
O arcebispo de s�o Paulo, Odilo Scherer, de 63 anos, chefe da maior arquidiocese do pa�s com mais cat�licos do mundo e um forte candidato a ser designado papa, � um conservador moderado com um lado humano e fama de acess�vel e de bom administrador.
Na pr�xima semana, Scherer e mais de uma centena de cardeais se reunir�o secretamente na Capela Sistina do Vaticano para eleger um deles como sucessor do papa Bento XVI.
Scherer, brasileiro de origem alem�, � considerado um dos mais fortes candidatos da Am�rica Latina, assim como Leonardo Sandri, cardeal argentino de origem italiana que trabalha no Vaticano como prefeito da Congrega��o para as Igrejas Ocidentais.
O arcebispo acompanhou o Papa em grande parte da sua �ltima visita ao Brasil -- o pa�s com mais cat�licos do mundo, 123 milh�es numa popula��o total de 194 milh�es -- em maio de 2007.
"A melhor aposta"
"Eu diria que Scherer � a melhor aposta", afirmou o americano John Allen Jr, respeitado expert em Vaticano e autor de v�rios livros sobre a igreja cat�lica.
"Ele tem uma boa reputa��o e � admirado aqui (no Vaticano)", disse Allen recentemente ao jornal O Globo.
O padre Jos� Antonio Trasferetti, professor de teologia moral da PUC de Campinas, conhece Scherer muito bem.
"Fomos colegas de 1989 a 1991, onde fizemos juntos nosso doutorado em teologia", disse Trasferetti � AFP.
Scherer "tem todas as qualidades para ser um bom Papa", estimou o padre, que o descreveu como um "conservador moderado" em assuntos como doutrina e temas sociais.
"Ele tem a cabe�a aberta, � um bom comunicador e um bom administrador. � a pessoa certa para abrir um di�logo entre as v�rias fac��es dentro da Igreja", afirmou Trasferetti.
Segundo ele, Scherer conhece bem os problemas sociais de S�o Paulo, uma enorme cidade cosmopolita de 11 milh�es de habitantes onde supervisa par�quias com altos n�veis de pobreza, viol�ncia, desemprego entre os jovens e falta de servi�os b�sicos.
P�s-moderno
No site de sua arquidiocese e em jornais, o arcebispo de S�o Paulo exp�e regularmente suas opini�es sobre assuntos importantes. Tamb�m � muito ativo no Twitter e tem mais de 20.000 seguidores em sua conta @DomOdiloScherer.
No passado, ele criticou a Teologia da Liberta��o que nasceu na Am�rica Latina e foi marginalizada por Bento XVI por utilizar "o marxismo como ferramenta de an�lise", ainda que tenha apoiado sua luta contra a injusti�a social e a pobreza.
Scherer � um tradicionalista, preocupado com a crescente for�a das igrejas evang�licas no Brasil em detrimento do catolicismo.
Os crist�os evang�licos subiram de 26,2 milh�es (15% da popula��o) em 2000 para 42,. milh�es (22%) em 2010, enquanto a propor��o de cat�licos caiu para 63%, contra 73,6% em 2000.
No passado, ele criticou o estilo evang�lico do famoso padre Marcelo Rossi, fen�meno que j� vendeu milh�es de CDs, DVDs e livros.
"Os padres n�o s�o celebridades", disso Scherer em 2007. "A missa n�o deve transformar-se em um show".
Mesmo assim, Scherer assistiu em novembro passado � missa de inaugura��o do maior templo cat�lico do Brasil, ministrada por Rossi.
No in�cio de fevereiro, o cardeal Scherer indicou que a igreja cat�lica tem enfrentado desafios durante seus dois mil anos de vida, mas que agora precisa enfrentar a "p�s-modernidade".
O arcebispo se referia assim a "uma cultura sem valores de refer�ncia s�lidos" e a uma subjetividade "que leva ao relativismo total".
O brasileiro tamb�m estimou que a nacionalidade e a idade n�o devem ser fatores essenciais para eleger um novo Papa.
Scherer nasceu em 21 de setembro de 1949 numa fam�lia de origem alem� de Cerro Largo, uma cidade de 13.000 pessoas do Rio Grande do Sul no cora��o das miss�es jesu�tas guaranis.
Ordenado sacerdote em 1976, Scherer obteve um doutorado em teologia sagrada em Roma, em 1991.
Integrou a Congrega��o para os Bispos da C�ria Romana de 1994 a 2001 e foi secret�rio geral da Confer�ncia Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) de 2003 a 2007.
