
Os criminosos retiram as aves de seus ninhos em troncos de �rvores enquanto elas ainda est�o nos ovos ou n�o t�m penas para voar. Um filhote de papagaio-verdadeiro � vendido aos traficantes, por sitiantes e trabalhadores rurais do interior do pa�s por cerca de R$ 30.
A ave � ent�o revendida ilegalmente pelos criminosos por R$ 150 em feiras do Sudeste do pa�s. O filhote tamb�m pode receber uma anilha falsa e ser vendido por at� R$ 1.000 - como se sua origem fosse um criadouro legalizado.
Al�m das aves, tamb�m s�o v�timas do com�rcio ilegal animais como cobras, peixes ornamentais, macacos em risco de extin��o e at� anf�bios - usados em pesquisas cient�ficas por ind�strias farmac�uticas.
S� neste ano, a Pol�cia Federal apreendeu em suas opera��es quase 14 mil animais silvestres. A maior parte deles p�ssaros - cerca de 13 mil. Apesar de variar muito anualmente, o n�mero de animais apreendidos pelo �rg�o vem crescendo. Em 2007, foram menos de 500 esp�cimes recuperados.
Os policiais dizem acreditar que o n�mero de animais apreendidos seja apenas uma pequena parte do n�mero de esp�cimes contrabandeados. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) - �rg�o respons�vel pela fiscaliza��o - foi procurado pela BBC Brasil para comentar o assunto, mas decidiu n�o se manifestar.
A maior parte dos animais silvestres apreendidos pela pol�cia foi capturada por criminosos nas regi�es Norte e Nordeste do pa�s, segundo o delegado Adalto Machado, da Delegacia de Repress�o aos Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrim�nio Hist�rico (Delemaph) da Pol�cia Federal (PF) de S�o Paulo.
Mas, segundo ele, um grande n�mero de animais tamb�m procede de estados como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paran� e at� do Uruguai. Depois de capturados por moradores locais, os filhotes s�o vendidos para traficantes que os escondem em carros de passeio.
Na viagem at� S�o Paulo, os animais enfrentam a superlota��o das gaiolas, o calor e �s vezes at� a falta de �gua e comida. Quando chegam ao local de revenda, os animais normalmente ficam escondidos em c�modos pequenos e sujos.
Cerca de 20% morrem na viagem ou at� dez dias ap�s terem sido apreendidos pela pol�cia, segundo a veterin�ria Liliane Milanelo, do Centro de Recupera��o de Animais Silvestres (Cras) do governo de S�o Paulo.
"Eles chegam [em centros de recupera��o] com elevado grau de estresse, algumas vezes com les�es permanentes, fraturas e olhos furados devido � aglomera��o. Chegam tamb�m desidratados, com desnutri��o e alguns animais em �bito, infelizmente", disse ela.
O delegado Machado afirmou que, segundo investiga��es da PF, uma parte dos animais silvestres que chegam a S�o Paulo � enviada ao exterior - principalmente para a Europa e para os Estados Unidos. As principais rotas de sa�da do Brasil s�o voos para Portugal e rotas terrestres que cruzam as fronteiras com a Argentina e o Uruguai.
Os animais que s�o recuperados pela pol�cia s�o enviados para centros especiais de recupera��o. Neles, s�o identificados, marcados e separados segundo esp�cies e idade. Recebem ent�o uma avalia��o cl�nica.
Segundo a veterin�ria Milanelo, os que est�o doentes passam por cirurgias ou tratamentos com medicamentos. Aqueles que est�o desnutridos ou estressados s�o submetidos a um processo de reabilita��o que inclui treinamentos para obter comida sozinho, voar - no caso das aves - e para evitar a aproxima��o das pessoas.
Os animais aguardam, ent�o, a forma��o de lotes para que sejam enviados em grupo aos seus estados de origem, onde s�o soltos na natureza. Contudo, segundo ativistas, o Ibama n�o tem capacidade para dar esse tipo de tratamento a todos os animais apreendidos. O �rg�o passa por um processo de descentraliza��o, mas ainda n�o tem locais de reabilita��o suficientes para atender � demanda.
Para tentar resolver o problema, credencia entidades estaduais ou privadas para receber os animais. O Cras de S�o Paulo � uma delas. Mas, embora seja uma das mais bem aparelhadas do pa�s, est� superlotada.
Com vagas para cerca de 1.500 animais, abriga hoje mais de 2.100. Cerca de 500 deles s�o fruto de uma �nica apreens�o da Pol�cia Federal realizada em outubro.