A chegada de aproximadamente 180 haitianos � cidade peruana de I�apari – fronteira com Assis Brasil (AC) – preocupa o governo acriano. O secret�rio de Justi�a e Direitos Humanos do estado, Nilson Mour�o, j� avisou ao Minist�rio da Justi�a que esgotaram os recursos para proporcionar ajuda humanit�ria a esses imigrantes, que vivem em acampamentos, caso atravessem a fronteira.
Ele acrescentou que, do total gasto pela secretaria, o governo federal reembolsou R$ 360 mil e 8 toneladas de alimentos – basicamente os que integram cestas b�sicas. Mesmo com o pagamento de aproximadamente R$ 2 milh�es, o governo do Acre ainda deve a fornecedores R$ 350 mil. A estrat�gia para priorizar os ressarcimentos tem sido quitar as d�vidas de empresas que est�o em situa��o financeira mais dif�cil.
Dos haitianos acampados em I�apari, a Pol�cia Federal j� autorizou a entrada no Brasil de 46. Mesmo assim, disse o secret�rio, eles ainda n�o atravessaram a fronteira. Em permanente contato com o Minist�rio da Justi�a, Mour�o disse que s� tem como prestar ajuda humanit�ria aos imigrantes, caso o governo federal assuma integralmente os gastos.
Outro problema que tem de enfrentar � o receio da popula��o de munic�pios como Brasileia de serem preteridos nos atendimentos prestados pelo servi�o p�blico. Os acrianos se preocupam, especialmente, com o atendimento m�dico no centro de sa�de local. A ajuda humanit�ria envolve, al�m de fornecimento de comida e abrigo, exames m�dicos e vacina��o dos imigrantes.
O grupo que est� na fronteira peruana come�ou a se formar no fim de abril, alguns dias depois de o governo brasileiro permitir o ingresso de 245 haitianos que estavam na mesma cidade havia tr�s meses.
Segundo Altenord Roomeluf, um dos porta-vozes dos imigrantes, a situa��o dos haitianos em I�apari � "desesperadora". "N�o temos mais comida, s� sobraram alguns sacos de farinha", disse � BBC Brasil.
Roomeluf, mestre de obras de 27 anos, disse que a nova leva � formada em sua maioria por haitianos que viviam na Rep�blica Dominicana, pa�s que faz fronteira com o Haiti. Eles n�o se enquadram, portanto, na resolu��o do Conselho Nacional de Imigra��o (CNIg) que, a partir de janeiro, passou a autorizar a emiss�o de 100 vistos de trabalho mensais para que haitianos residentes no Haiti se mudassem ao Brasil.
Ap�s a resolu��o do CNIg, a Pol�cia Federal passou a barrar nas fronteiras haitianos sem visto. As medidas buscavam ordenar a migra��o do grupo ao Brasil.
Segundo o CNIg, desde o terremoto que arrasou o pa�s caribenho, em 2010, cerca de 6 mil haitianos migraram para o Brasil. No in�cio de abril, por�m, o governo decidiu acolher os haitianos que estavam em tr�nsito quando editou a resolu��o. Segundo Roomeluf, os haitianos que est�o em I�apari n�o souberam da altera��o nas regras migrat�rias brasileiras. "A informa��o n�o chegou � Rep�blica Dominicana e nem ao interior do Haiti."
O grupo, integrado por cerca de 25 mulheres (uma gr�vida) e duas crian�as, tem dormido em escrit�rios cedidos por um empres�rio local. Cada c�modo � dividido por, pelo menos, 20 pessoas. Apesar das condi��es, Roomeluf diz que n�o pretende voltar. "Viemos de muito longe e aqui aguardaremos. Esperamos que o Brasil nos receba, queremos trabalhar."