S�o Paulo, 19 - Nada de cruz de ouro, apetrechos dourados na roupa, sapato vermelho ou carros de luxo. A ordem � do papa Francisco, num esfor�o de trazer a Igreja mais pr�xima do povo. Mas, se as iniciativas causaram elogios, n�o s�o poucos os que se queixam: os “�rf�os” do papa em�rito Bento XVI, que aceitou e deu certo valor a ritos, ornamentos e imagens. Vendedores, comerciantes, alfaiates e at� uma prefeitura est�o hoje preocupados com as atitudes do novo papa, que j� significam preju�zos.
A austeridade deixa uma parte da economia das ruas pr�ximas ao Vaticano com saudade das �pocas de pompa. Francisco deixou de comprar e, com os duros recados, assessores, religiosos e dezenas de bispos optaram por seguir as palavras do chefe. Um dos afetados � o sapateiro que ganhou fama internacional ao fabricar os sapatos vermelhos que Bento XVI usava nos eventos importantes. O peruano Antonio Arellano mant�m, h� 15 anos, loja numa das ruas pr�ximas do Vaticano. “Acho que n�o ser� para esse (papa) que vamos vender”, admitiu.
Quem tamb�m n�o est� nada satisfeita � a ger�ncia da loja que h� s�culos fornece as roupas aos papas. Durante o conclave, os Gammarelli anunciaram que estavam pondo � disposi��o tr�s tamanhos de roupas. Mas Francisco foi taxativo no momento da nomea��o: “Acabou o carnaval”. Nada de vendas. O mesmo impacto foi sentido por lojas e fornecedores de arte religiosa e ornamentos - agora em queda.
Pior para Castel Gandolfo, que recebe papas desde o s�culo 19. Neste ano, Francisco j� avisou que n�o vai tirar f�rias de ver�o. A quest�o � que Castel Gandolfo vive da presen�a do pont�fice. Quando ele est� l�, a popula��o dobra, os hot�is lotam e a estadia garante a economia local por meses.
H� uma semana, a prefeita Milvia Monachesi n�o escondia o desespero e reiterava convites para o papa pelo menos visitar o local. S� numa loja mantida por duas argentinas em Castel Gandolfo n�o h� surpresa. “Ele (Bergoglio) foi sempre assim”, afirmou Cristina, uma das donas. “Chegava e pedia a camisa mais simples, a que menos chamava a aten��o.”