Rio de Janeiro - A campanha "Rio sem preconceito", lan�ada, nesta quinta-feira, pela Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual da prefeitura do Rio (Ceds), levanta a discuss�o sobre a import�ncia do cidad�o na luta contra o preconceito. O lema da campanha deste ano �: "Eu n�o preciso ser negro para lutar contra o racismo, n�o preciso ser mulher para lutar contra o machismo, n�o preciso ser judeu para lutar contra o antissemitismo e voc� n�o precisa ser gay para lutar contra a homofobia".
Segundo a coordenadoria, a data de 15 de maio foi escolhida por estar pr�xima de comemora��es relevantes. O dia 13 de maio marca a aboli��o da escravatura e a luta contra a intoler�ncia racial e o 17, a luta mundial contra a homofobia.
Segundo o coordenador especial da Diversidade Sexual da prefeitura do Rio, Carlos Tufvesson, no primeiro ano, o foco da campanha foi esclarecer o que era preconceito, ano passado, um samba composto por Arlindo Cruz e Luana Carvalho chamou as pessoas para lutarem contra o preconceito e, este ano, a inten��o � destacar a participa��o do cidad�o.
"O racismo nos ofende como cidad�o e me agride como cidad�o. Eu tenho que interferir. Isso � um problema nosso. N�o preciso ser negro para ser contra o racismo. Da mesma forma que o machismo incomoda. As agress�es que crescem a cada dia � um problema meu sim, apesar de n�o ser mulher. Da mesma maneira que n�o precisa ser homossexual para lutar contra a homofobia. A cada 23 horas, morre um homossexual v�tima de crimes de �dio. Esses �ndices t�m aumentado a cada ano e todos n�s temos que fazer alguma coisa. � uma coisa que atinge o princ�pio da dignidade da pessoa humana", explicou Tufvesson.
Para Tufvesson, a campanha lan�ada hoje mostra como o papel do cidad�o como um agente transformador para uma sociedade melhor. "Isso s� acontece por meio da den�ncia do cidad�o exercendo a cidadania, n�o permitindo cenas de intoler�ncia e de preconceito na nossa cidade, no nosso pa�s. A pessoa que � homof�bica, � tamb�m racista e tamb�m tem intoler�ncia religiosa. O problema do intolerante � ele achar que o seu modo de vida tem que ser imposto a toda uma sociedade. Ele n�o respeita outra maneira de pensar. Imagina em um pa�s com tantos partidos, tantas religi�es, tantos times de futebol. A gente tem que fazer essa reflex�o", disse.
O conselheiro do Centro de Articula��o de Popula��es Marginalizadas (Ceap), Ivanir dos Santos, acredita que � importante a campanha ser t�o abrangente. "Uma campanha como essa ajuda a aumentar a consci�ncia da popula��o. Voc� levar o ser humano a ser solid�rio a qualquer segmento. N�o precisa passar pelo problema, precisa ter sensibilidade e entender os direitos de luta do outro ser", disse.
Santos disse que, do ponto de vista racial, apesar dos avan�os ocorridos no Brasil, ainda n�o est� satisfat�rio. Ele defende que as campanhas tenham sempre a fun��o educacional. "Para mudar uma mentalidade leva uma gera��o. � um trabalho que tem que ser feito desde as crian�as. A campanha � boa e eficiente, mas n�o consegue mudar do dia para a noite. Mudar valores n�o � f�cil. Quanto tempo se luta contra o antissemitismo e ainda se pega pessoas que s�o antissemitas? Isso mostra que tem que fazer um trabalho muito forte no campo da educa��o", disse.
Para o rabino da Congrega��o Judaica do Brasil, Nilton Bender, � relevante a ideia da campanha de fazer o p�blico perceber que brigar por todas as minorias � de interesse de todos, da democracia e dos direitos humanos. Na avalia��o dele, � uma qualidade que o Brasil tem de uma forma bem diferenciada. "Acho muito feliz porque sai do particular para o universal e convida as pessoas a terem o cuidado como se fosse relativo a elas mesmas. � uma maneira muito bonita de convocar todos. N�o � s� o interesse desses grupos que est� em jogo", analisou.