O papa Francisco, defensor de uma igreja mission�ria e pr�xima dos pobres, chega nesta segunda-feira a um Brasil atingido por um crescente descontentamento social, em plena transforma��o religiosa.
O papa argentino saiu de Roma nesta segunda-feira pouco antes das 09h00 (04h00 de Bras�lia). Fiel a sua reputa��o de simplicidade, chegou ao avi�o carregando ele mesmo sua bagagem de m�o, uma maleta preta.
"Chego ao Rio em algumas horas e meu cora��o est� cheio de alegria porque em breve estarei com voc�s para celebrar a XXVIII JMJ", a Jornada Mundial da Juventude, escreveu o papa em um tu�te em espanhol antes de iniciar a viagem.
O Papa presidir� a jornada, que ser� realizada de 23 a 28 de julho e que deve contar com a presen�a de 1,5 milh�o de pessoas, em sua primeira viagem � regi�o onde nasceu e viveu por quase toda a sua vida at� chegar ao trono de Pedro.
A cidade do Rio de Janeiro, por sua vez, j� come�ou a receber freiras e sacerdotes, al�m de peregrinos com camisetas e mochilas com as cores da bandeira brasileira.
Francisco, que defende uma Igreja austera, pr�xima dos pobres e do povo, intensificou sua agenda diante do an�ncio de v�rios protestos durante sua visita, insistindo em passear pelo centro do Rio em um papam�vel descoberto imediatamente depois de sua chegada, prevista para as 16h00 (hor�rio de Bras�lia).
O Vaticano afirma que o pont�fice n�o est� preocupado com os protestos e os especialistas afirmam que seu discurso de reforma de uma Igreja em crise, contra o desperd�cio e em defesa dos mais pobres, est� em sintonia com o dos manifestantes.
As opera��es de seguran�a, no entanto, contar�o com cerca de 30.000 militares e policiais.
--- Favela, viciados e Aparecida ---
Em seus sete dias no Brasil, o primeiro Papa latino-americano, de 76 anos, far� um discurso na praia de Copacabana, visitar� uma favela da cidade e tamb�m Aparecida, o maior santu�rio cat�lico do Brasil, se reunir� com presos, com viciados em crack, com os astros do futebol Pel�, Neymar e Zico e com milhares de peregrinos.
Durante sua reuni�o durante a noite com a presidente Dilma Rousseff no Pal�cio Guanabara, o grupo Anonymous Rio convocou via redes sociais um protesto contra os 53 milh�es de d�lares pagos pelos contribuintes brasileiros por sua visita e pela JMJ, enquanto os ateus protestar�o pelo mesmo motivo e convocaram um "desbatismo" coletivo.
O cansa�o com a corrup��o na classe pol�tica e com a p�ssima qualidade dos transportes, da sa�de e da educa��o p�blica levaram mais de um milh�o de brasileiros - sobretudo jovens da classe m�dia - a protestar nas ruas em junho, em plena Copa das Confedera��es.
--- Menos desperd�cio e melhores servi�os ---
Cat�licos brasileiros como Adilson de Sena, de 60 anos, que aluga cadeiras e barracas e vende bebidas na praia de Copacabana, convocam os governantes a seguir o exemplo de austeridade do Papa.
"Os governantes t�m que se sensibilizar com o Papa e investir mais no pa�s. N�o era preciso tudo isso", afirma Adilson apontando para o enorme palco onde Francisco dar� as boas-vindas aos jovens da JMJ na quinta-feira.
Edina Maria Pereira Lima, uma cozinheira evang�lica de 49 anos, sofre na pele v�rios dos problemas do pa�s: precisa fazer exames, mas n�o pode pagar um plano de sa�de e sua carteira foi roubada na semana passada.
"O governo est� colocando uma fachada para que o mundo veja o melhor do Brasil. Mas por tr�s desta fachada h� gente morrendo nos hospitais", lamentou enquanto passava o domingo na praia, junto ao palco que receber� o Papa.
Francisco aproveitar� a JMJ para refor�ar a tarefa mission�ria da Igreja e tentar revitaliz�-la na Am�rica Latina, seu maior feudo, mas onde perde espa�o h� tr�s d�cadas.
Cerca de 64,6% dos brasileiros s�o cat�licos, segundo o censo de 2010, contra 91,8% em 1970. E uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no �ltimo domingo indicou que eles atualmente representam apenas 57% da popula��o de 194 milh�es de habitantes.