O Brasil recebe esta noite (23) o 18º Congresso Internacional de Medicina Tropical e Mal�ria, que reunir� 2 mil cientistas de 59 pa�ses para debater os avan�os registrados no combate �s doen�as tropicais negligenciadas, que afetam em torno de 1 bilh�o de pessoas no mundo. Entre essas doen�as, est�o a mal�ria, doen�a de Chagas e do sono, leishmaniose, esquistossomose, dengue.
O Brasil e a Holanda s�o, at� o momento, os dois �nicos pa�ses que organizaram e sediaram o evento em duas ocasi�es, desde a primeira edi��o do congresso de medicina tropical, promovido em 1913, em Londres, na Inglaterra. Durante o encontro, que se estender� at� o dia 27, o chefe do Laborat�rio de Pesquisa em Mal�ria do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Cl�udio Tadeu Daniel Ribeiro, ser� o primeiro brasileiro a assumir a presid�ncia da Federa��o Internacional de Medicina Tropical (FIMT).
Em entrevista, Cl�udio Ribeiro salientou a import�ncia do congresso, tendo em vista que as doen�as tropicais negligenciadas acometem pessoas em �reas habitadas por popula��es pobres e com poucos recursos. “S�o doen�as de pa�ses pobres e de gente pobre. Elas trazem poucos recursos para a��es de controle, infelizmente, e para pesquisas. Por isso, s�o referenciadas como doen�as negligenciadas”, disse o pesquisador do IOC, que preside a comiss�o cient�fica do congresso.
Cerca de 40% da popula��o mundial correm o risco de contrair uma doen�a tropical negligenciada. � o caso da mal�ria, que registra 220 milh�es de casos no mundo e mais de 600 mil mortes por ano, segundo o especialista. O quadro mundial apresenta uma estimativa de 2,5 milh�es de pessoas com esquistossomose e cerca do mesmo n�mero com doen�a de Chagas. Grande parte das pessoas infectadas est� no Hemisf�rio Sul.
Ribeiro admitiu que esse cen�rio deveria preocupar as autoridades sanit�rias. “E essa preocupa��o tem que ser traduzida em prioriza��o de investimento para a��es de controle”. Isso envolve tratamento e diagn�stico. Se tratadas adequadamente, doen�as como a hansen�ase e a doen�a de Chagas, que levam em m�dia 20 anos e 30 anos para aparecerem os primeiros sintomas, t�m chance de cura muito alta, informou. � preciso, segundo ele, que haja recursos para o diagn�stico, pois os casos de mal�ria tratados nas primeiras 48 horas dificilmente v�o evoluir para uma forma complicada.
Para o pesquisador, � necess�rio tamb�m incluir os jovens nesse processo, de modo a estimul�-los a estudar as doen�as tropicais negligenciadas. Embora o Brasil venha investindo de forma crescente em pesquisa – atualmente, s�o 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) investidos em ci�ncia e tecnologia, contra 1,54% da China e 2,8% dos Estados Unidos –, o pa�s ocupa a 13ª posi��o do ranking mundial em artigos cient�ficos publicados, apesar de aparecer como a 6ª pot�ncia econ�mica mundial.
“Voc� v� que h�, de fato, uma decis�o pol�tica de investir em ci�ncia e tecnologia, e eu acho que � o que pode garantir um pa�s moderno”, disse. “Acho que podia ir melhor. Mas a gente est� indo bem”, completou