Os tr�s suspeitos de atear fogo e matar a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, durante assalto ao consult�rio dela, em S�o Bernardo do Campo, confessaram o crime. O menor E., de 17 anos, que far� 18 anos em junho pr�ximo, assumiu a responsabilidade de atear fogo na dentista. Ele disse que jogou �lcool no corpo da v�tima e come�ou a amea��-la com um isqueiro. Segundo a delegada Elisabete Sato, do Departamento de Homic�dios e Prote��o � Pessoa (DHPP), o adolescente contou o crime com frieza, como se estivesse contando o cap�tulo de uma novela.
Os demais envolvidos s�o Jonathan Cassiano Ara�jo, de 21 anos, que aparece em imagens de v�deo de uma c�mera de seguran�a de um posto pr�ximo ao consult�rio e teria dirigido o carro usado pela quadrilha; Vitor Miguel Santos da Silva, de 24 anos; e Tiago de Jesus Pereira, de 25 anos, que segue foragido e est� sendo procurado pela pol�cia. Um segundo adolescente, de 17 anos, foi detido por ter ajudado a esconder Vitor e o outro menor de idade e est� sendo investigado por participar de outros crimes praticados pelo grupo.
O menor E. disse que estava "isquerando" Cinthya para assust�-la, mas que acabou perdendo o controle e ateando fogo nela. De acordo com a pol�cia, os bandidos ainda tentaram apagar as chamas, elas sa�ram do controle e os criminosos acabaram fugindo. Com Vitor Miguel a pol�cia encontrou uma arma, que teria sido usada no assalto.
O crime ocorreu na quinta-feira. A dentista foi morta porque s� tinha R$ 30 na conta banc�ria, sacados por Jonathan, flagrado pela c�mera de seguran�a do posto de gasolina onde usou o caixa eletr�nico para fazer o saque. A confirma��o de que se tratava de Jonathan foi feita pela pr�pria m�e do rapaz, que esteve na delegacia depois de uma pessoa t�-la avisado de que ele aparecia nas imagens.
Os suspeitos foram detidos �s 3 horas de ontem por policiais do 20º Distrito Policial nas imedia��es da favela Santa Cruz, entre S�o Bernardo do Campo e Diadema. Eles estavam numa casa e n�o esbo�aram rea��o. Jonathan e o menor descoloriram os cabelos para n�o ser reconhecidos.
O delegado geral da Pol�cia Civil, Luiz Maur�cio Souza Blazeck, disse que o crime est� esclarecido. “Demos a resposta que a socidade esperava. O caso foi esclarecido”, afirmou Blazeck. Por sua vez, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que lamenta o envolvimento de um adolescente no assassinato da dentista. “Lamentavelmente, mais um menor (est� envolvido). A gente tem visto menores em crimes extremamente hediondos. Mais um menor, mas a pol�cia agiu r�pido", disse o governador, que classificou o crime como "grav�ssimo". Alckmin vem defendendo a mudan�a na legisla��o que trata da maioridade penal.
Quadrilha j� teria agido antes
A mesma quadrilha que matou a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza durante roubo, na quinta-feira, j� teria praticado entre seis e oito crimes, a maioria assaltos a consult�rios odontol�gicos na regi�o do ABC paulista, segundo informa��es da Pol�cia Civil. O grupo teria tamb�m realizado pelo menos um roubo a resid�ncia na Zona Sul de S�o Paulo.
“Refizemos a rota de fuga deles e procuramos testemunhas presenciais”, disse o delegado Waldomiro Bueno Filho, da seccional de S�o Bernardo do Campo, onde ocorreu o crime de quinta-feira, acrescentando que a quadrilha costuma utilizar uma arma prateada nas a��es. As pessoas ouvidas contaram ainda que nos assaltos anteriores o grupo foi violento e fez amea�as de atear fogo no corpo das v�timas com um isqueiro, atitude id�ntica � confessada pela quadrilha em rela��o ao assalto que levou � morte de Cinthya.
Os tr�s criminosos entraram no consult�rio da dentista enquanto ela atendia uma paciente e um deles disse que estava com muita dor de dente. Ela abriu a porta, e o trio anunciou o assalto. A v�tima, sem dinheiro na bolsa, entregou o cart�o banc�rio e a senha para dois dos criminosos. O terceiro continuou no consult�rio com a dentista. A paciente foi rendida e encapuzada.
Ao voltar, a dupla teria reclamado que na conta banc�ria da dentista havia somente R$ 30. Ap�s uma discuss�o, os criminosos jogaram �lcool e atearam fogo na v�tima, que morreu no local. Os tr�s assaltantes fugiram no Audi A3, dirigido por um quarto comparsa, segundo testemunhas.
A paciente disse � pol�cia que ouviu muita gritaria na recep��o do consult�rio, e gritos da v�tima apavorada. “Segundo ela, os bandidos disseram que n�o era a primeira pessoa que tinham matado e que n�o teriam problema em matar mais uma”, contou o delegado.
Solteira, a dentista morava com a fam�lia – pai, m�e e uma irm� – numa casa ao lado do consult�rio. A m�e ajudava a filha, marcando consultas dos pacientes. “A vida dela era o trabalho. Era uma menina de casa para o servi�o. A vida dela se resumia � nossa fam�lia”, disse a m�e da dentista assassinada, Risoleide de Souza. O corpo da dentista foi enterrado sexta-feira, no Cemit�rio da Vila Euclides. O vel�rio ocorreu com o caix�o lacrado.