
Muitos problemas, algumas respostas. Da interdi��o-surpresa no �ltimo fim de semana ao come�o da maior reforma de sua hist�ria de 123 anos, assim foram os �ltimos dias no Museu do Ipiranga (oficialmente chamado de Museu Paulista da USP). Em meio a croquis, laudos e uma intensa movimenta��o de t�cnicos e equipamentos, uma esperan�a: que o pr�dio volte a receber p�blico j� em 2014.
“Neste momento, toda a nossa equipe est� concentrada na manuten��o emergencial e no planejamento dos pr�ximos passos. Mas imagino que, a partir do ano que vem, o museu comece a reabrir, gradualmente. No in�cio, algumas alas”, adianta a diretora da institui��o, Sheila Ornstein. “Vai ser interessante que os visitantes tamb�m possam acompanhar o processo de restauro.” A USP reservou R$ 21 milh�es para a obra no cart�o-postal paulistano tombado pelas tr�s esferas de prote��o ao patrim�nio - federal, estadual e municipal.
A interdi��o seria s� em outubro, mas foi antecipada emergencialmente ap�s laudo apresentado pela empresa VK Arquitetura e Restauro � diretoria do museu no �ltimo dia 2. Conforme o Estado mostrou em novembro de 2012, peda�os de reboco da fachada j� estavam caindo e o forro de um dos principais sal�es havia cedido mais de 10 cent�metros. “Constatei que havia problema semelhante no forro do sal�o nobre (onde fica o quadro "Independ�ncia ou Morte", de Pedro Am�rico) e recomendei o fechamento desse espa�o”, conta a arquiteta Vanessa Kraml, autora do laudo. A diretoria preferiu a cautela e interditou todo o pr�dio.
De l� para c�, foram reuni�es e mais reuni�es. No pr�prio domingo, a diretora Sheila conversou com o reitor da USP, Jo�o Grandino Rodas. Na segunda, debateu a quest�o com o superintendente de Espa�o F�sico da USP, Rog�rio Bessa. Reuni�es com a vice-diretora do museu, Solange de Lima, e com a supervisora de conserva��o, Teresa de Paula, passaram a ser constantes. Dos 90 funcion�rios, 45 foram realocados em um im�vel alugado na regi�o.
Na noite de quarta-feira, a diretoria emitiu um comunicado aos funcion�rios, informando da contrata��o “imediata” do escoramento dos forros e do servi�o de estancamento da entrada de �gua nos telhados e claraboias. A previs�o � que o acervo continue dentro do pr�dio. O "Independ�ncia ou Morte", com mais de 30 m², � fixado na parede e a famosa maquete da S�o Paulo antiga tamb�m n�o pode ser removida. Por isso, ser� contratada uma empresa especializada para proteger essas obras.
Do lado de fora, o trabalho j� come�ou. No dia 15, a equipe do Est�dio Saras� montou um laborat�rio de campo em dois cont�ineres nos fundos do museu. Eles devem apontar todas as patologias da fachada. Os t�cnicos t�m at� um pequeno drone (ve�culo a�reo n�o tripulado) para colher imagens da cobertura do museu.
“O problema � que este pr�dio precisa respirar”, diz o conservador e restaurador Antonio Saras�. Ele refere-se a um problema decorrente da �ltima pintura, do in�cio dos anos 1990. A tinta usada, de l�tex, � inadequada, j� que criou uma camada sint�tica. �gua da chuva se acumula em falhas da pintura e os tijolos se desmancham.
Mas este n�o � o �nico problema encontrado. Saras� adiantou ao Estado informa��es que devem constar em seu laudo, a ser conclu�do at� o fim de 2013. Ele j� apurou que os 50 holofotes que circundam o pr�dio, iluminando-o todas as noites, t�m um tipo de l�mpada impr�prio. “Isso est� danificando a argamassa e favorecendo a prolifera��o de fungos.”
Ap�s monitorar as varia��es de temperatura no pr�dio, ele tamb�m chegou a uma das causas das rachaduras: os materiais diferentes e exposi��es distintas ao sol fazem com que as varia��es de calor sejam de 26ºC a 70ºC ao mesmo tempo. “Precisamos utilizar uma argamassa flex�vel, que amorte�a essas dilata��es”, explica o qu�mico Luiz Prado, consultor da equipe. T�cnicos est�o esquadrinhando todo o pr�dio em busca de imperfei��es: as an�lises s�o feitas a cada 4 cent�metros quadrados. Parte do material � estudada ali mesmo, nos laborat�rios de campo.