Tira de cabelos brancos, o chefe dos investigadores Eraldo de Andrade, da 4.ª Delegacia de Delitos Praticados por Meios Eletr�nicos, de S�o Paulo, trabalhou 28 dos seus anos 59 anos atr�s de ladr�es nas ruas. Prendeu homicidas e integrantes do Primeiro Comando da Capital. Andrade olha para cima da mesa e aponta para um computador. "Nunca vi um ladr�o t�o bom como esse aqui."
Assim como j� ocorre em outros setores da economia formal, at� no universo do crime a internet e a tecnologia inovaram, tornando-se as armas mais eficazes e lucrativas dos ladr�es.
De cada R$ 100 roubados ou furtados de bancos no Brasil, pelo menos R$ 95 s�o fraudes eletr�nicas, feitas por internet banking ou cart�es, segundo a Federa��o Brasileira de Bancos (Febraban). No ano passado, essas fraudes provocaram preju�zos de R$ 1,4 bilh�o nos bancos.
J� os assaltos feitos por quadrilhas nas sedes dos bancos, com explos�es de caixas eletr�nicos, apesar de serem espetaculares, causaram preju�zos estimados em R$ 75 milh�es.
"Nos �ltimos cinco anos, o volume das transa��es eletr�nicas aumentou muito e os fraudadores aproveitaram. Os bancos est�o investindo em tecnologia para reduzir os riscos. No �ltimo ano, houve redu��o de 6,7% nas fraudes eletr�nicas, apesar de as tentativas terem aumentado 75%", diz Wilson Gutierrez, diretor t�cnico da Febraban.
Os ladr�es nerd ou os crackers, como s�o chamados os hackers que fazem o mal, s�o bem diferentes dos ladr�es de banco tradicionais. S�o de classe m�dia, estudaram e conhecem computa��o. Agem em diferentes estados brasileiros, em quadrilhas compartimentadas, que dividem as tarefas para dificultar a a��o da pol�cia.
Eles possuem diversas artimanhas para enganar os clientes dos bancos, instalando v�rus ladr�es nos computadores de terceiros ou direcionando as v�timas para p�ginas falsas na internet. Assim, os fraudadores obt�m os dados banc�rios da v�tima e desviam dinheiro para suas contas. Nessa modalidade de crime, os bancos arcam com preju�zos do cliente fraudado.
Cart�es
Tamb�m h� muitas fraudes eletr�nicas em cart�es de cr�dito e d�bito. Foi o que ocorreu com o consultor Marcelo Guzzard. Ao abrir a p�gina de seu banco, ele viu que tinha despesas em cart�es de cr�dito que chegavam a R$ 10 mil. "Mostrei que n�o eram minhas. Cheguei a ter o nome negativado, mas a situa��o se resolveu", conta.
A dificuldade de identificar o endere�o dos computadores bandidos � um trunfo dos ladr�es. Conv�nio feito pela Pol�cia Federal com a Febraban, que come�ou a repassar os dados das fraudes para facilitar a investiga��o, ajudou a diminuir a impunidade. Assim como a Lei Carolina Dieckmann, que endureceu com os criminosos virtuais depois que as fotos da atriz foram vazadas na internet.