Aparecida, 12 - O presidente da Comiss�o Pastoral da Terra (CPT), d. Enem�sio Angelo Lazzaris, bispo de Balsas (MA), afirmou nesta sexta-feira que a reforma agr�ria ainda n�o se tornou uma prioridade de governo no Brasil, nem mesmo no governo de Dilma Rousseff, porque a bancada ruralista no Congresso parece mandar mais que o Executivo. "Continua a opress�o dos assentados e dos atingidos pelo impacto pelos grandes projetos do PAC, na �rea de mineradoras e de hidrel�tricas", afirmou o bispo em conversa com jornalistas na 51ª Assembleia Geral da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP). Segundo o bispo, 90% dos mandantes de crimes no campo n�o s�o condenados, mas absolvidos.
D.Enem�sio disse, adiantando dados do documento a ser divulgado no encerramento da assembleia, dia 19, que a viol�ncia na terra continuou e at� aumentou, desde o governo Jos� Sarney, de 1985 a 1989, at� os governos de Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff, na administra��o do PT. "Os conflitos de terra que foram 685 com 614 mil pessoas atingidas entre 1985 e 1989 subiram para 1757 conflitos e 992 mil pessoas atingidas no governo Lula e para 1.363 conflitos com 600.925 mil atingidos no governo Dilma", informou o bispo. A m�dia anual de conflitos foi menor durante o governo Fernando Collor - 445 conflitos e 432 mil atingidos - porque ele sofreu impeachment e governou apenas por tr�s anos.
Para o arcebispo de Mariana e ex-presidente da CNBB, d. Geraldol Lyrio Rocha, a quest�o da reforma agr�ria n�o est� sendo levantada por pol�ticos e partidos e, por isso, o documento dos bispos dever� soar como um grito daqueles que est�o pedindo socorro. "Esperamos que o documento chegue ao ministro da Justi�a e que seja bem acolhido pelo Executivo e pelos parlamentares", disse o presidente da CPT. A Igreja, disseram os bispos, continuar� apoiando os movimentos populares que lutam pela posse da terra. "Precisamos ouvir os gritos abafados dos sem-terra, dos ind�genas e das v�timas de trabalho escravo", disse d. Enem�sio.
Den�ncia
O bispo denunciou, conforme nota divulgada pela CNBB, que tem mantido contato com uma freira, cujo nome n�o revelou, que est� amea�ada de morte "por denunciar o tr�fico de seres humanos, sobretudo crian�as para serem adotadas para prostitui��o infantil, inclusive pedofilia e para extra��o e venda de �rg�os". D.Enem�sio lembrou que tamb�m est�o amea�ados de morte o presidente do Conselho Indigenista Mission�rio (Cimi), d. Erwin Krautler, bispo da Prelazia do Xingu, e d. Jos� Azcona, bispo da Prelazia do Maraj�, por lutarem contra a viol�ncia rural.
O presidente da CPT informou que tem acompanhado, na diocese de Balsas grupos de fam�lias acampadas que esperam assentamento em terras devolutas. "No Maranh�o, estamos lutando pela legaliza��o dos territ�rios ind�genas e quilombolas", afirmou. O Maranh�o, observou, tem cerca de 1 milh�o de hectares de terras griladas.