S�o Paulo - Para celebrar o Dia das M�es e antecipando o Dia Internacional da Luta contra a Homofobia, que ser� comemorado dia 17 de maio, dezenas de m�es e manifestantes do movimento LGBT (L�sbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transg�neros) fizeram na noite desse domingo uma caminhada pela Rua Augusta, no centro de S�o Paulo. O destino foi o Largo do Arouche.
A caminhada, segundo os manifestantes, pediu a criminaliza��o da homofobia e homenageia v�timas da discrimina��o. A Rua Augusta foi escolhida pela regi�o paulistana por ser muito frequentada pela popula��o LGBT e por ter sido palco de v�rios atos de viol�ncia contra homossexuais.
“O objetivo principal [da caminhada] � dar visibilidade � viol�ncia cometida contra a popula��o LGBT. Essa caminhada � um ato solene, passando por locais onde aconteceu, aqui em S�o Paulo, algum ato de viol�ncia contra essa popula��o”, explicou Franco Reinaudo, coordenador geral de Assuntos da Diversidade Sexual da prefeitura de S�o Paulo.
Segundo Reinaudo, um trabalho feito pela prefeitura de S�o Paulo, denominado Mapa da Homofobia, registrou que mais de 200 casos de viol�ncia contra a popula��o LGBT foram denunciados ao �rg�o s� em janeiro deste ano, n�mero bem superior a janeiro do ano passado, quando foram registradas 50 den�ncias de viol�ncia, sejam elas xingamento ou viol�ncia f�sica. De acordo com ele, isso significa que as pessoas est�o denunciando mais a viol�ncia contra homossexuais, mas demonstra tamb�m motivo de preocupa��o, j� que se trata de um n�mero elevado de casos.
A caminhada reuniu muitas m�es, como � o caso de Gislaine Cristina Ara�jo, promotora de merchandising. O filho dela, Alexsandro dos Santos Ferraz, 18 anos, � homossexual. “Quando ele tinha 14 anos, ele resolveu chegar em mim para conversar. Quando ele me disse [que era homossexual], eu respondi a ele que ele era meu filho e que o amava”, disse.
Alexsandro lembra desse momento. “Foi dif�cil [contar para a minha m�e], principalmente pelo fato de ser filho �nico. Sabemos que nenhuma m�e quer isso para um filho. Tive que ter muita coragem para chegar nela e dizer que sou homossexual e me sinto bem assim”, falou. Passado esse medo de ter contado para a m�e que era homossexual, o maior receio dele hoje � com rela��o � agress�o f�sica. “Tenho medo mesmo � da agress�o f�sica. Agress�o verbal n�o, porque n�o dou aten��o. Mas da agress�o f�sica sim, j� que h� muitos gays sendo agredidos”, disse.
Gislaine contou n�o ter problemas para encarar a homossexualidade do filho, mas que enfrenta o mesmo medo do filho: da “viol�ncia gratuita” direcionada atualmente � popula��o LGBT. “Temos que respeitar as pessoas. Uma gosta do S�o Paulo, outra gosta do Corinthians. Um gosta de doce, outro de salgado. Por que tratar os homossexuais como se fosse uma coisa de outro mundo?”
Outro caso � o da empres�ria Clarice Pires, m�e de Yuri Pires, tamb�m homossexual. “Eu tinha medo de contar para os irm�os dele e da rea��o deles”, disse Clarisse, quando soube da homossexualidade do filho. “Mas, gra�as a Deus, os irm�os se abra�aram e s� disseram: ‘Voc� � meu irm�o’”.
Para outras m�es como ela, que tem filhos homossexuais, Clarice d� o recado. “As m�es t�m que amar seus filhos. Se ele nasceu homossexual, � um ser humano e isso n�o vai desvaloriz�-lo. N�o pense que ele � homossexual, mas em tudo de bom que ele �. Antes de ser homossexual, ele tem muitos valores”.
Mas aceitar a homossexualidade do filho n�o � uma tarefa f�cil para todas as m�es. N�o s�o todas que fazem isto naturalmente. “H� m�es que tentam o suic�dio quando sabem que o filho � gay”, disse Edith Modesto, m�e de Marcelo Modesto, homossexual. Pelo menos dois casos de m�es que tentaram o suic�dio foram relatados recentemente para o Grupo de Pais de Homossexuais (GPH), uma organiza��o n�o governamental fundada por Edith e que foi criada para acolher os pais que desconfiam ou tem filhos homossexuais.
Para Edith, � muito dif�cil uma m�e aceitar que um filho � homossexual porque “o preconceito est� internalizado em todos n�s”. “Aprendemos que as pessoas t�m que ser heterossexuais”, disse.
A drag queen Tindry, como � conhecida Albert Roggenbuck, disse participar da caminhada hoje para refor�ar a luta contra a homofobia e “por uma sociedade que respeite as diferen�as”. Para Tindry, a aprova��o da lei criminalizando a homofobia (criminalizando a avers�o ou o �dio direcionado � popula��o LGBT) pode ajudar a combater a viol�ncia. “Quando se criminalizou o racismo, as pessoas come�aram a pensar duas vezes antes de ofender um negro. As mulheres tamb�m contam com a Lei Maria da Penha. Para n�s, isso tamb�m seria muito importante”, disse.
Para Heloisa Gama Alves, coordenadora de Pol�ticas para a Diversidade Sexual da Secretaria Estadual da Justi�a e da Defesa da Cidadania, o grande n�mero de casos de mortes e de ataques � popula��o LGBT s� poder� ser combatido com pol�ticas p�blicas, educa��o e sensibiliza��o da sociedade. “Est� na hora de enfrentarmos essa quest�o no sistema educacional de maneira mais clara e contundente”, disse.
Heloisa tamb�m defendeu a aprova��o da lei que criminaliza a homofobia, atualmente em tramita��o no Congresso Nacional, como fundamental para diminuir a viol�ncia. “� uma pena que o Congresso feche os olhos para essas mortes. A criminaliza��o n�o vai acabar com a homofobia, mas � uma forma dessas pessoas que matam e agridem serem punidas de forma eficaz”, defendeu.
Segundo a Secretaria da Justi�a e da Defesa da Cidadania, v�rias cidades do interior de S�o Paulo tamb�m organizaram atividades e caminhadas para comemorar a data, entre elas, Araraquara, Bauru, Botucatu, Piracicaba e Santos.
Den�ncias sobre viol�ncia homof�bica em S�o Paulo podem ser feitas pelo telefone (11) 3113-9748 ou pelo site www.prefeitura.sp.gov.br/cads. H� tamb�m um telefone para den�ncias de casos de viol�ncia sofridas em todo o Brasil: Disque 100.