Porto Alegre, 11 - O Dia Nacional de Lutas das centrais sindicais paralisou nesta quinta-feira o transporte coletivo de Porto Alegre e, consequentemente, quase todo o com�rcio e os servi�os da capital do Rio Grande do Sul. Tanto o Sindicato dos Rodovi�rios como a Empresa P�blica de Transporte e Circula��o (EPTC), que coordena o tr�nsito da capital ga�cha, admitiram que todos os 1,7 mil �nibus deixaram de circular e de transportar 1,2 milh�o de pessoas.
Outros servi�os de transporte coletivo, como o trem metropolitano e os �nibus intermunicipais, tamb�m n�o funcionaram, interrompendo o fluxo de trabalhadores e estudantes em toda a regi�o. Sem a presen�a de trabalhadores e clientes, o com�rcio e os servi�os permaneceram de portas fechadas durante todo o dia no centro.
No cal�ad�o da Rua dos Andradas, apenas algumas lojas pequenas e farm�cias abriram as portas. Ao meio-dia, os poucos profissionais liberais e funcion�rios de escrit�rios que encararam o expediente porque se deslocaram em autom�veis pr�prios ou de carona tiveram de formar filas para almo�ar nos raros restaurantes que abriram suas portas.
O Sindicato dos Lojistas do Com�rcio (Sindilojas) estimou que s� 30% das lojas da cidade, a maioria nos bairros, funcionaram e, mesmo assim, com raros clientes dentro delas. Com a experi�ncia de quem atua h� 32 anos na �rea do tr�nsito, o presidente da EPTC, Vanderlei Capellari, admite que nunca havia visto uma greve levar � suspens�o total do transporte coletivo de �nibus.
Ao mesmo tempo, atribuiu a ades�o � greve a um "certo medo" que trabalhadores teriam sentido diante dos piquetes da madrugada e de falsas informa��es de que poderia haver depreda��es na cidade. Tanto a For�a Sindical quanto a Central �nica dos Trabalhadores (CUT) do Rio Grande do Sul avaliam que a paralisa��o dos motoristas e cobradores de �nibus foi decisiva para aumentar a ades�o de outras categorias � greve.
As centrais s� divergem quanto � mobiliza��o. A For�a atribui ao trabalho dos sindicatos da �rea, seus filiados. A CUT atribui � comiss�o de negocia��o formada por opositores dos dirigentes atuais dos sindicatos e � pr�pria base. "Al�m de motoristas e cobradores, pararam tamb�m os trabalhadores do com�rcio e dos servi�os", constatou o presidente da For�a Sindical, Claudio Janta, referindo-se �s consequ�ncias da falta de transporte.
Como desobedeceu determina��o da Justi�a, que exigia oferta de 50% dos �nibus nos hor�rios de pico, o Sindicato dos Rodovi�rios ter� de pagar uma multa de R$ 50 mil.
Diante da paralisa��o quase total da capital ga�cha, Janta destacou que "a sociedade tem interlocutor e a presidente (Dilma Rousseff) tem com quem sentar e negociar", referindo-se �s centrais sindicais e suas pautas espec�ficas como nova tabela do Imposto de Renda, fim do fator previdenci�rio e destina��o de 10% das verbas do or�amento para a �rea da sa�de, sem, no entanto, estabelecer compara��es com as recentes manifesta��es convocadas por jovens em redes sociais.
O presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo, reiterou que a pauta dos trabalhadores n�o se contrap�e � dos jovens, mas estava estabelecida desde 6 de mar�o, quando foi apresentada ao governo e ao parlamento, e pode levar a uma nova greve, em 11 de setembro, se n�o houver resposta at� l�.
A greve desta quinta-feira contou com alguns bloqueios de vias urbanas, feitos nas Avenidas Castelo Branco, Farrapos e Princesa Isabel. Como o movimento de ve�culos e pedestres era m�nimo, n�o houve congestionamentos e nem transtornos. Os sindicalistas e integrantes de movimentos sociais que participaram do movimento se concentraram em diversos pontos da cidade e caminharam at� o centro, onde promoveram atos p�blicos no final da tarde. N�o foram registrados incidentes.
Interior
No interior do Rio Grande do Sul, houve bloqueios de pelo menos dez trechos de rodovias, mas nenhum deles permaneceu pelo dia todo. Os maiores ocorreram em vias de acesso ao porto do Rio Grande, do Sul do Estado, cidades da regi�o metropolitana de Porto Alegre, Lajeado e Caxias do Sul.
Em Sapucaia do Sul, na regi�o metropolitana de Porto Alegre, um manifestante foi atropelado pelo ve�culo de um motorista que tentava passar pelo bloqueio e teve de ser encaminhado a um hospital. Em Eldorado do Sul, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) liberaram as cancelas de um ped�gio durante a manh�.