Por trabalharem com instrumentos cortantes e perfurantes, sob constante risco de contato com sangue de clientes, manicures e tatuadores s�o alguns dos profissionais mais vulner�veis a contrair hepatite. De acordo com o Minist�rio da Sa�de, cerca de 33 mil novas pessoas s�o infectadas anualmente no Brasil por hepatites virais.
De olho na prote��o dessas pessoas, o Minist�rio da Sa�de abriu o concurso cultural Arte, Preven��o e Hepatites Virais para Tatuadores e Manicures. As inscri��es podem ser feitas at� o dia 20 de setembro. Os pr�mios v�o de televis�es a quantias de R$ 2 mil e R$ 5 mil. O edital est� dispon�vel na internet.
Cada vez mais, esses profissionais se tornam conscientes de que devem refor�ar a prote��o contra a doen�a, especialmente com o uso de luvas e �culos de prote��o, al�m de realizarem a vacina��o. Mesmo conhecendo os riscos, entretanto, nem todos seguem integralmente as recomenda��es.
“No momento que estou fazendo as unhas do cliente, tomo sempre cuidado, mas n�o uso luvas, embora sei que tenho que usar. N�o consigo ficar com elas por muito tempo, acho desconfort�vel. Ap�s fazer as unhas [das clientes], lavo as m�os e passo �lcool gel”, disse a manicure Gleiziane Abrantes, 28 anos.
Atualmente, existem tr�s principais tipos identificados de hepatite, uma doen�a do f�gado: A, B e C. Entre 1999 e 2011, foram registrados 120 mil casos da hepatite B e 82 mil da C. A hepatite A tem tido queda de incid�ncia, com 3,6 mil casos em 2011.
A dona de um sal�o de beleza em Bras�lia, Marina Praia, entrou em contato com a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) para saber como proceder para garantir a seguran�a de clientes e empregados do empreendimento. Ela recebeu como orienta��o o uso de autoclave, um equipamento que esteriliza materiais met�licos, como a�o e inox, a altas temperaturas.
“Tomo todos os cuidados necess�rios para evitar as doen�as muito divulgadas, desde micose at� hepatites e outras doen�as mais graves”, explicou Marina.
Cada tipo de hepatite tem diferentes tipos de cont�gio, sintomas e tratamento. No caso da hepatite A, o tipo mais brando da inflama��o no f�gado, a doen�a � transmitida via oral, por meio de �gua ou alimentos contaminados. � um v�rus autolimitado, que as pr�prias defesas do corpo do portador conseguem combater. O principal sintoma � diarreia.
De acordo com a m�dica infectologista do Hospital Universit�rio de Bras�lia (HUB), Celeste Silveira, muitas pessoas contraem a hepatite A e n�o sabem que est�o contaminadas. Celeste explicou que o principal tratamento � repousar, para estimular as defesas do organismo.
As hepatites B e C s�o transmitidas sexualmente ou pela via sangu�nea. O cont�gio � feito por meio de sexo sem preservativo e do uso de materiais n�o esterilizados e de uso compartilhado – como agulhas, alicates e instrumentos cir�rgicos e odontol�gicos. Os principais sintomas s�o febre, icter�cia (aspecto amarelado na pele e nos olhos) e mal-estar. A faixa et�ria mais atingida por esses tipos � entre 20 e 39 anos.
A principal diferen�a entre os tipos B e C de hepatite � o risco de a doen�a se tornar cr�nica. Os sintomas s�o semelhantes, assim como o tratamento, feito com imunomoduladores – como o interferon – e outros antivirais administrados concomitantemente.
O objetivo do medicamento � estimular as defesas do paciente para que o sistema imunol�gico combata o v�rus. Segundo a m�dica, cerca de 70% dos casos de hepatite C n�o s�o curados e voltam a incidir. O que diferencia as hepatites B e C s�o testes laboratoriais.
A reincid�ncia da hepatite pode comprometer as fun��es do �rg�o e causar c�ncer ou cirrose – cicatrizes que se formam no f�gado, causando um endurecimento do tecido, prejudicando seu funcionamento.
N�o h� vacinas contra a hepatite A, tipo mais benigno da doen�a e mais incidente em crian�as. Para o tipo C, tamb�m n�o h� vacina. Contra a do tipo B, o Sistema �nico de Sa�de (SUS) oferece vacina, administrada em tr�s doses.
“Eu tomo muito cuidado na hora de fazer a tatuagem para n�o pegar doen�as e tamb�m tomo as vacinas recomendadas pelo governo. O profissional que n�o fizer isso pode contaminar a pessoa e se contaminar. Eu fiz um curso de preven��o contra doen�as e caso aconte�a algum acidente, sei quais procedimentos tomar at� chegar ao hospital”, disse o tatuador Bruno Pessoa, 38 anos.
Para evitar a contamina��o da hepatite C, a m�dica Celeste Silveira orienta para o uso de preservativos, a realiza��o de exames pr�-natais (para evitar o cont�gio de m�e para filho) e o n�o compartilhamento de materiais perfurantes descart�veis, como agulhas e seringas.
Para o tratamento por meio de acupuntura, a op��o � manter kit individual de agulhas. No caso de materiais cir�rgicos e odontol�gicos, deve ser feita esteriliza��o. Em sal�es de beleza, deve-se dar prefer�ncia ao uso individual de alicates e outros instrumentos. Em est�dios de tatuagem, deve-se observar se s�o usadas agulhas descart�veis.
“Eu fiz um treinamento que orienta [tatuadores] a trabalhar. Vi os riscos que corremos, todo cuidado � pouco. O curso serve para reduzir ou mesmo eliminar, os riscos de contamina��o especificamente na �rea de tatuagem. Hoje est� melhor para trabalharmos, h� no mercado os materiais descart�veis. O pre�o ainda � alto, mas � mais seguro”, informou o tatuador Cl�udio Ferreira, 38 anos.