A Igreja Cat�lica considera "criar uma mentalidade de viol�ncia" a posi��o favor�vel do Conselho Federal de Medicina (CFM) ao direito da mulher de abortar at� a 12ª semana de gesta��o. “Hoje grande parte das fam�lias brasileiras deve comentar esta posi��o e a mensagem que pode ser passada �s crian�as � que quando algu�m atrapalha pode ser eliminado, cria uma mentalidade de viol�ncia”, disse dom Jo�o Petrini, presidente da Comiss�o para a Vida e a Fam�lia da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O religioso disse que a Igreja reconhece que existem mulheres em situa��es dram�ticas - abandonadas pelo pai da crian�a, em situa��o de mis�ria e outras dificuldades -, por�m a entidade defende a cria��o de pol�ticas p�blicas que acolham essas gestantes.
“Apoiar o aborto � um atalho, � tomar o caminho mais f�cil. Mas esse problema demanda um esfor�o maior [do Estado]. Deveriam criar pol�ticas p�blicas que ofere�am condi��es de acompanhamento da gravidez. Caso contr�rio o risco � muito maior para a m�e e para a sociedade”, sustenta dom Petrini, que citou a ado��o como um ponto a ser debatido.
O CFM anunciou que vai enviar � comiss�o do Senado que analisa a reforma do C�digo Penal um documento em que defende o direito da mulher de abortar at� a 12ª semana de gesta��o. O conselho argumentou que defende a autonomia da mulher de levar ou n�o uma gravidez adiante. A entidade alega que o aborto � a quinta causa de mortalidade materna no Brasil, sobretudo entre mulheres negras e pobres.
Segundo dom Petrini, a mulher tem direito � autonomia sobre sua vida, mas n�o pode dispor da vida do filho, e que isso n�o � quest�o de f�. “Ele n�o � um amontoado de c�lulas como a unha ou o cabelo que se pode cortar, ele s� est� abrigado nela. Se preza a dignidade da m�e, mas esquecem da dignidade do beb�. N�o � quest�o de f�, � de avan�o cient�fico”, disse.
Atualmente, a legisla��o brasileira permite o aborto quando a gesta��o coloca em risco a vida da m�e e quando � resultado de viol�ncia sexual. Al�m dessas situa��es, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que gr�vidas de fetos com anencefalia tamb�m podem interromper a gesta��o, mas a decis�o n�o configura altera��o do C�digo Penal.