Uma menina de 17 anos saiu na noite de s�bado com o irm�o e o namorado em Parais�polis, na zona sul de S�o Paulo. Era madrugada de 12 de janeiro quando eles chegaram � Rua Melchior Giola, centro comercial do bairro. Policiais militares surgiram em cinco viaturas lan�ando bombas de efeito moral e de g�s lacrimog�neo, disparando tiros de borracha para obrigar o com�rcio a fechar. A menina se escondeu atr�s de uma �rvore e recebeu um disparo de bala de borracha no olho esquerdo, que a deixou cega.
O ferimento da menina foi um dos relatos entre 40 depoimentos apresentados � Secretaria da Seguran�a P�blica (SSP-SP) na semana passada descrevendo os abusos da Pol�cia Militar em Parais�polis. Segundo os moradores, desde novembro integrantes da PM entram nas ruas do bairro para estabelecer a lei do sil�ncio a comerciantes e jovens.
As acusa��es est�o sendo apuradas pela Corregedoria da PM e pela Delegacia Geral.
Em Parais�polis, conforme os moradores relataram ao jornal O Estado de S. Paulo, os procedimentos violentos come�aram depois que a PM encontrou, em outubro de 2012, uma lista com o nome de 40 policiais supostamente marcados para morrer. A lista seria uma ordem feita por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) durante a onda de ataques no segundo semestre do ano passado.
Com as incurs�es da PM, um dono de bar disse que passou a vender cerveja s� com fichas para evitar preju�zos. Os policiais soltavam as bombas e obrigavam todos a correrem sem pagar a conta. O mesmo problema foi enfrentado por donos de pizzarias e restaurantes da rua.
Anonimato
Ao contr�rio do que ocorreu outras vezes em Parais�polis, e do que ocorre tamb�m em outros bairros de periferia, agora os moradores se organizaram para tentar denunciar os abusos dos policiais. Os depoimentos, todos an�nimos, foram colhidos pela ONG Tribunal Popular. Eles tamb�m reuniram fotos e v�deos para levar � SSP. Foram ainda enviados os n�meros das placas das viaturas e o nome do principal oficial acusado das arbitrariedades. Na favela, o grupo de policiais violentos � conhecido como o “bonde do careca”.
A SSP-SP informou, por meio de nota, que j� havia determinado a apura��o imediata, tanto pela Pol�cia Civil quanto no �mbito da Corregedoria da PM, das den�ncias encaminhadas pelas entidades.