Cerca de 200 �ndios xikrins e jurunas est�o acampados desde o dia 21 nas obras da Usina Hidrel�trica de Belo Monte, na tentativa de acelerar o cumprimento das condicionantes destinadas a amenizar os efeitos negativos da usina para as popula��es ind�genas afetadas. De acordo com a colaboradora do movimento, Rafaela Ngrenhdjan Xikrin, n�o h� liga��o entre esta ocupa��o e a ocorrida durante o encontro Xingu+23, iniciado no �ltimo dia 13 em Altamira (PA).
“Nosso movimento � contr�rio a a��es como as dos mundurukus, at� porque eles n�o s�o daqui e n�o ser�o afetados pela obra”, disse Rafaela Xikrin. O Cons�rcio Construtor Belo Monte (CCBM) informou que a primeira ocupa��o resultou na depreda��o de 35 salas. Pelo menos 50 computadores foram quebrados, notebooks e r�diocomunicadores foram furtados e dezenas de aparelhos de ar condicionado foram danificados. A estimativa, segundo o cons�rcio, � um preju�zo superior a R$ 500 mil.
A organiza��o do movimento respons�vel pela ocupa��o atual est� aguardando, para os pr�ximos dias, a chegada de outros 100 �ndios das etnias Paracan� e Xipaia para refor�ar a manifesta��o nas obras da usina. Entre as reivindica��es apresentadas pelos xikrin e juruna acampados est� a implanta��o do Plano B�sico Ambiental (PBA), destinado a estabelecer e efetivar os programas de compensa��o e mitiga��o dos impactos j� sentidos na regi�o pelos �ndios.
Eles cobram tamb�m a defini��o da situa��o fundi�ria das terras ind�genas Terra Wang�, Paqui�amba, Juruna do Km 17 e Cachoeira Seca, al�m da constru��o de mais estradas, como alternativa ao transporte fluvial que ser� prejudicado pela barragem e pela redu��o da vaz�o do Rio Xingu. Outra condicionante cobrada pelos �ndios acampados � relativa � falta de investimentos de infraestrutura necess�rios �s aldeias impactadas, visando a garantir capta��o de �gua pot�vel nas da Volta Grande do Xingu.
“Nossas lideran�as n�o querem a participa��o de outros movimentos porque isso pode comprometer nosso objetivo, que � cobrar o cumprimento das condicionantes previstas”, disse a colaboradora xikrin. “Essa ocupa��o conta apenas com a participa��o de �ndios, para evitar o risco de ser descaracterizada ou manobrada. Em princ�pio, n�o somos contr�rios � obra, mas poderemos passar a ser, caso as condicionantes [previstas] n�o sejam cumpridas”, argumentou.
O CCBM avalia a atual ocupa��o como pac�fica. De acordo com a assessoria do cons�rcio, os �ndios que participaram da primeira ocupa��o “eram de Mato Grosso e chegaram ao local com crach�s, acompanhados de manifestantes n�o ind�genas que integram organiza��es n�o governamentais (ONGs) [ligadas ao Movimento Xingu Vivo], notadamente contr�rias � constru��o da hidrel�trica”.
A Funda��o Nacional do �ndio (Funai) confirmou que n�o h� aldeias munduruku nas �reas a serem influenciadas pela obra. De acordo com a assessoria do �rg�o, os munduruku mais pr�ximos est�o na regi�o da Usina de Teles-Pires, em Mato Grosso.
A assessoria de comunica��o do Movimento Xingu Vivo reiterou que n�o houve qualquer participa��o de seus integrantes na quebradeira ocorrida durante a primeira ocupa��o, � �poca do Xingu+23 – evento promovido por ela. “Nenhum dos nossos membros participou da quebradeira; nenhum dos nossos integrantes mexeu em qualquer caneta do CCBM; e n�o fizemos qualquer incita��o para que a invas�o acontecesse”, garantiu a assessora Verena Glass.
Perguntado sobre a nova ocupa��o de �ndios nas obras de Belo Monte, o ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia da Rep�blica, Gilberto Carvalho, disse que o movimento atual “faz parte do direito de protesto”, e que os �ndios t�m o direito de manifestar suas preocupa��es.
“Nosso pessoal est� l� dialogando [com eles] e, assim como outras vezes, vamos, por meio de m�todos pac�ficos, superar essa quest�o. Belo Monte n�o tem como voltar atr�s. � uma usina que j� est� em processo de constru��o. Estamos tomando todos os cuidados para diminuir os efeito negativos � popula��o local e para fazer as compensa��es sociais e ambientais. O governo est� agindo com responsabilidade. Agora, o direito de protesto, como todos sabem, � livre no pa�s”, disse o ministro.