Rio de Janeiro - Pesquisa divulgada pela Funda��o SOS Mata Atl�ntica, com dados coletados entre janeiro de 2011 e mar�o deste ano em 49 rios de 11 estados brasileiros, mostra que o Brasil nos �ltimos 20 anos n�o priorizou o saneamento b�sico, disse a coordenadora do programa Rede das �guas da SOS Mata Atl�ntica, Malu Ribeiro.
O levantamento, resultante do projeto itinerante A Mata Atl�ntica � Aqui, constatou que nenhum dos 49 rios analisados alcan�ou a soma de pontos necess�ria para os n�veis “bom” ou “�timo”. Dos mananciais pesquisados, 75,5% obtiveram classifica��o “regular” e 24,5%, o n�vel “ruim”. “A falta de saneamento b�sico � que resulta nesses �ndices tristes para o cen�rio nacional”.
Os melhores resultados, todos com 33 pontos, portanto dentro da classifica��o “regular”, foram encontrados nos rios Santa Maria da Vit�ria, em Vit�ria (ES); Para�ba do Sul, em Resende (RJ); Cambori�, em Balne�rio Cambori� (SC); Bica da Marina, em Angra dos Reis (RJ); e Arroio Jupira, em Foz do Igua�u (PR). Em contrapartida, os piores resultados foram apresentados pelos rios Crici�ma, em Crici�ma (SC), com 23 pontos, e Itapicuru Mirim, em Jacobina (BA), com 24 pontos.
Malu Ribeiro avaliou que a situa��o hoje � muito diferente da que ocorria no pa�s antes da Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Meio Ambiente, a Rio 92. Lembrou que �quela �poca, o grande vil�o das �guas era o setor industrial, com seus contaminantes qu�micos despejados diretamente nos rios. “Vencemos esse desafio. A iniciativa privada foi enquadrada, cumpriu legisla��o, investiu no tratamento dos efluentes. Quem n�o cumpriu a tarefa de casa nesses �ltimos 20 anos foram os munic�pios”, declarou.
Segundo ela, existe uma defici�ncia na coleta e no tratamento de esgoto em quase todas as cidades do pa�s. “Os rios s�o um espelho dessa falta de investimento em saneamento, coleta de lixo”. Mesmo em cidades pequenas, onde a SOS Mata Atl�ntica imaginava que havia uma boa condi��o ambiental, encontrou um outro contaminante, que � a eros�o com desmatamento e os fertilizantes e insumos agr�colas. “N�s estamos em estado de alerta. A situa��o � cr�tica”.
Para a Malu Ribeiro, o problema cultural brasileiro, ligado � teoria da abund�ncia da �gua, � exce��o de locais espec�ficos, imp�e a necessidade de uma a��o emergencial. Essa tese faz com que a maior parte dos brasileiros considere surreal economizar �gua e n�o tenha a preserva��o como uma de suas principais bandeiras. Outro problema, apontou, � a vis�o distorcida do que � desenvolvimento, “que vem sendo propagada pelos governantes, que � colocar os mais pobres em um padr�o de consumo dos norte-americanos”. Estimou, que se isso vier a ocorrer, “n�s vamos precisar de dez planetas. � insustent�vel”.
A Funda��o SOS Mata Atl�ntica monitora a a situa��o da qualidade da �gua dos rios no Brasil desde 1992, quando a organiza��o n�o governamental (ONG) se engajou na campanha pela despolui��o do Rio Tiet�. O objetivo � que o cidad�o perceba a rela��o existente entre a �gua e a floresta, informou. Os n�veis de pontua��o adotados na pesquisa s�o compostos pelo �ndice de Qualidade da �gua (IQA), que � o padr�o definido no pa�s por resolu��o do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
A coordenadora do programa esclareceu que a falta de gest�o de dados hist�ricos sobre os rios dificulta a sua gest�o daqui para frente, porque “tem muito cientista e gestor pol�tico no Brasil que n�o acredita em mudan�as clim�ticas”.
Segundo Malu Ribeiro, o pa�s n�o tem respostas �geis para enfrentar os problemas em momentos extremos de seca e de enchentes. Como n�o existe tamb�m a cultura de recompor rapidamente em situa��es de crise, a tend�ncia � piorar. “Isso dificulta uma a��o mais efetiva”. Segundo ela, infelizmente, as coisas no Brasil, no caso da �gua, tendem a mudar somente pela dor. “Porque vai faltar”.
Foram avaliadas amostras dos rios dos estados do Cear�, Piau�, da Bahia, do Esp�rito Santo, Rio de Janeiro, de S�o Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul, Paran� e de Santa Catarina. A pesquisa foi divulgada hoje, Dia Mundial da �gua.