A Unidade B�sica de Sa�de (UBS) do bairro Grande Vit�ria, na periferia da capital amazonense est� em funcionamento, mas nem todos os atendimentos previstos podem ser feitos no local pois o �nico m�dico da equipe est� afastado, com problemas de sa�de. Segundo funcion�rios, at� agora n�o houve substitui��o pois n�o h� profissional dispon�vel.
"A secretaria [Municipal de Sa�de] informou que n�o tem m�dico para colocar no lugar dele. Aqui a equipe era completa, mas algumas unidades foram desativadas h� anos porque n�o tinham nem m�dico, nem enfermeiro", contou � Ag�ncia Brasil uma funcion�ria que pediu para n�o ser identificada.
Na UBS, que responde pela aten��o � sa�de de cerca de 3,5 mil moradores do bairro, um enfermeiro atende os casos mais simples, como dores de cabe�a ou abdominais. Se o motivo da procura � um pouco mais grave, como complica��es associadas � hipertens�o ou a diabetes, que correspondem juntamente com as doen�as end�micas, como a mal�ria, � maior parte das demandas, o paciente � orientado a buscar atendimento em um posto de sa�de que tenha m�dico especialista ou em um hospital da regi�o.
"O problema, quando isso ocorre, � que sobrecarrega ainda mais os hospitais, que j� costumam ter fila. Al�m disso, para ir at� algumas unidades, tem que pegar �nibus e muitas vezes as pessoas aqui do bairro dizem que n�o t�m dinheiro para isso", acrescentou a funcion�ria.
A empregada dom�stica Tamar da Silva Santos, de 52 anos, mora no bairro Grande Vit�ria. Hipertensa, ela disse que a falta de m�dico no local j� dura mais de uma semana, diferentemente do que informaram os funcion�rios da unidade. Segundo ela, h� pelo menos dois meses n�o consegue marcar consulta para avaliar seu quadro de sa�de e pegar a medica��o de que necessita.
"Desde maio eu pelejo para marcar uma consulta aqui mas n�o consigo porque eles dizem que n�o tem m�dico. J� fui a outros postos, como o Alfredo Campos, e tamb�m n�o consegui. A gente vai de madrugada, arriscando a vida e n�o consegue marcar. Enquanto isso, tomo rem�dio caseiro [para controlar a press�o arterial] ", contou Tamar.
Em outro bairro da periferia de Manaus, Nova Floresta, funcion�rios dizem que o desfalque na equipe � na �rea de enfermagem. Na unidade, trabalham um cl�nico geral, dois t�cnicos em enfermagem, um agente de endemias e sete agentes de sa�de, que fazem a cobertura de uma �rea onde vivem aproximadamente 1,5 mil fam�lias de baixa renda. Quando a reportagem chegou ao local, no entanto, �s 16h, o m�dico j� havia encerrado as atividades e n�o estava mais no posto.
De acordo com relatos dos funcion�rios, a equipe � dedicada e se esfor�a para manter o local organizado e limpo, mas precisa contornar limita��es f�sicas para atender os pacientes. Em um im�vel de aproximadamente 50 metros quadrados, os c�modos t�m mais de uma fun��o: na sala de espera, tamb�m s�o feitos curativos e at� retirados pontos enquanto o consult�rio � usado pelo m�dico para atender e medicar a popula��o. A farm�cia improvisada ocupa uma parede no mesmo c�modo em que est� montada a copa, dividindo o espa�o com uma pia e uma geladeira. Os medicamentos ficam armazenados em uma estante com prateleiras de madeira, sem qualquer refrigera��o, onde se registram temperaturas elevadas na maior parte do ano.
"O ideal seria que tiv�ssemos um lugar adequado, com refrigera��o ou menos calor. Aqui, faz 39 graus [Celsius] com facilidade", disse Elinete Souza, t�cnica em enfermagem. Ela tamb�m contou que, como s� h� uma pia no local, as m�scaras de inala��o usadas principalmente em crian�as com problemas respirat�rios, s�o higienizadas no mesmo lugar em que se lavam lou�as.
A Secretaria de Sa�de de Manaus admite as condi��es inadequadas de atendimento em muitas unidades de aten��o b�sica, algumas com apenas 32 metros quadrados. Para tentar melhorar a situa��o, o secret�rio Evandro Melo informou que o governo federal repassou ao munic�pio R$ 85,3 milh�es para constru��o de 40 UBSs, reformar outras 45 e ampliar 28 unidades b�sicas de sa�de.
Ele acrescentou que Manaus aderiu ao Programa Mais M�dicos e espera receber 57 profissionais. A expectativa � que, com isso, at� 2016 a cobertura da aten��o b�sica aumente dos 37% atuais para 70% da popula��o, atingindo 1,4 milh�o de habitantes. Os demais 30%, segundo levantamento da prefeitura, contam com algum tipo de plano de sa�de privado.