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Estado de Minas

Um ano depois de trag�dia, moradores de Nova Friburgo ainda tentam superar perdas

Muitos dos que foram afetados pelas chuvas alegam que ainda n�o receberam os benef�cios prometidos e nem t�m onde morar


postado em 27/03/2012 07:31 / atualizado em 27/03/2012 07:37


Nova Friburgo –
Depois da tempestade vem a bonan�a? Nem sempre. Foi assim com Nova Friburgo, na Regi�o Serrana do estado do Rio, que mais de um ano depois da trag�dia que assolou o munic�pio e regi�o ainda tenta se reerguer. � impressionante como as marcas da cat�strofe que matou cerca de 430 pessoas, segundo os dados oficiais da prefeitura – apesar de muitos moradores contestarem esses n�meros –, est�o por todos os lados. “O Jap�o enfrentou um tsunami horroroso e conseguiu se reconstruir. Com a gente, est� essa dificuldade at� hoje. Tudo culpa dos governantes e do descaso das autoridades”, reclama o comerciante Roberto Silva, de 34 anos, que n�o se cansa de mostrar a altura que a �gua da chuva atingiu em sua farm�cia, no centro da cidade. “Parecia um mar”, recorda.

As queixas dos friburguenses em rela��o ao mau uso dos recursos enviados pelo governo federal t�m fundamento, j� que o Minist�rio P�blico Federal (MPF) est� investigando o caso e boa parte das a��es n�o executadas em torno da recupera��o dos estragos da chuva na Serra fluminense s�o explicadas justamente pelo desvio do dinheiro. A Justi�a Federal determinou, no fim do ano passado, o afastamento do prefeito em exerc�cio, Dermeval Barboza Moreira Neto (PTdoB), que corre o risco at� de ser cassado. Em a��o proposta pelo MPF, ele responde por improbidade administrativa e � acusado de desvio de verba, superfaturamento e fraude.

Quem assumiu o poder � o presidente da C�mara Municipal, S�rgio Xavier (PMDB), que � o terceiro prefeito da cidade em apenas um mandato, j� que o eleito em 2008, Her�doto Bento de Melo, est� afastado por problemas de sa�de. “Se juntar esses tr�s, n�o d� um. A popula��o tem que ficar atenta ainda mais neste ano que tem elei��o. A cidade ainda n�o se recuperou do estrago e pode ter certeza que isso se deve por culpa dos pol�ticos”, frisa a costureira Rog�ria dos Santos, de 56 anos.

Muitos dos que foram afetados pelas chuvas tamb�m alegam que ainda n�o receberam os benef�cios prometidos nem t�m onde morar. “Teve gente que nem precisava de dinheiro e recebeu. Eu mesmo, at� hoje, n�o recebi nada. � um absurdo isso. Nem sei como a consci�ncia desse povo n�o pesa”, denuncia Raimundo Pereira, de 56, morador da zona rural da cidade, um dos pontos que mais sofreram com as chuvas de janeiro de 2011.

Praticamente todos os bairros de Nova Friburgo foram atingidos pelas enchentes e desmoronamentos, inclusive o Centro, onde v�rios pr�dios foram afetados. “Muitos edif�cios desabaram com um monte de pessoas dentro. Foi um horror. Moro aqui h� muitos anos e n�o me lembro de ter visto algo parecido. O que as pessoas assistiram na televis�o e nos jornais n�o se compara ao que vivemos aqui. Foi uma cat�strofe”, observa o floricultor paulista Erasmo Habata, de 66.

TRAUMA

Quem tamb�m n�o esqueceu a trag�dia � a sogra de Erasmo, a aposentada Cremilda Martins, de 79. Sua casa fica localizada na beira do Rio Bengalas, que corta praticamente toda a cidade, e foi totalmente invadida pela �gua e pela lama. “Perdi praticamente tudo e n�o tinha onde ficar. Cada hora ia morar com um parente. Fiquei uns quatro meses sem voltar para casa. A minha vizinha perdeu neto, sobrinho e o marido morreu de desgosto. Toda vez que escuto um trov�o, tremo de medo. E acredito que isso aconte�a com v�rios conterr�neos meus”, conta Cremilda.

A dom�stica Helena Tomaz Ferreira, de 62, � outra que ressalta o pavor dos friburguenses com rela��o �s chuvas e diz que n�o h� ningu�m na cidade que n�o tenha sido afetado naquele per�odo. Helena lembra que chegou a ficar tr�s meses sem sair de casa porque a regi�o onde mora ficou totalmente isolada. “A enchente n�o privilegiou ningu�m. Pobre, rico, preto, branco, homem, mulher. Estava na casa de uma senhora que eu trabalho, e a �gua come�ou a invadir. A gente n�o sabia o que fazer. Achamos que �amos morrer. At� hoje voc� v� fortes resqu�cios do que aquilo tudo provocou. Ainda est� muito presente na nossa vida”, salienta Helena, que perdeu um neto e um sobrinho na cat�strofe.

Al�m de ter perdido entes queridos, muitos viram a pr�pria hist�ria ir pelo ralo. Cartas, fotografias, arquivos pessoais e at� documentos desapareceram. Esse foi o caso do comerciante Silvino Ferreira, de 49, que teve sua casa completamente destru�da. V�rios vizinhos at� hoje n�o foram localizados. “Repara o estado dessa kombi e dessa variant que est�o largados aqui at� hoje. Os donos desses carros sumiram nas �guas e n�o h� rastro deles, mesmo depois de um ano e dois meses das tempestades. Olha, nem se o Godzilla tivesse passado por aqui tinha causado tanto estrago”, resume Silvino.

Saiba mais

Origem su��a

Nova Friburgo � uma cidade localizada na Regi�o Serrana fluminense, a 126 quil�metros do Rio de Janeiro, e foi colonizada por su��os. Ela ganhou esse nome justamente em homenagem � cidade de onde partiu a maioria das fam�lias, Fribourg, na Su��a, para o Brasil. Localizada entre montanhas e cortada pelo Rio Bengalas, conta com uma popula��o de 182.082, segundo dados do Censo de 2010. A pr�pria topografia corroborou para que o efeito da chuva que atingiu o munic�pio em janeiro de 2011 fosse mais devastador.

OUTRO LADO

Em nota divulgada pelo governo do Rio, logo depois da trag�dia, o governo federal repassou R$ 70 milh�es para servi�os emergenciais nos sete munic�pios atingidos pelas chuvas. Do total, R$ 21 milh�es custearam aluguel social. R$ 49 milh�es foram usados em servi�os como apoio ao Corpo de Bombeiros e � Defesa Civil. Ainda segundo a nota, est� em andamento processo para constru��o de 5.459 casas do programa Minha casa, minha vida ao custo de
R$ 452,6 milh�es. Em Nova Friburgo, s�o 2.166 resid�ncias.


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