuito � dose n�o tem sido alcan�ada, ficando em torno dos 60%. Uma pesquisa revelou que a maioria das pessoas deixa de tomar a vacina por se considerar saud�vel, acreditar que n�o precisa e julgar existir pouca vacina. Custo e medo de efeitos colaterais, portanto, n�o est�o entre as principais desculpas.
Na rede particular, o pre�o da vacina varia de R$ 60 a R$ 80. Al�m disso, os efeitos colaterais s�o cada vez menores. Segundo L�cia Bricks, diretora de sa�de p�blica da Sanofi Pasteur Brasil, s� crian�as com menos de 6 meses e pessoas extremamente al�rgicas a ovo n�o podem tomar a vacina. Mas as gr�vidas, ao se vacinarem, protegem os futuros beb�s.
Muta��o
Por serem os v�rus mutantes, as vacinas s�o atualizadas anualmente a partir de recomenda��es da OMS. Em 2012, estar� dispon�vel a vacina trivalente contra as cepas H1N1, H3N2 e Influenza B, que foram os tipos de v�rus da gripe mais comuns no inverno do Hemisf�rio Norte. Apesar de serem as mesmas cepas do ano passado, a vacina��o contra a gripe deve ser anual.
COMO SE PEGA
Transmitido por got�culas emitidas por tosse ou espirro, o v�rus da gripe pode alcan�ar at� 5 metros, a 160km/h.
Os sintomas se manifestam de 24 horas a 48 horas ap�s a infec��o. Mesmo sem saber que est�
doente essa pessoa j� est� espalhando o v�rus.
Um adulto transmite o v�rus por sete dias; uma crian�a, por dez e um paciente imunossuprimido (com sistema imunol�gico prejudicado) por at� 30 dias.